Épico! País de Gales despacha a melhor selecção europeia (a nível do Ranking) e marca duelo com Portugal; Ramsey brilhou mas vai falhar as meias-finais; Diabos Vermelhos voltam a desiludir

País de Gales 3-1 Bélgica (A. Williams 31', Robson-Kanu 55' e Vokes 86'; Nainggolan 13')

O País de Gales, que era apontado como umas das selecções mais limitadas neste Europeu, carimbou a passagem para as meias-finais ao bater a Bélgica com uma reviravolta. Um feito brilhante, histórico, ainda para mais na estreia em Europeus e logo frente à selecção europeia melhor posicionada no Ranking FIFA. Os galeses, que agora vão defrontar Portugal, conseguiram responder ao golaço de Nainggolan, voltaram a demonstrar uma boa coesão defensiva, e só ficam a lamentar o amarelo a Ramsey, que o tira do jogo das semi-finais, ele que até foi o melhor em campo (também Ben Davies vai ficar de fora). Já a geração fantástica dos Diabos Vermelhos, recheada de jogadores de topo, quase todos a jogarem nas melhores equipas da actualidade, volta a a desiludir e desta vez com mais culpas já que o caminho parecia livre até à final. 

No que diz respeito ao encontro, a Bélgica entrou melhor e nos primeiros minutos dispôs de uma tripla oportunidade no mesmo lance, mas Carrasco, Meunier e Hazard não conseguiram ultrapassar Hennessey e a muralha defensiva galesa. A formação britânica respondeu através da sua estrela, Bale, que numa transição disparou à malha lateral. Mas a Bélgica viria mesmo a chegar à vantagem num golaço de Naiggolan, que com um tiro de bem longe abriu o activo. A seguir ao golo, a turma belga recuou no terreno, dando a iniciativa ao País de Gales, que começou a jogar bem perto da área adversária. Já depois de Taylor (após excelente jogada de envolvimento) ter obrigado Courtois a uma excelente intervenção (o remate também não saiu muito colocado), conseguiram mesmo chegar à igualdade, com Ashley Williams a aparecer solto num canto (quase que nem teve de saltar) e a cabecear para o fundo das redes. Até ao intervalo, verificou-se equilíbrio, mas foi o País de Gales a única selecção a criar perigo, com Bale, em mais um contra-ataque sozinho contra o mundo, a testar o guardião belga. Na segunda parte a Bélgica voltou a entrar melhor e teve duas oportunidades para reassumir o comando da partida: primeiro foi Lukaku a cabecear ao lado (podia ter feito melhor) e depois foi Hazard, no seu movimento característico, a rematar perto do poste. No entanto, foram os britânicos a chegarem ao segundo golo, numa excelente jogada, com Bale a fazer um grande passe para Ramsey, com este a cruzar para Robson-Kanu, que enganou toda a gente com um grande movimento e não perdoou. Os belgas sentiram o golo, tendo muitas dificuldades para assumir o jogo (muitas bolas bombeadas para Fellaini), enquanto que os galeses jogavam como gostam, com espaço (Ashley Williams esteve perto de bisar num canto). Só a partir do minuto 70 se começou a sentir uma maior pressão por parte dos pupilos de Wilmots, com Fellaini a ter uma bela oportunidade para igualar, mas o seu cabeceamento saiu ao lado. Pouco depois, momento importante na competição (e para Portugal), com Ramsey a ver a amarelo, que o tira das meias-finais. Quando se esperava o último assédio por parte da Bélgica, foi o País de Gales a conseguir chegar ao 3-1, com Gunter a cruzar e Vokes, com um excelente gesto de cabeça, a colocar a bola fora do alcance de Courtois. Estava consumada a surpresa, com o País de Gales a marcar encontro com Portugal nas meias-finais.

País de Gales - Histórico. A campanha imaculada do conjunto de Chris Coleman continua, que neste desafio se conseguiu superiorizar à temida Bélgica, mesmo tendo começado a perder. A organização defensiva voltou a ser quase perfeita (algumas dificuldades no jogo aéreo ainda assim), sendo que o grande destaque vai para as três unidades mais avançadas. Joe Allen também esteve em destaque ao nível da circulação, mas foram Ramsey (jogo fantástico, coroado com duas assistências), Bale (sempre a querer assumir) e Robson-Kanu, no regresso ao 11, a destacarem-se, sendo que o avançado de 27 anos, que é um jogador livre, marcou um golaço e fez a cabeça em água à defensiva belga. Na próxima ronda os galeses não enfrentarão uma defesa tão macia e também terão o problema de não poderem contar com 2 dos 5 melhores jogadores da equipa (Davies e Ramsey), sendo que o médio é claramente uma baixa enorme para a meia-final diante de Portugal.

Bélgica - Nova desilusão. Os belgas, que já no Mundial tinham caído nos quartos-de-final, voltaram a estar aquém do que se exige a uma selecção com tanto talento. Wilmots não estará isento de responsabilidades, mas neste desafio sentiu-se claramente que o sector defensivo não estava rotinado e que não tinha a qualidade necessária para acompanhar o resto da equipa. Denayer e Jordan Lukaku foram as novidades (depois de Kompany e de Lombaerts terem ficado de fora por lesão antes do arranque da prova, o seleccionador belga também não pode contar com Vermaelen e Vertonghen) e fartaram-se de acumular erros, sendo quase todos sinónimo de golo do adversário. Por outro lado, Hazard tentou carregar a equipa, mas não teve acompanhamento, Meunier também se destacou pela profundidade que ofereceu e pela qualidade no cruzamento, mas o duelo perdeu-se a meio-campo, onde Witsel e Nainggolan (grande golo ainda assim) foram insuficientes para travar a qualidade na circulação de bola dos galeses. Wilmots ainda lançou Fellaini para ter superioridade nesse sector, mas, tirando a capacidade no jogo aéreo, o médio do Man Utd pouco acrescentou. Por fim, Lukaku esteve perdulário (falhou duas oportunidades claras, uma delas daria o 2-1 antes do tento de Kanu) e Kevin De Bruyne voltou a não acrescentar o exigido a um elemento com a sua qualidade. 

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