Quem se sagrará Campeão do Mundo de Estrada na prova de fundo (Tony Martin fez o tri no CR)? Quais as possibilidades de Rui Costa no próximo domingo? Concorda com a convocatória portuguesa?

Durante esta semana, de 22 até 29 de Setembro, realizam-se em Florença, Itália, os Campeonatos do Mundo de Ciclismo na vertente de Estrada. O Campeonato do Mundo de Estrada divide-se em provas de fundo e de contra-relógio. Há uma prova de contra-relógio por equipas aberto às equipas World Tour (onde venceu a Omega Pharma Quickstep), e provas de contra relógio individual (Tony Martin venceu pela 3ª vez consecutiva) e de fundo abertas às seleções nacionais nas diferentes categorias etárias, em masculinos e femininos.

Das provas já realizadas, para além do já citado CR por equipas e do CR individual (Tony Martin venceu, Wiggins foi 2º, Cancellara fechou o pódio, enquanto que o português Nélson Oliveira acabou em 15º), destaque para a vitória sem espinhas para o australiano Damien Howson no CRI em Sub 23 com outro australiano na quarta posição, e o português Rafael Reis em 34º; para a vitória do belga Igor Decraene, um júnior de 1º ano, na prova de CRI do seu escalão, com os portugueses Gaspar Gonçalves e César Martingil em 47º e 77º respetivamente; e para a vitória sem surpresas de Ellen van Dijk na prova Elite Feminino de CRI, dando à Holanda a oportunidade de bisar se a super campeã Marianne Vos mantiver o título mundial na prova de fundo.

No entanto os holofotes estarão todos virados para a prova de fundo dos Elites masculinos, sobre os quais recai a quase totalidade do aparato mediático durante a época desportiva, o que aqui naturalmente também se reflete. É a ela que corresponde grande parte da mística construída à volta dos Campeonatos do Mundo no Ciclismo, que foi construída à volta do direito que o vencedor adquire de ostentar, durante um ano, a camisola arco-íris. Isto cria a nuance, em relação a outros desportos, de as medalhas passarem na prova de fundo claramente para um segundo plano. Trata-se, portanto, de uma corrida pela camisola, e não tanto de uma corrida pelas medalhas, o que a torna ainda mais interessante. De facto, queremos acreditar que nenhum favorito trocará a possibilidade da vitória, pela segurança de um terceiro ou quarto lugar.

O percurso é o mais duro dos últimos anos. Os 272 Km da prova são contam com um circuito final de 16Km, onde se decidirá a corrida inclui uma rampa de 600m@10,6% e uma subida 4.370m@5,2%, o que dificulta o controlo da corrida e abre a sua discussão a corredores com características tão distintas como Cancellara, Gilbert, Sagan, Nibali, Froome ou Rui Costa. A árdua tarefa de apontar um trio de favoritos têmm mostrado alguma consistência os nomes de Peter Sagan (Eslováquia), Fabian Cancellara e Vincenzo Nibali (Itália). Sagan seria à partida o grande favorito, mas não conta com uma equipa à altura da dos rivais, o que poderá desgastar o eslovaco. Nibali corre em casa, reconheceu o percurso com o selecionador Bettini e tem uma das equipas mais fortes exclusivamente dedicada. Ainda assim, precida de uma corrida tacticamente irrepreensível para não chegar à linha de meta com a companhia de alguém mais rápido. Cancellara vai ser a roda mais marcada, pois a hipótese do corredor suíço ganhar 10m de vantagem na fase de discussão poderá ser o suficiente para entregar a camisola. No entanto, Cancellara também pode ser explorado no seu único meio ponto fraco, o sprint, e a verdade é que já o vimos perder corridas quando era indiscutivelmente o homem mais forte em prova, como na Milão San Remo que perde para Gerrans, ou na Volta à Flandres que perde para Nuyens.

Tudo isto representa que, afinal, o mais provável é mesmo ganhar algum outro corredor entre a vintena dos que não sendo favoritos, têm capacidade de vencer o título. Pensamos em nomes como o do trio espanhol Valverde, Purito e Contador, de Froome (RU), Evans ou Gerrans (Australia), Urán ou Quintana (Colômbia), Gesink ou Mollema (Holanda), Kolobnev (Rússia), Stybar (Rép. Checa), Gilbert ou Van Avermaet (Bélgica), Vichot (França), Van Garderen (EUA) etc. Ora, neste lote, entrará com legítimas aspirações o português Rui Costa, escudado por Tiago Machado e André Cardoso. Assim, se à disponibilidade física que Costa deu bons sinais nas clássicas do Canadá e à sua fantástica leitura de corrida, o português juntar um alinhamento astral favorável, quem sabe se não teremos, pela primeira vez um português a correr de arco-íris.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Luís Oliveira

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