O futebol é o momento... e o momento é de Adrien Silva

Longínquos vão os tempos em que Adrien se estreou na equipa do Sporting. Na altura, num jogo de pré-época, ficou na retina um pormenor de fino recorte técnico. Agora, há duas coisas que ‘amadureceram’: a retina - dos gaiatos que na altura limitavam o encanto a um 'skill' inconsequente -, e o camisola 23 (que na altura era 6). O primeiro aspeto evolutivo permite referir que o luso-gaulês não é um prodígio técnico (por vezes, disfarça) como, em tempos, se pensou que fosse. O segundo (a meias com o primeiro) leva a dizer que Adrien é, atualmente, um símbolo do Sporting. Não foi o golo – numa via que não a autoestrada existiriam fortes possibilidades de coima -, frente à Académica que transporta o médio-centro para o pedestal, mas antes tudo o que ele (Adrien) representa no elenco atual verde-e-branco. Uma sinopse: começou a época a jogar como homem mais recuado na zona nevrálgica - posição onde não encantou, mas também não teve nota 10 (considere-se a escala universitária). O regresso de William fê-lo avançar uns metros e aí começou a aumentar o nível – é, provavelmente, o jogador mais regular na época leonina.

Com o sujeito devidamente identificado, vamos aos predicados: grande capacidade de remate de meia distância – aparece cada vez melhor em zonas de tiro -, intensidade estonteante nas ações, qualidade de passe (maior enfoque na curta e média distâncias) e, um dos termos (preferidos) na gíria, TARIMBA. O seu espaço demorou a conquistar, chegando ao ponto de colocar nos adeptos questões dúbias acerca da sua qualidade. O período na Académica foi determinante – no trilho ainda conquistou uma Taça de Portugal, curiosamente contra a ‘entidade patronal’ – e as portas de Alvalade escancaram-se. Adrien entrou, mas uma vigorosa ‘rajada de vento’ não lhe permitiu assumir logo o protagonismo. Jardim recuperou-o (uma falange de Jesualdo?), Marco Silva ‘ofensivou-o’ (Gelsenkirchen terá sempre relevo no futebol português) e Jesus ‘enlevou-o’. Não é nele que reside a esperança de uma transferência estratosférica (WC (?) e JM têm a palavra), mas poderá ser ele um sustentáculo do sucesso leonino. Não tem o hype de outros, mas a exatidão numérica pode sobrepor-se: no Sporting, é ele e + 10. E no Euro? Será ele e + 22? O passaporte parece ter validade (e o da renovação?)...

O internacional português termina vínculo com o Sporting em 2017. É sabido todo o processo bilioso relativo à precedente renovação – na qual Adrien passou a ser pago a ‘peso de ouro’ -, e todos os episódios (malfadados) que se seguiram, sendo Carrillo o caso mais denunciativo. O peruano fez jus ao cognome, serpenteou Bruno de Carvalho e, por via de uma compaginação sul-americana colocou-se em situação melindrosa. ‘A cobra fumou’ e, para os lados de Alvalade, os efeitos poderão rebentar a médio-prazo. Ninguém garante que se passe algo semelhante com o capitão leonino, mas resolver esta questão deverá assumir-se como caso prioritário para Bruno de Carvalho, sob pena de sofrer (mais) um forte revés.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Renato Santarém

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