Vai igualar Merckx ou Indurain?
Terminou hoje o Tour 2016, que consagrou pelo 2.º ano consecutivo
Chris Froome como o rei do ciclismo mundial em provas de 3 semanas. Numa Grande Boucle morna, pouco frenética e acima de tudo previsível o britânico, apoiado por uma
super-Sky (
Poels esteve em destaque), venceu pela 3.ª vez a classificação geral, ultrapassando assim as duas vitórias de Contador e juntando o seu nome ao de Greg LeMond, Bobet e Thys (só Anquetil, Merckx, Hinault e Indurain, todos com 5, tem mais). Volta a França também histórica para
Peter Sagan, que venceu pela 5.ª vez consecutiva a camisola verde e ficou apenas a um triunfo na classificação por pontos de igualar Erik Zabel. Aliás a
Tinkoff acabou por ter uma prova em cheio, mesmo perdendo
Contador logo abrir, juntando à camisola verde e 3 etapas do campeão do Mundo a da classificação da montanha por
Rafal Majka e o top 10 de Roman Kreuziger. Dada a relativa previsibilidade dos ciclistas a quem a corrida francesa sorriu este ano, a maior surpresa acabou por ser o domínio espetacular de
Mark Cavendish nos sprints. O britânico, descartado do trono de melhor sprinter do mundo desde a afirmação de Marcel Kittel, viu a sua decisão de dividir-se entre a sua carreira na estrada e o projeto olímpico no ciclismo de pista ser interpretada como uma espécie de desistência de reconquistar o estatuto que não exibia há já alguns anos. Pois, nada mais falso, e o britânico surgiu neste Tour a um nível elevadíssimo contra um
Kittel e um
Greipel (apesar da vitória, no último dia, nos Campos Elísios) que, esses sim, não demonstraram o à vontade de outras lutas. 4 etapas conquistadas é um excelente número, e Cav atinge em 2016 a marca das 30 etapas conquistadas em edições da Volta a França, apenas a 4 do recorde de Eddie Merckx. Já
Tom Dumoulin foi outra das grandes figuras deste Tour vencendo duas etapas antes de ter de abandonar com um braço fraturado que o pode afastar do seu grande objetivo da época, o ouro na competição de contrarrelógio dos JO.
Romain Bardet aproveitou a desilusão com a corrida de
Nairo Quintana e
Fabio Aru, os candidatos ao pódio depois do abandono de Contador, para conquistar uma classificação brilhante, o 2.º lugar, repetindo a façanha de J-C. Péraud em 2014 para a AG2R. De facto, Nairo Quintana exibiu-se muito longe do potencial do seu potentíssimo motor diesel, ousando apenas na etapa do Mont Ventoux, e com mau resultado, ultrapassar a barreira de esforço praticada pelo comboio da Sky, e Fabio Aru mostrou-se muito inconsistente nesta estreia na Grand Boucle, ficando mesmo fora do top 10 da Geral apesar de a Astana apresentar um conjunto quase do nível da Sky. Já
Adam Yates (vencedor da camisola da juventude) acabou por dar algum alento em relação ao futuro do ciclismo, com o seu 4.º lugar, numa fase em que alguns dos principais protagonistas, como Contador, Purito ou Valverde estão a dar as últimas. Também
Louis Meintjes, o 1.º africano no top 10, confirmou que é um talento a seguir. No que respeita aos portugueses,
Rui Costa e
Nélson Oliveira mostraram-se ativos mas com balanços diferentes. Costa acabou por falhar no grande objectivo de ganhar uma etapa - muito dificilmente alguém dá um palmo neste contexto, o que dificultou a missão do poveiro na medida em que também não havia neste Tour as etapas de transição de média montanha onde ele é mais forte. Já Oliveira com o 3.º lugar no CR da etapa 13, só batido por Dumoulin e Froome, deixou excelentes indicações para os JO.
Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Luís Oliveira