Craques do futuro V: Um "alemão" em solo português (16.º)

Como para tudo, é essencial definir critérios. Esta rubrica destina-se a jogadores nascidos em 1996. Os parâmetros de selecção são os feitos dos jogadores até ao momento e, principalmente, o seu potencial e o nível (patamares em termos de projecção Mundial) que poderão atingir no futuro. Mesmo considerando que são seniores de 1.º ano ou ainda júniores, já é possível mencionar elementos que nesta fase apresentam algumas destas características.

No meio de tanta revolta com o (não) aproveitamento de jogadores formados no Campus Futebol Caixa, surge na primeira equipa e com papel de destaque no 11 um dos primeiros jogadores que promete dar rendimento desportivo ao clube da luz (contrariamente a nomes que voaram precocemente em virtude de transferências avultadas). Gonçalo Guedes, que tem aproveitado a lesão prolongada de Salvio, entrou na equipa num momento em que parecia estar atrás de Víctor Andrade e não mais saiu. Apesar de ter feito grande parte da formação no corredor esquerdo, a verdade é que esta afirmação tem surgido no lado direito, até pela impossibilidade de o fazer no flanco contrário em virtude do estatuto de indiscutível de Gaitán. O agora estreante na selecção sub-21 de Portugal tem um trajecto de eleição nas camadas jovens nacionais - internacional desde os sub-15 - e um perfil muito distante do habitual extremo latino, mais ainda da última nata que tem saído da formação Portuguesa (Nani, Simão, Quaresma, Bruma etc). Longe da irreverência e imprevisibilidade, que é importante não confundir com falta de técnica ou relação com a bola, Guedes marca a diferença pela forma como aborda a posição, nomeadamente na relação com o golo, nos movimentos procurando constantemente a baliza e no trabalho defensivo que faz ajudando em muito o seu lateral (algo inerente ao jogador e não provocado pela sede de ganhar o lugar na equipa). Para além disso, aos 18 anos é já dotado de uma estrutura física que lhe permite nivelar os duelos individuais e estar constantemente em vaivém no corredor, algo que traz algumas semelhanças à forma como os médios-ala de países como a Alemanha entendem a posição. Certo é que este novo paradigma - que parece estar associado ao novo treinador - dos encarnados tem sido benéfico para o aparecimento de alguns jovens na equipa principal, sendo o jovem extremo um dos principais beneficiários. O jovem extremo tem sido indiscutível no conjunto de Rui Vitória, já bateu mesmo um recorde ao ser o jogador português mais novo de sempre a marcar numa fase de grupos da Champions, e esta afirmação pode abrir-lhe inclusive portas para a selecção principal que se tem visto reduzida e em fim de ciclo para jogadores da sua posição, e como consequência disso irá catapultá-lo para um patamar interessante a nível internacional.

PS: Guedes perfila-se como um dos grandes nomes da geração de 96 em Portugal, algo que é natural não só pela qualidade do atleta, como também pela mediania geral em termos nacionais, onde Diogo Jota (Paços de Ferreira) e Matheus Pereira aparecem como dos poucos que podem rivalizar, neste momento, com o estatuto e qualidade do extremo do Benfica.

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