Iniciava-se a época de 1994/1995 quando pelas mãos de Carlos Queiroz era lançado
na equipa verde e branca um “menino de ouro” ou por outras palavras Daniel da Cruz
Carvalho. Tinha apenas 17 anos quando após sagrar-se campeão da europa de sub-18
mereceu a confiança do então treinador verde e branco. Com presença
assídua nas camadas jovens da seleção portuguesa, Dani, desde cedo, começou a
surpreender os mais atentos, não só futebolisticamente como socialmente. O então
médio ofensivo era um jogador tecnicamente forte, veloz e com um poderoso remate,
o necessário para fazer dele uma estrela.
O ponto mais alto da sua carreira terá sido quando no mundial de sub-20 do Qatar a
FIFA o considerou como um dos três melhores jogadores de todos os campeonatos
do Mundo daquela categoria. Competiu duas épocas ao lado de Figo, Sá Pinto ou
Dominguez quando a sua imaturidade fora de campo se começou a sentir no clube.
Apelidado de “playboy”, Dani não via o futebol como uma paixão mas sim como um
hobby dando prioridade às mulheres e às noitadas.
Em 1996 foi então emprestado ao West Ham de forma a ganhar experiência. Erro
crasso. A sua primeira experiência no estrangeiro até começou bem, um golo na
estreia e uma grande exibição faziam as delícias dos adeptos. O pior veio depois. As
noitadas a que ia regularmente faziam-no chegar atrasado aos treinos, o que provocou
enorme irritação no seio do clube ficando o seu contrato suspenso até ao final da
época. Após enorme falhanço no clube inglês, Dani conseguiu de forma inesperada
marcar presença nos jogos olímpicos de 96 onde as suas enormes exibições fizeram-no voltar à ribalta. A cobiça não durou muito pois foi uma questão de tempo até o Ajax de Van
Gaal o garantir com seu reforço.
Nas duas primeiras épocas na Holanda, Dani parecia
outro homem, parecia estar afastado para sempre dos desvaneios de que era cliente
há vários anos. No entanto uma inesperada saída de Van Gaal do comando técnico da
equipa atirou Dani para uma nova onda de loucuras e noitadas. O caso mais conhecido
talvez seja quando, ainda no Ajax, Dani foi deixado a dormir no
autocarro, quando este voltava, já sem ninguém, para a capital holandesa
após ter deixado a equipa no aeroporto.
Passaram-se dois anos e após vários episódios mediáticos, Dani voltou a Lisboa desta
feita para o Benfica e pelas mãos de José Mourinho. No início o jovem e elegante
jogador apresentavam um nível de futebol nunca antes visto e muitos dizem, por culpa
de Mourinho. No entanto a prematura saída do treinador português do comando
técnico do Benfica iria fazer-se sentir no nível do jogo de Dani.
Em 2001 após nova experiência falhada, Dani foi chamado por Paulo Futre para
integrar a equipa do Atlético de Madrid que por esta altura jogava no 2º divisão
espanhola. Seguiu-se a, considerada por muitos, melhor época de Dani, que culminou
na subida de divisão e consequente atribuição do prémio de melhor jogador do clube.
Tudo parecia correr bem quando na sua segunda época ao serviço do clube voltou a dar
problemas devido às tão conhecidas noitadas, de que resultou a rescisão de contrato
entre o clube e o jogador.
Já sem grandes esperanças em relançar a carreira, o jogador português foi treinar-se à experiência no Celtic, o que se veio a verificar sem resultados por não ter sido aceite
nos testes. Tamanha desilusão acabou por resultar no final de carreira de uma estrela
de apenas 27 anos.
Hoje com 35 anos Dani, para os mais novos, é apenas um comentador futebolístico
quando podia ter sido um ídolo para todos nós (ver um vídeo aqui). O seu pé esquerdo, criatividade, finalização, visão de jogo, e qualidade técnica muito acima da média (talvez o jogador português mais predestinado), aliadas a um outro sentido profissional, podiam ter feito do internacional AA por Portugal, uma das principais referências do futebol Mundial.
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