Magia de Quaresma e golaço de Guerreiro despertaram um Dragão que viu pouco Futebol; Éder, que também facturou, terminou o jogo a capitão, Danilo adaptado a central; Meio campo só melhorou depois da saída de Moutinho; Noruega, mesmo a jogar a passo, conseguiu testar Lopes

Portugal 3-0 Noruega (Quaresma 13', Guerreiro 65' e Éder 71')

A selecção nacional mais uma vez não encantou, algo que já é habitual com Fernando Santos, mas conseguiu somar um triunfo frente à Noruega, no estádio do Dragão, naquele que foi o primeiro jogo de preparação para o Euro'2016. Quaresma, que rubricou uma excelente exibição (esteve um nível acima de todos), abriu um activo com um golaço, tendo Guerreiro, num livre de belo efeito, confirmado a vitória numa fase em que os Nórdicos já tinham criado oportunidades mais do que suficientes para pelo menos empatar. Éder, que terminou o jogo a capitão, devido à saída de R. Carvalho e Quaresma, também fez o gosto ao pé. Resultado mais expressivo do que merecido, com Portugal a revelar algumas dificuldades no momento com bola e a nível ofensivo, tendo sido essencialmente eficaz, perante um conjunto Nórdico que até ao 2-0 tinha mais remates e somado as melhores oportunidades (Anthony Lopes e a barra evitaram o empate). Fernando Santos alinhou com Lopes; Cédric, José Fonte, Ricardo Carvalho e Raphael Guerreiro; João Mário, William Carvalho, João Moutinho e André Gomes; Éder e Quaresma; mas a equipa, principalmente o meio campo só melhorou com a saída de Moutinho e a entrada de Adrien. Rafa, Renato Sanches, Eliseu, Vieirinha e Danilo (que entrou para defesa central) também foram utilizados.

No que diz respeito ao encontro, Portugal entrou a mandar, jogando sobre o meio-campo adversário, enquanto que a Noruega tentava ao máximo baixar o ritmo de jogo. Logo na primeira oportunidade a seleção nacional chegou ao golo, num momento mágico de Quaresma, que veio da esquerda para dentro (um movimento clássico) e rematou em arco ao 2º poste. Logo de seguida, quase que surgia o 2-0, com Cédric a cruzar e Éder a desviar ligeiramente ao lado. Na resposta, a formação nórdica esteve perto do empate, com King a aproveitar uma saída algo precipitada de Anthony Lopes, mas o seu chapéu saiu por cima. A partir daí, a Noruega passou a repartir a posse de bola, conseguindo adormecer a equipa portuguesa, e esteve novamente perto do empate, com King (mais uma vez ele) a ganhar no corpo-a-corpo com José Fonte, mas a não conseguir bater Anthony Lopes, que defendeu bem com os pés. Já perto do intervalo, Quaresma (o melhor da 1ª parte) dispôs de um livre em boa posição, mas o seu remate saiu por cima e como tal o descanso chegou com 1-0 no marcador. A segunda parte começou sem alterações, mas com uma disposição diferente, com João Mário e André Gomes a trocarem de flancos. Foi a Noruega que entrou melhor, conquistando vários cantos, com Fernando Santos a reagir com a primeira substituição (entrou Adrien para o lugar de João Moutinho), tentando dar mais intensidade ao meio-campo português. No entanto, foi a turma norueguesa a estar perto de marcar novamente, com Berisha a cabecear à barra. O seleccionador nacional, insatisfeito com o que via, voltou a mexer, trocando Ricardo Carvalho e Quaresma por Danilo e Rafa, numa altura em que o futebol da equipa das Quinas era lento e previsível, com a Noruega a estar por cima. Mas o Estádio do Dragão voltou a assistir a mais um grande momento, com Guerreiro a marcar um golaço na cobrança de um livre (a bola ainda bateu no poste), não dando quaisquer hipóteses ao guardião contrário. O 2-0 trouxe mais tranquilidade à equipa lusa, que estabilizou o seu jogo e conseguiu mesmo ampliar numa jogada pela direita, com João Mário a cruzar e Éder, livre de marcação, a desviar para o fundo da baliza. Fernando Santos trocou João Mário por Renato Sanches e pouco depois Éder esteve perto de bisar, mas o seu remate de pé esquerdo encontrou a oposição de Jarstein. Já depois das últimas substituições (Eliseu e Vieirinha por Guerreiro e André Gomes), Adrien testou o guarda-redes norueguês num livre, mas o resultado não se alterou.

Portugal - Numa noite em que o resultado foi melhor que a exibição, ficaram patentes algumas lacunas do colectivo português. Com alguns prováveis titulares ainda indisponíveis, Fernando Santos fez algumas experiências, mas manteve o 4-4-2, tal como fizera em Leiria, e se alguns elementos responderam a preceito, outros ficaram aquém do esperado. A defesa foi demasiado permissiva, com José Fonte a mostrar debilidades no um contra um que até agora, e o meio-campo raramente mostrou velocidade de processos. Com Quaresma demasiado encostado à esquerda perde-se presença na zona central, sendo ainda que Moutinho foi incapaz de aparecer em zonas adiantadas. Outro problema é a ausência de jogo aéreo, algo que até pode ser remediado com a presença de Ronaldo, mas mais uma vez os (poucos) bons cruzamentos enviados para a área foram sempre cortados pela defesa. Pela positiva, a capacidade individual para fazer golos; foi assim com Quaresma (jogada individual) e Guerreiro (livre directo). Individualmente, Anthony Lopes encheu a baliza, numa partida em que foi mais testado do que se esperaria; os laterais integraram-se bem no plano ofensivo, com Cedric a combinar bem com João Mario, mas tiveram dificuldades em parar os ataques contrários. De Raphael, fica a excelente execução no livre que originou o segundo golo. A dupla de centrais esteve abaixo das expectativas, com Fonte a acumular erros perante King, e Ricardo Carvalho a ser batido em algumas ocasiões. O meio-campo teve um William agressivo nos cortes e a fechar espaços, mas pouco Moutinho, que se limitou a fazer passes para trás e para o lado, sendo que com a sua saída coincidiu com a melhoria da equipa. Quem ganhou pontos foi o seu substituto, Adrien, que esticou o jogo nacional e aumentou o raio de acção da linha média nacional. João Mário foi o elemento mais esclarecido do quarteto, com uma série de acções demonstrativas da sua técnica e visão de jogo (uma delas a oferecer o golo ao Capitão Éder), enquanto que André Gomes viu-se menos. Na frente, Quaresma foi ele mesmo, com um grande golo e uma série de acções individuais, já Éder também esteve no registo habitual, com muitos lances perdidos, mas desta vez não desperdiçou a prenda de João Mário, e duplicou a sua conta pessoal ao serviço da selecção. Danilo entrou bem, numa posição de recurso (Pepe e Alves estão de fora), Sanches entrou bem na partida, embora não tenha conseguido dar amplitude de jogo, dada a tendência para jogar dentro, Rafa, Vieirinha e Eliseu terão de se mostrar nos dois jogos que faltam.

Noruega - Uma selecção desfalcada, que veio em ritmo de treino, mas ainda assim criou bastantes problemas. Depois de alguns minutos em contenção defensiva, e em que mostraram dificuldades em fechar os flancos, os escandinavos tiveram bastante bola, pressionaram o último reduto luso, e tiveram oportunidades suficientes para fazer o golo do empate (valeram a trave e Lopes). O avançado King, rápido e forte no choque, complicou a vida a Fonte e Carvalho, e os noruegueses apenas se renderam após o segundo golo, que até veio contra a corrente do jogo.

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