Portugal perde na Rússia: exibição fraca, pouco inteligente e selecção novamente a correr atrás na qualificação

Rússia 1-0 Portugal (Kerzhakov 6´)


Portugal perdeu pela primeira vez frente à Rússia (enquanto nação independente), numa partida que começou mal e nunca se endireitou. Um erro de Micael permitiu o golo de Kerzhakov e, embora Portugal tivesse estado mais sobre o meio campo russo (e com mais posse de bola), as oportunidades de golo foram escassas, bem como as jogadas com princípio, meio e fim (nem que fosse um remate disparatado). Portugal foi pouco inteligente e, com excepção de Pepe e Bruno Alves, não se viu uma exibição positiva (Rui Patrício apenas foi posto à prova por uma ocasião). Portugal ainda depende de si para chegar ao Mundial 2014, mas terá que aplicar goleadas (o 1º critério de desempate é a diferença entre golos marcados e sofridos, em todos os jogos do grupo). 

A partida começou praticamente com o golo dos russos. Portugal estava a sair bem da pressão russa, mas Ruben Micael, com um mau passe, descompensou toda a defensiva nacional. Shirokov recebeu a bola e isolou Kerzhakov de pronto, que não perdoou frente a Rui Patrício. A selecção nacional respondeu bem, com Cristiano Ronaldo e Bruno Alves a colocarem Akinfeev à prova (duas defesas complicadas), mas ficou-se por aí. Maior posse de bola e ocupação do terreno adversário, mas pouca inteligência e qualidade do meio campo para a frente. Nani tentava desequilibrar pela direita, contudo, não conseguia fazer um cruzamento de nível. Até ao intervalo, apenas um desvio de Ignashevich levou perigo para a baliza russa. O início de segunda parte, trouxe uma Rússia mais perigosa, mas sem grandes ocasiões de golo. Perto dos 60´, surgiu a melhor jogada de Portugal, com Nani a servir João Pereira, que cruzou para o desvio de Ronaldo (Ignashevich cortou aquilo que seria o golo de Portugal). A selecção nacional já se tinha voltado a encontrar na partida e Ruben Micael e Postiga tiveram boas oportunidades para visar a baliza russa, mas não conseguiram rematar com qualidade. Aos 66´, Glushakov apareceu com perigo na área portuguesa, com Patrício a resolver e, no minuto seguinte, Varela entrou na partida. Foi precisamente a partir desse momento que Portugal voltou a decrescer na partida. A selecção russa tinha o jogo controlado e foi aparecendo com maior qualidade na frente de ataque. Kokorin esteve perto do golo (grande defesa de Patrício), enquanto do outro lado pouco mais se viu até final do jogo.

Destaques:

Portugal - A selecção nacional vai novamente correr atrás de um adversário na fase de apuramento para o Mundial. Mais uma vez viu-se pouco futebol (tal como no Luxemburgo), desorganização e pouca dinâmica. Houve bons momentos onde Portugal conseguiu recuperar rapidamente a bola e pressionar os russos, mas foi só fogo de vista, pois a criar perigo ou a rematar, não se viu nada (Akinfeev apenas fez duas defesas complicadas). Agora a questão é: onde está aquele Portugal do Euro 2012? A resposta é fácil, pois a selecção nacional tens jogadores de nível mundial, dá a iniciativa ao adversário e explora muito bem as transições ofensivas (frente ao Luxemburgo, Azerbaijão e Rússia isso não acontece).

Rússia - Três jogos, três vitórias, 7 golos marcados e 0 golos sofridos. Não poderia começar melhor a carreira de Capello à frente da selecção russa. Os russos foram sempre mais disciplinados, mais personalizados e competentes em todas as acções do jogo, principalmente nas transições ofensivas.

Cristiano Ronaldo/Nani - Noite pouco inspirada dos dois tecnicistas da selecção nacional. Se Nani ainda conseguiu alguns dribles e lances de destaque (embora tenha pecado, e muito, na forma como terminou muitas das jogadas), Ronaldo passou completamente ao lado do encontro (principalmente quando segurava a bola por mais tempo). O craque português esteve nos 2 melhores lances, mas não conseguir driblar um adversário em 90´ não abona nada a alguém que tem legítimas ambições de ser o melhor do Mundo em 2012.

Bruno Alves/Pepe - Poderão ter as suas responsabilidades no golo russo, mas foram os melhores elementos da selecção nacional. Perante Kokorin ou Kerzhakov, a dupla portuguesa soube sempre resolver, numa partida difícil para qualquer defesa central (a Rússia não criou mais perigo em parte pelo trabalho dos dois jogadores).

Miguel Veloso/João Moutinho - A primeira fase de construção do jogo de Portugal passava pelos pés dos dois médios, que rubricaram uma exibição negativa. O esquerdino teve alguns lapsos de concentração e não teve sucesso nos lançamentos longos, enquanto Moutinho nunca se adaptou ao estado do terreno (zero desequilíbrios).

Hélder Postiga - Exibição muito fraca do avançado português. Para além de estar bem marcado pela defensiva contrária, nos momentos em que se conseguiu libertar, ou rematou com pouca força ou fez um mau domínio.

Ruben Micael/Varela - O médio centro fez uma partida de baixo nível, com claras responsabilidades no golo russo. Não foi só por aí que a sua exibição ficou manchada, pois foi incapaz de fazer um passe com qualidade ou recuperar bolas. Varela foi novamente arma de Paulo Bento, mas entrou muito mal na partida (não criou desequilíbrios e não se adaptou ao terreno).

Miguel Lopes/João Pereira - Tarde difícil para os laterais nacionais. Miguel Lopes rendeu Coentrão (saiu lesionado) no lado esquerdo da defesa e não trouxe profundidade (no único lance em que subiu, podia ter mesmo marcado, mas a recepção foi péssima); já o lateral direito ainda tentou algumas iniciativas (serviu Ronaldo para a melhor jogada de Portugal), mas sem grande sucesso.

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