Atlético só precisou de um ataque para chegar à final; Bayern massacrou mas Guardiola vai deixar a Alemanha sem a Champions; Oblak brilhou; Griezmann não perdoou

Daily Mail
Bayern 2-1 Atlético (Alonso 31' e Lewandowski 74'; Griezmann 54')


O "milagre" de Simeone prossegue. O Atlético de Madrid perdeu frente ao Bayern Munique por 2-1 mas, graças à vitória por 1-0 em Madrid, chegou à segunda final da Liga dos Campeões nos últimos 3 anos. Num jogo praticamente de sentido único, com o Bayern sempre a atacar, valeu ao espanhóis o golo de Griezmann no primeiro ataque da equipa, sendo que Oblak, que defendeu um penalty de Muller, também foi decisivo (Torres desperdiçou igualmente um castigo máximo, já perto do final).

Quanto ao encontro, ficou desde cedo claro qual seria a tónica primordial do mesmo: o Bayern com a bola, instalado no campo do Atlético, e os colchoneros defendendo-se da melhor forma que podiam. Lewandowski e Ribery foram os primeiros a testar Oblak, e o golo dos bávaros chegou mesmo aos 31', num livre directo de Xabi Alonso que desviou em Giménez e traiu o guardião esloveno. A equipa de Simeone sofria, e pouco depois o mesmo Giménez comete falta dentro da área, na sequência de um canto, mas na transformação da grande penalidade Muller não consegue bater Oblak. O jogo chegou assim ao descanso, tendo Simeone feito entrar para a segunda parte Carrasco (saiu Augusto), e logo aos 53', numa rápida transição, Torres serve Griezmann e o francês, isolado perante Neuer, não perdoou e fez o golo que viria a revelar-se decisivo para colocar o Atlético na final. O Bayern sentiu o toque e nos minutos seguintes, apesar de dominar, não criou muito perigo, mas aos 73' Vidal ganha uma bola no ar a Filipe Luís ao segundo poste e assiste Lewandowski, que faz o 2-1. Até final, os alemães pressionaram muito, colocaram muitas bolas (e muita gente) na área, mas o Atlético conseguiu defender a vantagem na eliminatória e selou a passagem para Milão.

Destaques:

Atlético - Uma equipa que não vai ao encontro daquilo que se preconiza no futebol actual, longe do futebol de decisões, de posse e de criatividade, antes direccionada para a organização e para uma gestão exímia dos momentos do jogo. Sabe quando recuar e juntar linhas, quando sair em transição e, apesar de hoje não o fazer, abordar um futebol mais organizado. O jogo do Allianz Arena fica marcado por um Atlético demasiado recuado, algo que por norma é consentido, mas hoje visivelmente empurrado para trás, incapaz de sair nas transições (foram raras as vezes em que conseguiu explorar a profundidade de um Bayern que colocava os seus centrais à frente do meio-campo). A abnegação, a luta, a capacidade individual de elementos como Oblak ou Griezmann fazem deste conjunto um dos mais fortes da Europa (2 finais da prova rainha em apenas 3 anos, um título nacional num campeonato polarizado), sendo certo que a ineficácia do adversário de hoje também contribuiu para este resultado. Individualmente torna-se fácil destacar os elementos da linha mais recuada dos espanhóis (é certo que foram uma barreira, mas as muitas pernas num curto espaço de terreno beneficia quem defende e impede que estejam expostos a momentos do jogo como a transição), mas grande parte da eliminatória tem que ser entregue a Griezmann (na única oportunidade dos Colchoneros não vacilou, ao contrário de Lewandowski, por exemplo) e Oblak (defendeu um penalty, salvou a equipa em momentos adversos e mostrou a segurança habitual transparecendo facilidade em várias abordagens potencialmente difíceis). Menos em foco estiveram Juanfran (muitas dificuldades em lidar com Ribéry, mesmo num contexto de superioridade numérica dos espanhóis), Saúl (o seu jogo limitou-se a tarefas sem bola) ou Torres (apesar de muito isolado, raramente mostrou capacidade para fazer face à velocidade e agressividade dos centrais do Bayern).

Bayern - Pouco podemos apontar aos bávaros, já que foram imensamente superiores ao seu adversário e só um conjunto de factores como a eficácia (em particular de Muller, Lewandowski e Coman), evidente na grande penalidade falhada ainda no primeiro tempo, algo que está fora do controlo do treinador, ditou este desfecho. É certo que Guardiola demorou em mexer na partida (faz apenas uma substituição que se revelou pouco produtiva), deixando Thiago fora do jogo num momento em que precisava de maior criatividade e frescura para decidir no corredor central, mas no que toca a estancar as transições do adversário, assim como os seus esquemas tácticos, os alemães estiveram a um nível brutal. Apenas consentiram uma transição perigosa, colocaram o adversário sempre longe da sua baliza, evitando livres laterais e bolas nas costas da defesa, o que é de louvar frente a uma equipa que faz desses momentos muito do seu jogo. A nível individual, destaque para um regresso de Ribéry a grande nível à competição (muitos desequilíbrios, a ganhar imensas vezes a linha de fundo) assim como para a exibição dos centrais (impecáveis na abordagem à velocidade dos contra-ataques, para além de acrescentarem muito ao jogo com as suas incursões pelo centro do terreno). No sentido inverso, noite infeliz para o trio da frente, já que tanto Muller (passou ao lado da eliminatória), Coman (decidiu bastante mal as oportunidades que teve nos minutos finais) e Douglas Costa (longe do nível demonstrado ao longo da temporada, o que precipitou a sua substituição) não conseguiram, por razões diferentes, acompanhar o caudal ofensivo da equipa. Com esta eliminação, Pep sairá da Alemanha sem o troféu mais importante a nível de clubes após 3 eliminações consecutivas nas meias-finais.

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