Pepe merecia isto; Portugal sobrevive nos penaltis e já está nas meias; Exibição voltou a ser pobre, a selecção continua sem vencer nos 90 minutos, mas só faltam duas vitórias; Sanches marcou um golaço; João Mário esteve muito apagado, Adrien também pouco acrescentou, Cédric falhou na defesa, Patrício foi herói nas penalidades; Ronaldo desperdiçou 5 lances de golo

Polónia 1-1 (3-5 nas g.p.) Portugal (Lewandowsk 2'; Renato Sanches 33')

À portuguesa! Sofrido, só resolvido nas penalidades, mas a selecção nacional já está nas meias-finais do Euro. O jogo voltou a ser pobre, e até receoso, mas Portugal, perante uma Polónia que também mais do que ganhar nunca quis perder, desta vez teve mais iniciativa e não fosse o desperdício de Ronaldo (3 falhanços absurdos) até podia ter despachado o encontro, pela 1.ª vez,  nos 90 minutos. Falhou CR7 mas Patrício assumiu o papel de herói nos penaltis e carimbou a passagem. Já antes Pepe tinha feito por merecer esta sorte, com uma exibição impressionante (valeu por 3 na defesa). Também Renato Sanches, que se estreou a titular, esteve em destaque. Já João Mário continua muito longe do nível que apresentou na I Liga.

Quanto ao encontro, este não podia ter começado pior. Logo no segundo minuto, erro colossal de Cédric e Grosicki aproveita para cruzar rasteiro para Lewandowski que, sozinho dentro de área (William errou no ajuntamento aos centrais), não perdoou e colocou a Polónia na frente. Portugal demorou a reagir, tendo o remate de Ronaldo sido bloqueado. Lewandowski e Grosicki tiveram oportunidade para aumentar para 2-0, mas seria Portugal a empatar, já depois de a Equipa das Quinas ter reclamado grande penalidade. Renato Sanches arranca no meio-campo, toca em Nani que devolve de calcanhar e o ‘Bulo’ empata o jogo com um grande pontapé de pé esquerdo. Na segunda parte Portugal arrancou muito melhor e Ronaldo teve dupla oportunidade para desfazer o empate, mas falhou em ambas. Cédric tentou resolver do meio da rua, mas também não acertou na baliza, sendo que do outro lado foi Milik a levar muito perigo. Já perto do final, José Fonte (de cabeça após canto) esteve perto de marcar, mas seria Jedrzejczyk quase a fazer auto-golo no minuto seguinte. Ronaldo, aos 83’, após um grande passe de Moutinho voltou a não acertar na bola quando estava isolado e terminariam assim os 90 minutos. No prolongamento, CR7, aos 95’, falhou mais uma oportunidade já na pequena área, sendo que as restantes oportunidades dos 15 minutos se deveram a ações de Nani (Milik ainda levou perigo com um remate à entrada da área). Os segundos 15 minutos de prolongamento não viram oportunidades, tendo em Pepe e na sua exibição imperial o grande motivo de destaque. Nota ainda para um adepto que invadiu o terreno de jogo aos 110 minutos. Já nos penaltis Patrício travou o tiro de Blaszczykowski e Quaresma consumou a passagem ao fazer o 5-3 (os lusos marcaram os 5 penaltis, algo que não costuma ser regra).

Portugal - Um jogo sem chama, à semelhança do que tem sido o Euro 2016 para a selecção nacional, mas que voltou a sorrir a Fernando Santos. Cinco jogos, nenhuma vitória no tempo regulamentar, alguma felicidade, mas que no jogo de hoje podia ter sido evitada caso Cristiano tivesse concretizado as várias chances que teve. A equipa teve uma entrada para esquecer, logo com um golo sofrido, mas soube reagir à adversidade, procurando o golo, subindo linhas, tendo sido recompensada com o remate certeiro de Renato. Porém, fica novamente a sensação de que colectivamente, e sem bola, as dificuldades continuam, uma vez que os vários sectores ficam demasiado distantes, resultando em muito espaço para aproveitar pelos adversários, especialmente entre a última linha e o meio-campo. No jogo de hoje, e com os vários movimentos contrários da dupla de avançados da Polónia (Lewandowski e Milik a variar pedidos no espaço e no pé, o que baralha marcações e a coordenação entre centrais e médio defensivo) isso foi ainda mais notório, tendo Pepe assumido um papel fulcral para antecipar inúmeros lances. A nível ofensivo, destaque para a integração de Renato Sanches e pelos benefícios que isso traz ao jogo da selecção nacional, particularmente no rasgo que traz, na velocidade e na meia-distância que não é frequente nos médios que habitualmente são titulares. Por fim, referência à transição ofensiva de Portugal que hoje não foi tão eficaz, provavelmente pelo facto de elas terem surgido no prolongamento, já numa fase em que os velocistas estavam de rastos e as substituições esgotadas.

Cédric/Eliseu - Péssimo jogo do lateral do Southampton com uma entrada em campo que esteve na origem do golo da Polónia. Depois disso, somou maus cruzamentos, abordagens deficientes sobre Grosicki e uma insegurança sempre que a bola se encontrava no seu corredor. Do outro lado, o lateral do Benfica não esteve brilhante, mas não comprometeu e fez valer a sua experiência para segurar o forte flanco direito Polaco.

Pepe - Grande exibição do central, mais uma depois do excelente jogo que fez frente a Croácia. Embora seja muito temperamental, siga muito a bola e pouco o adversário/espaço, consegue ter sucesso em grande parte das acções, especialmente quando envolve duelos. Rápido, agressivo e muito concentrado foi o melhor do seu sector e um autêntico bombeiro a intervir em todas as zonas do campo. Se alguém merecia esta passagem era o português.

Fonte/William/Adrien - Exibições discretas dos 3 elementos, sendo que Adrien praticamente não se viu. Demasiada inércia a pressionar, incapacidade com bola e a conceder, juntamente com William, demasiado espaço entre linhas. Já Fonte voltou a cumprir, apesar de no momento de construir continuar a tomar decisões que prejudicam o interesse colectivo.

Ronaldo - O capitão da selecção nacional somou mais uma performance que não condiz com o seu estatuto, mostrando-se útil apenas para servir de referência no jogo longo ou para tabelar com os companheiros. Nas várias situações de finalização que dispôs não conseguiu encontrar o caminho da baliza, revelando mesmo deficiências técnicas gritantes no momento de rematar e assumir o jogo.

João Mário/Nani/Quaresma - O jogador do Sporting voltou a não conseguir ter impacto no jogo. Demasiado relaxado, sem procurar a bola e o jogo, deu lugar a Quaresma que também não trouxe o que se pedia: desequilíbrio e velocidade. Já Nani, embora não tenha feito um bom jogo, voltou a estar no momento do golo, para além de colaborar defensivamente.

Renato Sanches - Depois de Pepe foi a grande figura da selecção, não só pelo golo, como pelo que aporta em várias fases do jogo. Defensivamente soma imensas recuperações, impede a progressão dos adversários, chegando mesmo a intimidar só pela sua presença junto dos adversários. Ofensivamente mostra uma disponibilidade física que, aliada à criatividade e drible, lhe permite romper linhas, combinar com os avançados , tanto pela ala como por dentro. Acabou a partida esgotado.

Patrício - Raramente foi chamado a intervir, não tendo culpas no golo sofrido. Tem sido um campeonato da europa tranquilo para o guardião, mas hoje foi herói ao defender uma grande penalidade.

Moutinho/Danilo - Substituiu um apagado Adrien e aparentemente trouxe maior capacidade de pressão. Fora isso, pouco acrescentou. Por outro lado, o médio do Porto entrou depois de William ficar amarelado, não tendo tempo para revolucionar o jogo.

Polónia - Depois de ter entrado a vencer acomodou-se ao que Portugal fez, repartiu o domínio do jogo em vários fases, mas as situações de perigo sucederam quase todas de remates exteriores ou de cruzamentos interceptados. A nível individual, destaque para a dupla de avançados que levou a vários calafrios, para Krychowiak que impôs o seu poder físico, por oposição ao antigo flanco direito do Dortmund (Błaszczykowski e Piszczek) que não conseguiu gerar os mesmos desequilíbrios do flanco contrário.

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