‘A a Z do Futebol Nacional’ – 2015

Chegados ao epílogo do ano, é a altura de rever de A a Z alguns dos acontecimentos e personalidades mais marcantes do futebol em 2015 a nível nacional.

A - APAF
Estalou o verniz: decorria fevereiro quando Fontelas Gomes trouxe à ‘praça pública’ agressões a oito árbitros, repudiando completamente “os comportamentos violentos no futebol”. As insinuações dos vários dirigentes foram uma constante durante o ano – to be continued –, com Marco Ferreira a deixar marc(AS), enrubescendo uma fogueira já por si quentinha.

B - Bicampeão, 31 anos depois
Hegemonia quebrada, hierarquia partilhada. Três décadas (também) de um quinteto – a serventia dos trapos – que recolheu parte sintomática dos louros (nomeiem-se, para já, Júlio César, Luisão e Lima) de uma conquista histórica, sopitando a chama de um Dragão com rotinas ganhadoras.

C - Caixa de Futebol Campus, a promessa do baú
Os ventos, afinal, também recuam. Vieira engrenou (finalmente) a mudança – alerta RV - e as pérolas atingiram a ‘red line’ na pista da Luz: Guedes, Semedo e Sanches, cada um com as suas particularidades, são os rostos de uma ‘nova era’.

D - Doyen: o sustentáculo dos fundos desportivos
Abril ‘revoltas’ mil. A proibição de partilha de passes entrou em vigor no quarto mês do ano e, desde logo, várias entidades se insurgiram (entre elas, Benfica e Porto). É estratosférica a quantidade de atletas que chegaram a Portugal com o vínculo ‘repartido’ – Marcos Rojo foi um deles, não foi?

E - Esperanças e o melancólico fado
Talento puro, desventuras habituais. A seleção de sub-21 exibiu-se a grande nível na República Checa – garimpar consta no léxico de Rui Jorge – e saiu do Campeonato Europeu somente na ‘lotaria’ das grandes penalidades. Diz-se por aí que o futuro está assegurado…

F - Football Leaks
Um explosivo ‘from nowhere’ que, aparentemente, pretende desmistificar o lado obscuro do futebol e cujo destinatário principal parece ser o Sporting. O organismo trouxe à baila documentos de várias ordens, entre os quais o contrato (integral?!) de JJ, “Caça ao Sponsor” ou propostas negociais por André Carrillo.

G - Guerrilhas ‘B(run)élicas’
Um nome incontornável de 2015 é, sem sombra de dúvida, Bruno de Carvalho. Um sem número de comunicados e conferências de imprensa, a juntar a uma presença hermética no programa ‘Prolongamento’. Formou com Pedro Guerra uma das duplas ‘spoiler’ do ano.

H - Helenização portuguesa
Portugal garantiu presença no Euro’16, por via de um futebol pragmático, ‘resultadista’ e/ou helénico. Fernando Santos revolucionou o grupo: fez regressar ‘velhas raposas’, deu espaço a novos valores e, acima de tudo, garantiu estabilidade. Trouxe um registo ganhador, mas não dominador. Presságios fleumáticos para o Europeu?

I - Iker Casillas, o próprio.
Um golpe de teatro! A bomba rebentou no defeso, com o icónico espanhol a rumar a urbes lusitanas, assumindo-se como o jogador de maior projeção mundial a atuar no Campeonato português, desde sempre. As audiências da competição por certo aumentaram, especialmente por terras vizinhas. 

J - Jorge Jesus, ‘O marido da outra’
Digno de novela mexicana. O obreiro do 34º título do Benfica deixou o ‘mais-que-tudo’ e abraçou, imagine-se, o projeto arquirrival. Há teses diversificadas: regresso ao clube do coração, desafio estimulante ou ‘caché’ quantioso. Indubitável é que veio reacender, como há muito não se via, uma rivalidade histórica. Temos campeonato!

K - Kit Cortesia
Uma questão levantada por BDC, que se tornou alvo de escrutínio público. Jantares, visitas ao Museu Cosme Damião e camisolas oficiais do clube são os produtos contemplados num pack que, recorde-se, não pode ascender aos 180 euros (segundo normas da UEFA).

L - Lopeteguização
Síndrome concebido pelo espanhol, enraizado em premissas interpoladas. Os frutos colhidos, para já, não atingiram a devida maturação. Os subterfúgios começam a soar a ‘esfarrapado’, com a eliminação precoce na liga milionária a exasperar os portistas. A liderança natalícia pode servir de bálsamo, resta perceber a que prazo…

M - Mr. Money in the Bank, Maxi Pereira
Oito anos de águia ao peito, braçadeira de capitão e o epíteto de ‘jogador à Benfica’. Eis o que Maxi negligenciou, em troca de um contrato milionário. “Todos os homens têm um preço” e o uruguaio parece ter descoberto o seu. Ou será uma questão de ‘mimo’?

NOS/PT, os negócios euro milionários
Rivalidade a transgredir as quatro linhas: dois negócios que envolvem a astronómica quantia de quatrocentos milhões de euros (mais “coisa”, menos “coisa”). Se a centralização dos direitos televisivos já se assumia bicuda, agora não passa de uma utopia.

O - Olá, amigo Octávio!
Crispações para trás das costas, trabalho em prol de um clube, aperto de mão. Octávio Machado é um dos rostos do Sporting 2015-2016. A função? Servir como colete de balas ao timoneiro, JJ. Missão cumprida? O tempo o dirá. E uma analepse? Quase 3000 dias sem um título, um grito de euforia. Ao leme de Marco Silva o Sporting voltou a levitar, mas o paraquedas do timoneiro fugazmente se despenhou.

P - Pedro Proença, ‘The strongest man’
Predito a grandes feitos, predito a grandes cargos. O ex-melhor árbitro do mundo assumiu funções na Presidência da Liga em julho passado e, desde então, tem-se assistido a um corrupio de propostas inovadoras (viabilidade numa Liga Ibérica?) e de críticas (a NOS provocou-lhe um autêntico embaraço perante os clubes de menor dimensão).

Q - Quim Machado, o poético
Ano de sonho para o técnico tirsense. A primeira metade de 2015 trouxe-lhe o título da II Liga, ao passo que no segundo semestre tornou o Vitória de Setúbal – supostamente condenado ao último terço da tabela – a equipa sensação. Feitos alcançados através de um futebol dinâmico e, por vezes, rendilhado.

R - Rui. Vitória?
Uma transição que, segundo muitos, o treinador já merecia. O seu trajeto na Luz tem sido marcado pela inconstância: perda da Supertaça, perda de todos os clássicos e 5 pontos da liderança. RV tem arfado, retirando dividendos (somente) no apuramento para a fase seguinte da LC. A aposta em jovens talentos pode ajudar a apaziguar uma (hipotética) época não titulada.

S - Slimani, o anti poeta
Não só de poema se faz o futebol. O argelino teve uma evolução brutal desde a chegada a Portugal e 2015 foi, provavelmente, o ano do clímax. Parece capaz de ultrapassar a fasquia dos 15 golos (na Liga), o que pode ser um auxílio precioso na luta pelo título.

T - Trilogia Cabovisão 80’s
Insólito! Chaves de confettis e champanhe em punho, o título a resquícios temporais e um regresso histórico a ganhar forma. Golo do Tondela (94’), equipa beirã na primeira posição e os flavienses no último lugar do pódio. Agradece o União da Madeira. O Sp.Covilhã ainda sonhou. O futebol é assim…

U - Under age: mística azul e branca (c/Rúben Neves)
Um ‘case study’. Rúben Neves estreou-se com a camisola azul e branca com apenas 17 anos, foi capitão aos 18 e é hoje um dos rostos mais vincados da tão famigerada ‘mística’ portista. Um jogador de futebol, um produto de marketing!

V - Vinte milhões, o negócio record!
Inter, Valência ou Tottenham? FC Porto, o destino de Imbula. A equipa da invicta abriu os cordões à bolsa – não se sabe ao certo os contornos do negócio – e fez da transferência do jovem francês a mais cara do futebol luso. Expetativas goradas, até ao momento.

W - William Carvalho
O centro-campista leonino não pautou as exibições com os acicates que outrora habituou os amantes do desporto-rei. Apesar disso, foi consagrado o melhor jogador do Europeu de sub-21 e continua a manter intactas as pretensões verde e brancas de uma transferência recorde (30M parece um valor possível).

X - Xeque-mate 33: a história de Jonas
De dispensado no Valência a símbolo do Benfica. O ponta de lança brasileiro chegou, viu e venceu, logrando 20 golos na Liga (a somar aos 13 da presente época) e o título de “MVP” do Campeonato. Lima agradece a conivência… E Mitroglou?

Y - Young portuguese class
Uma pirâmide e um J. O menino-prodígio da Capital do Móvel fez o povo abstrair-se da elite tripartida e tornou-se numa das referências da equipa pacense, com apenas 19 anos. Aliando quimera a super cola, Diogo Jota pode tornar-se um nome a reter. (Alerta Horta e André Moreira)

Z - Zurda Maravilla
Nuno Matos descreve-o como Nico “Picasso” Gaitán e as suas obras corroboram a asserção. Provavelmente nunca irá pontificar num colosso europeu, mas o seu nome ficará eternamente indigitado no clube encarnado. Um ás de trunfo decisivo na conquista do título.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Renato Santarém

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