Metamorfose Hollywoodesca – ‘O trono’

Julgar livros pela capa jamais pode ser um retrato fidedigno do teor qualitativo de uma obra. Não obstante, um som melodioso tem mais probabilidade de platina que uma letra cabalística.

Paralelizando esteticamente, enuncie-se a versão “Sporting – 2004/05”. O propósito é resenhado, tão e somente para reerguer um comandante trovador, de seu nome José Peseiro. Do regresso ao Ocidente Europeu – que de jato privado não foi feito (opção 3?) – efetuam-se, desde já, duas transições ofensivas:

1 - A ideia de que qualquer um ganha no Porto tem vindo a demonstrar-se falaciosa;
2 - A elite tripartida conta agora com três técnicos portugueses, que prometem discutir taco-a-taco.

Numa ótica de campeonato a três dimensões – dificilmente assim não será -, torna-se estimulante perceber as armas e fraquezas de cada formação. Para tal, dê-se azo a um sexteto fragmentado:

Plantel com mais soluções (até ao momento): FC Porto/SL Benfica

Unanimidade é um termo de difícil aplicação no futebol, com as rivalidades extremas e/ou preferências pessoais a levarem muitas vezes a análises facciosas. No entanto, equipam de azul e vermelho as equipas com mais qualidade ou, por outra, as que mais soluções apresentam. Se isto será sinónimo de refrigério e deleite ninguém pode profetizar - a contratação de Peseiro é uma incógnita, não reunindo condições para receber a cognominação de ‘treinador de créditos firmados’. O discurso incipiente «à Mourinho» terá agradado aos mais otimistas, mas o ceticismo de outros só ficará ultrapassado caso a potenciação de ativos e o registo ganhador fizerem igualmente parte do almanaque. Já Vitória parece atravessar a melhor fase da temporada e tem tudo para continuar, com os regressos de Gaitán, Toto e Semedo a poderem servir de bálsamo a uma equipa já por si bem apetrechada. Resta saber se os melhores ovos fazem a omelete mais saborosa.

Calendário mais acessível: SL Benfica

Os calendários mais ou menos favoráveis são, por vezes, uma falsa questão e este campeonato já demonstrou que os apostadores podem enriquecer caso sejam arrojados. Apesar disso, o clube da Luz parece ter alguma vantagem (teórica) nas dezasseis rondas que faltam disputar: o maior quebra-cabeças parece ser a deslocação a Alvalade, ao passo que no fogo arsenalista, o handicap mouro pode ajudar a resolver primeiro o enigma. Não é ainda de descartar os compromissos europeus, que podem assumir papel decisivo, seja em questões físicas, seja motivacionais.

Melhor treinador: Sporting CP

É inegável que o homónimo do messias é o melhor treinador em Portugal em atividade. E bicampeão, conhece o futebol português como poucos e é o mais experiente entre os candidatos ao título. Um dos seus pontos fracos era a dialética perante a imprensa e é facto que tem feito um trabalho para a melhorar de modo a vencer os mind games com os rivais. Além das vitórias nos bate-boca, Jesus tem vencido maioritariamente bem dentro de campo.

Mais forte no confronto com os rivais: Sporting CP

A equipa que venceu todos os jogos contra os rivais é o incontestável líder neste quesito. Os pupilos do Salvador começaram a ‘brincadeira’ na Supertaça e tomaram-lhe o gosto. Fica na memória a vitória expressiva sobre o eterno rival por 3-0, bem como o selar do destino de Julen, o basco, aquando do 2-0 em Alvalade. Embora tenha perdido alguns pontos com equipas de “outro campeonato”, o registo contra os rivais é crucial na hora de contar os pontos que fazem a diferença.

Mais vitórias por margem expressiva: SL Benfica

Dado irrelevante? Talvez tenha o seu quê de importância. A turma encarnada apresenta um registo atacante demolidor, destronando os rivais de forma contundente (+11 golos que leões e +14 que dragões), o que pode transluzir maior capacidade para derrotar equipas pequenas - os pleonásticos destacarão ainda a diferença de golos negativa nos confrontos com os rivais (-4). A competição ganha-se nos Clássicos (inclusive Braga), mas também nas restantes 28 jornadas.

Visão dos Leitores (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Renato Santarém e Bruno Coelho

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