Portugal na final do Europeu; Selecção resolveu em 3 minutos e evitou sustos; Ronaldo marcou e assistiu; Dupla Fonte-Alves deu uma boa resposta; Meio campo preocupou-se mais em anular do que em criar mas o sonho está cada vez mais perto; Bale "remou sozinho contra a maré"

Portugal 2-0 País de Gales (Ronaldo 50' e Nani 53')

Falta o Ouro. Portugal cumpriu frente ao País de Gales e vai estar pela 2.ª vez na final de um Europeu. Os lusos voltaram a demonstrar mais preocupação em anular o adversário do que em terem a iniciativa (o 1.º tempo foi demasiado pobre) mas um arranque de 2.ª parte em cheio, com 2 golos em 3 minutos, permitiu desbloquear o jogo e garantir a passagem para aquele que pode ser o maior feito da história do futebol nacional. Ronaldo, com um golo e participação no 2-0, disse presente e ganhou pontos na luta pela Bola de Ouro; Bruno Alves (titular no lugar do lesionado Pepe) deu uma excelente resposta, Fonte também teve nota positiva; Com bola os médios (Danilo, Sanches, Adrien e João Mário) não acrescentaram o suficiente (muitos passes falhados e pouca criatividade), mas a nível defensivo deram sequência às ordens de Fernando Santos. Já Gales, que fez um trajecto épico até às meias-finais, apesar de algumas iniciativas de Bale (o craque do Real remou sozinho contra a maré), sentiu claramente a ausência de Ramsey e só com remates de longe levou perigo à baliza de Patrício.

Quanto ao encontro, a primeira parte quase não teve motivos de interesse. Portugal, à passagem do minuto 10, reclamou uma grande penalidade um lance entre Collins e Ronaldo, João Mário, pouco depois ainda atirou perto, mas foi Gales a levar perigo. Canto batido de maneira estuda e Bale, sozinho na grande área, rematou por cima. O mesmo Bale nos minutos seguintes ainda fez umas arrancadas a solo perigosas para Rui Patrício, mas até ao intervalo não iria acontecer mais nada digno de registo. No segundo tempo, tudo viria a mudar. Logo aos 50’, canto batido à maneira curta para Guerreiro e o lateral esquerdo cruza com conta, peso e medida para uma execução fantástica, de cabeça, de Ronaldo. Estava feito o 1-0. Três minutos volvidos, aconteceu o 2-0. Ronaldo remata à entrada da área e Nani, no centro da área, desvia em esforço. Em vantagem Portugal controlou, e apesar das tentativas de Bale, Patrício quase não passou por sustos. A equipa das Quinas, por Fonte, Danilo e em situações de transição mal executadas até podia ter ampliado mas o acesso à final já não fugiu.

Portugal - mais uma exibição na linha do que têm sido as partidas a eliminar, com a principal preocupação a ser anular as pedras mais influentes do rival. Desta vez a equipa teve mais bola, mas a principal preocupação foi sempre não perdê-la, e o risco foi reduzido ao mínimo. A equipa, mesmo sem Pepe, manteve a coesão defensiva habitual, jogou sempre com as duas linhas mais recuadas bem juntas, e raramente deixou os galeses jogar. A diferença esteve na eficácia ofensiva, com um lance de bola parada a desbloquear e um mau remate a ser transformado num golo. Ofensivamente, a Selecção voltou a mostrar algumas limitações, nem sequer conseguindo explorar os espaços deixados pelos galeses quando estes tentaram o assalto final e despovoaram a zona recuada.

Patrício - exibição imaculada; depois de uma primeira parte descansada, em que se limitou a encaixar um remate e deter um cruzamento perigoso, parou um remate perigoso de Bale que colocaria Gales na discussão. Mostrou segurança durante os 90 minutos e não vacilou nas bolas bombeadas para a sua zona de acção.

Ronaldo - participativo nas acções ofensivas e solidário na defesa, teve 45 minutos sem chances de finalização. Acabou por desfazer o nulo num cabeceamento que poucos conseguem fazer (elevação e potência no remate), e deu, ainda que involutariamente, a marcar o segundo.

Fonte/Bruno Alves - duas exibições a roçar a perfeição. O porte físico dos avançados galeses não foi problema, e seja pelo chão ou pelo ar, foram resolvendo todos os lances.

Cedric/Guerreiro - mais preocupados em defender, não deram hipóteses nesse aspecto do jogo. Com o seu estilo "à inglesa", Cedric foi despachando bolas para a frente, enquanto que esquerdino ainda se aventurou no ataque, mas não fez a diferença. No entanto, foi dele o cruzamento para o golo de Ronaldo.

Nani - mais uma exibição de sacrifício táctico, coroada com um golo pleno de oportunidade. Tentou ter bola, e foi dos poucos a levá-la para a frente com critério.

Danilo/Adrien - dois elementos que não falharam na cobertura do espaço central, mas pouco acrescentaram com bola. É notório que a principal função da dupla era não deixar jogar, e isso fizeram com perfeição exemplar. Ora cortando os espaços livres, ora ganhando lances no um contra um, passou muito pelos dois a coesão defensiva. Adrien ainda tentou algumas incursões pela esquerda, mas as iniciativa atacantes foram uma raridade.

Renato Sanches/João Mário - o jovem Sanches teve a sua prestação menos conseguida neste Europeu, falhando demasiados passes e nem sendo optando pelos melhores movimentos. Foi também notória a atenção que os adversários lhe deram, tentando-o cercar mal ele iniciava os lances e não o deixando embalar, nem que para tal fosse preciso recorrer à falta. Quanto a João Mário, pouco acrescentou com bola no pé, embora fosse importante a fechar o flanco. Falhou um golo num remate após defesa incompleta.

André Gomes / Moutinho /Quaresma - as substituições foram feitas para refrescar e não para alterar o que fosse. Os jogadores integraram-se no espírito de uma equipa que praticamente abdicara de atacar, e também não foi por qualquer um deles que a qualidade de jogo aumentou.

País de Gales - Foram a surpresa do Euro e fizeram uma prova para mais tarde recordar, mas hoje notou-se que o elenco era curto para estas andanças (sem Ramsey a equipa ficou muito dependente de apenas um elemento). A formação de Coleman raramente levou perigo à baliza de Patrício e sempre que o fez, foi por intermédio de Gareth Bale. O extremo do Real Madrid, quase sempre mal-acompanhado, foi o único com nota positiva no encontro de hoje, com várias ações de bom nível, sempre a desequilibrar quando acelerava. De resto, Robson-Kanu foi bem anulado por Bruno Alves e José Fonte, Allen e Ledley passaram ao lado do jogo (Andy King ainda foi o melhor a meio-campo) e na defesa, com Allen anulado, a equipa denotou muitas dificuldades no momento com bola.

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