Os craques a seguir no Europeu sub-19

Entre dia 11 e 24 de Julho vai ter lugar, na Alemanha, mais uma edição do campeonato da Europa sub-19, onde a selecção nacional volta a marcar presença após um ano de ausência. A prova disputar-se-à novamente num formato a oito equipas, tendo como bónus a presença no mundial sub-20 2017 realizado na Coreia do Sul. Para atingir esse objectivo será necessário terminar nas 5 melhores equipas da competição, bastando, logicamente, a passagem à próxima fase, as semi-finais. Portugal faz parte do grupo A juntamente com a Alemanha, Itália e Áustria. No outro lado, do grupo B, temos os campeões da europa sub-17 de 2014, a Inglaterra, para além de França, Croácia e Holanda.

Depois do recente sucesso da selecção nacional sub-17 ou do estatuto de vice-campeão da europa sub-19 em 2014, cabe à geração de 97 atingir um título que escapa há 17 anos, ainda num formato sub-18. E trata-se de uma geração de qualidade, com um percurso sempre altamente competitivo, sendo prova disso o facto de ser das poucas gerações do futebol nacional a conseguir marcar presença nos dois maiores torneios europeus de futebol jovem (recentemente apenas a de 93 conseguiu, de igual forma, participar no europeus sub-17 e sub-19). Posto isto, a equipa de Emílio Peixe parte para a Alemanha sem as suas maiores referências do escalão (Rúben Neves e Renato Sanches, desfalques ou opções que outras nações também partilham), mas com uma base similar àquela que atingiu as meias-finais em 2014. São exactamente 12 os repetentes (seriam 14 não fosse a ascensão meteórica dos jovens do Porto e, agora, Bayern) com a espinha dorsal a partir do Benfica.

Na baliza, Pedro Silva deverá ser o número 1 (Fábio Duarte foi ultrapassado por Diogo Costa, o mais jovem do grupo) beneficiando do seu estatuto de profissional depois de uma boa parte da época a titular na equipa B dos leões. No resto do sector defensivo, poucas dúvidas em relação a 3 posições, ficando no ar quem ocupará o lugar de lateral direito: a dupla de centrais passará por Francisco Ferreira e Rúben Dias (capitão), elementos que jogam juntos há vários anos, com Yuri Ribeiro a assumir o lugar de lateral esquerdo e Empis (canhoto, mas que na ronda de elite e Sporting já fez a posição), à partida, a ganhar a corrida a Diogo Dalot. Por último, destaque para Pedro Pacheco, central do Basileia, que à priori será o 3.º central na hierarquia. Mais à frente, Pedro Rodrigues será o dono da posição 6 (não há uma clara alternativa, apenas Guga pode servir de substituto ao baixar no terreno), com o companheiro de equipa Gonçalo Rodrigues a assumir o papel de elo de ligação do jogo da selecção nacional. No que toca ao 3.º médio surgem algumas dúvidas: João Carvalho pode actuar tanto numa ala como no meio (até a falso 9), o que pode abrir lugar a Pedro Delgado em terrenos mais centrais. Certo é que, em condições físicas normais, o jogador do Benfica é titular indiscutível, tendo o seleccionador de adaptar a equipa em função do número 10. Para além destes, e para a posição de médio, sobra Bruno Xadas, atleta do Sporting de Braga, e dono de um belo pé esquerdo. Nas 3 posições mais adiantas, como já referido, João Carvalho é também opção, mas as principais escolhas do seleccionador passam por Buta, Diogo Gonçalves, Abubakar, Xande Silva e Ricardo Almeida. Se o jovem de origem Ganesa é uma incógnita quanto àquilo que poderá produzir, os outros são já conhecidos deste espaço. Os Benfiquistas Buta e Diogo Gonçalves, em teoria, partem em vantagem na luta pela titularidade (Buta parece ser mais do agrado de Peixe, com o "plus" de ser apenas um extremo direito), com Alexandre Silva a funcionar como avançado solto. Como alternativa ao Vimaranense surge Almeida, avançado fixo que se estreou esta época na equipa principal do Moreirense, e que promete acrescentar uma dimensão física e capacidade aérea em momentos mais delicados dos jogos.

Jogadores-chave:
Pedro Rodrigues - Médio defensivo que até agora viveu na sombra de Rúben Neves, mas que terá a oportunidade de brilhar numa grande competição. Com qualidades no capítulo do posicionamento e da construção ofensiva, o Viseense acrescenta ainda no momento das bolas paradas ofensivas e meia distância, onde pode decidir um jogo. Para além disso, pauta-se por um estilo marcadamente de posse e de simplificação do jogo, deixando no ar hipóteses de melhoria quanto à agressividade que coloca nos duelos.
Gonçalo Rodrigues - Provavelmente o elemento mais importante da equipa. É na posição 8 que serve de referência à selecção nacional, ligando a linha defensiva à avançada, liderando os companheiros naquilo que são as referências de pressão alta, não sendo por acaso as comparações a João Moutinho. É que os seus maiores defeitos são também a chegada à área, o handicap físico e a criatividade em terrenos mais avançados. Ainda assim, e neste escalão, as suas virtudes são mais evidentes que os defeitos.
João Carvalho - Um dos melhores da geração, senão o melhor. É, sem dúvida, o mais criativo, o elemento que consegue descobrir linhas de passe no último terço, que decide melhor e mais rapidamente, que entende o contexto e desequilibra também pelo lado mais individual do drible e transporte. Já leva quase duas épocas a nível sénior e terá de colocar isso em campo numa competição deste cariz, com a certeza de que estará a ser observado a fim de integrar o plantel principal dos encarnados.
Alexandre Silva - Entre os convocados é o que tem competido a um nível mais alto: estreou-se em 2014/2015 pela equipa principal do Vitória, tendo somado 21 jogos (maioritariamente nos flancos) esta temporada. Na selecção nacional será certamente opção como avançado centro, contribuindo com a sua velocidade, robustez e mobilidade para criar e aproveitar situações de finalização.
Rúben Dias - O central do Benfica, enquanto capitão, é indiscutivelmente uma das referências da selecção nacional. À semelhança dos seus colegas teve também a oportunidade de competir na 2.ª liga, desta feita por 21 ocasiões, para além de merecer a confiança de Rui Vitória numa deslocação a São Petersburgo. Apesar de não ter nenhuma característica diferenciadora (não é veloz, tecnicamente não é brilhante e mesmo em termos defensivos não prima pela inteligência nesta fase) é de crer que pela sua liderança e agressividade se consiga destacar.

E como os holofotes não se cingem apenas à equipa das Quinas, nada melhor do que seguir alguns dos mais jovens talentosos a nível europeu. Embora não estejam presentes nomes como Marcus Rashford, Patrick Roberts, Joe Gomez ou Borthwick-Jackson (Inglaterra), Ousmane Dembelé, Jeremie Boga ou Théo Hernández (França), Ante Coric e Nikola Vlasic (Croácia), Fosu-Mensah ou Van de Beek (Holanda), Federico Bonazzoli e Rolando Mandragora (Itália), o certame continua a ser de valor. Eis algumas das promessas que podem brilhar no Euro sub-19:
Andrija Balic (Croácia) - Um dos melhores médios presentes da competição. O "Pirlo Croata" já faz parte dos quadros da Udinese e a sua disponibilidade para todas as posições do meio-campo mostra bem a qualidade e entendimento de jogo que demonstra. Balic promete espalhar toda a sua qualidade técnica ao lado de uma geração que mistura elementos de 97 com outros que brilharam no mundial sub-17 desta temporada (Brekalo, Moro, Lovren etc.).
Izzy Brown (Inglaterra) - Visto como um dos melhores produtos da Academia do Chelsea, o avançado móvel que representou esta época o Vitesse conta já com um campeonato da europa sub-17 e uma Youth League. Juntamente com Solanke e o poderoso Abraham prevê-se que constitua um dos melhores tridentes da prova e uma das equipas com mais maturidade (quase todos os seus elementos tiveram utilização a nível sénior).
Steven Bergwijn (Holanda) - Outro conjunto que, pela natureza menos competitiva do seu campeonato, consegue estrear vários elementos na 1I liga ainda com idade júnior. Para além do jovem do PSV (o Bola de ouro do europeu sub-17 2014), a Laranja Mecânica conta com Ter Avest (lateral direito que fez uma época inteira a titular no Twente) e Nouri (médio super criativo que marcou presença no europeu da temporada passada e que promete ser peça chave na manobra ofensiva da equipa) num país que nunca venceu um campeonato da Europa neste escalão.
Kylian Mbappe (França) - Sem Ousmane Dembelé (a maior figura) o estatuto de desequilibrador estará entre o prodígio do Mónaco e Augustin. O ainda júnior de 1.º ano foi aposta de Leonardo Jardim, somando já 15 jogos pela equipa principal e umas honrosas comparações a Henry. A seu lado terá também um dos melhores médios da edição deste ano da Youth League, Lucas Tousart, e Boscagli (central ou alternativamente lateral esquerdo bastante promissor que enverga a camisola do Nice).
Manuel Locatelli (Itália) - A Squadra Azzurra é um dos conjuntos com um passado menos frutífero em termos de títulos na formação. Neste escalão são raras as presenças e a última conquista remonta a 2003, prova onde Aquilani brilhara. Desta feita e integrados no grupo de Portugal, as suas aspirações passam, em parte, por aquilo que o médio do Milan conseguirá fazer. Com grandes atributos no capítulo do passe e com um estilo de número 6 tipicamente Italiano, o jovem aproveitou o período de menor fulgor do clube para se estrear, esta temporada, na Serie A.
Benjamin Henrichs (Alemanha - Numa geração que não entusiasmou há 2 anos (entretanto mudaram alguns elementos) o médio centro, adaptado a lateral por Schmidt na fase final da temporada, assume-se como uma das figuras. A par de Ochs (mereceu a confiança do novo treinador e ficou associado à incrível recuperação do Hoffenheim) promete encabeçar uma equipa que, sendo anfitriã, tem a obrigatoriedade de lutar pelo ceptro final. Como principais características mostra uma grande disponibilidade física, boa relação com a bola e uma evolução notória em termos defensivos desde que ascendeu à equipa principal.

VM Scouting: João Magalhães

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