Uma espécie de plantel de sonho; Mas com o timoneiro certo?

Longe vão os tempos de sucesso sob a batuta de José Mourinho, marcados pela hegemonia interna e pela conquista de uma Liga dos Campeões. O Inter mergulhou numa crise de resultados, entregou a equipa a vários treinadores, contratou inúmeros jogadores, mas, após 4 anos fora do top-4, os adeptos interistas parecem de novo entusiasmados com a sua equipa. O antigo tricampeão italiano Roberto Mancini terá a tarefa de voltar a trazer o Scudetto para Milão, embora o seu regresso à cidade onde foi feliz não esteja até ao momento a correr da melhor maneira: no ano passado, apesar de já ter entrado com a época a decorrer, não foi além de um mísero 8.º lugar. Para conseguir dar outra imagem o antigo futebolista pediu à direcção dos nerazzurri várias contratações e essas solicitações foram satisfeitas, sendo que a formação italiana esteve particularmente activa no fecho de mercado. E na teoria as soluções no elenco parecem ser suficientes para chegar ao título. A defesa ganhou um dos melhores centrais na Europa nos últimos 3 anos (Miranda), as laterais a velocidade de Montoya e Telles, o meio campo a força de Kondogbia, e o ataque a técnica de Perisic, Ljajic e principalmente Jovetic. A tudo isto junta-se a presença de um guardião de Top como Handanovic e um dos potenciais melhores «9» do Mundo, o argentino Mauro Icardi. No fundo, o Inter é mesmo, juntamente com a Roma, a equipa mais capacitada para quebrar a hegemonia da Juventus, a dúvida parece estar na capacidade de Mancini em aproveitar todos estes recursos.

GR: Samir Handanovic, Carrizo, Berni – Apesar de alguma irregularidade que o impede de ser um dos melhores guarda-redes da Europa, Handanovic é, sem dúvida, uma opção bastante válida para a baliza e manterá o seu lugar no 11. Carrizo manter-se-á como eventual alternativa e o veterano Berni será apenas uma opção de último recurso. Diga-se ainda que o promissor Bardi foi cedido ao Espanyol.
DD: Santon, D’Ambrosio, Montoya (Barcelona) - O antigo lateral do Torino era demasiado curto para o 11, pelo que, numa bela operação de charme, o Inter garantiu o empréstimo de Montoya. Tapado no Barcelona por um super Daniel Alves, o espanhol tentará, aos 24 anos, relançar a carreira em Milão. D’Ambrosio será uma das alternativas, oferecendo ainda o plus de poder actuar também do lado esquerdo da defesa, tal como Santon que, caso não tenha lesões, até deve ser a primeira opção para o 11.
DC: Miranda (Atlético Madrid), Ranocchia, Murillo (Granada), Juan Jesus, Vidic – No eixo defensivo, Thohir investiu forte e ofereceu dois sul-americanos neste defeso a Mancini. Ambos titulares na última Copa América, Murillo (jogador revelação da referida competição) e Miranda partirão em vantagem na luta pela titularidade, sendo que, caso Mancini opte por um sistema que contemple três centrais, Juan Jesus também poderá ocupar um desses lugares. Por outro lado, é necessário contar ainda com a dupla de centrais titular na época passada. Vidic, apesar de alguma veterania, continua a acrescentar a sua qualidade, enquanto que Ranocchia continuará a ser uma opção muito válida, até por ser um dos líderes do plantel e o capitão de equipa.
DE: Alex Telles (Galatasaray), Dodô, Nagatomo – Na lateral esquerda, Alex Telles foi garantido no fecho do mercado e deve ter lugar cativo, numa posição onde o adaptado Juan Jesus vinha sendo o titular. Por outro lado, Santon, que desempenha com idêntica qualidade ambas as laterais deve ser a alternativa, enquanto que D'Ambrosio, tal como Juan, também pode desempenhar esta missão. Por fim, Nagatomo esteve para sair e tal como Dodô deve ter poucas oportunidades.
MDF: Gary Medel, Felipe Melo (Galatasaray) – Na posição 6, o "Pitbull" deve ser a primeira opção, reaparecendo na nova época revigorado após a conquista da Copa América e podendo oferecer a habitual agressividade, capacidade de marcação e rigor táctico. Como alternativa surge Felipe Melo, outro jogador pescado no Galatasaray e que regressa agora a Itália para concorrer por um lugar no meio-campo, acrescentando a sua experiência e tendo um perfil semelhante a Medel,apesar de ser um elemento com mais dimensão ofensiva.
MC: Kondogbia (Mónaco), Guarín, Brozovic, Gnoukouri – Apesar da saída de Kovacic, que até era utilizado por vezes a pivot defensivo, o sector intermediário está muito bem composto. Kondogbia, reforço mais caro dos interistas, acrescentará a sua capacidade física e qualidade no transporte de bola, podendo inclusive ser útil na posição de médio mais defensivo se for necessário. Já Brozovic (médio muito completo) pegou de estaca no meio-campo desde que aterrou no Giuseppe Meazza,  mas em face da concorrência até pode perder o lugar. Por outro lado, Guarín, um dos preferidos de Mancini, deve fazer parte do quarteto de meio-campo, sendo um dos melhores médios do futebol europeu. O colombiano garante, força, transporte de bola e remate, algo que até lhe pode permitir actuar no vértice mais ofensivo do losango. Por fim, o jovem Gnoukouri tentará afirmar-se esta temporada e certamente que terá direito a muitos minutos.
MO: Perisic (Wolfsburgo), Ljajic (Roma) - Na zona mais adiantada do meio-campo, duas novas coqueluches para Mancini explorar. Hernanes saiu para a rival Juventus, mas os nerazzurri colmataram muito bem essa saída, que se soma à de Kovacic, outro jogador que podia fazer o lugar. Perisic, jogador enamorado pela formação italiana durante todo o defeso, foi garantido na recta final e, apesar de não ter um grande papel no Wolfsburgo, tudo indica que no Inter seja a primeira opção do treinador para ligar o meio-campo com o ataque. O croata, com a sua técnica, velocidade, capacidade no um contra um e poder de finalização irá ser uma mais valia clara para a equipa, tendo ainda a facilidade de poder actuar nas alas e permitir uma variação de sistema. Características idênticas possui Ljajic, um médio ofensivo de grande qualidade técnica, criativo e muito forte nas bolas paradas, que acabou por ser cedido pela Roma, numa política habitual em solo italiano. O sérvio tem contra si a sua irregularidade, mas tem grande qualidade e é necessário ainda realçar que também já está perfeitamente identificado com a liga italiana. Por fim, Guarín pode igualmente desempenhar esta função com distinção.
AV: Mauro Icardi, Rodrigo Palacio, Jovetic (Man City), Biabiany (Parma) – No ataque mora o melhor marcador da última Serie A. Icardi é um dos avançados sub-23 com maior qualidade no futebol europeu, podendo mesmo chegar ao patamar dos melhores a curto prazo. Por outro lado, Palacio poderá formar novamente dupla com o seu compatriota, embora a chegada de um elemento como Jovetic vá acrescentar outra homogeneidade e qualidade ao sector, sendo provável que roube a titularidade a Palacio. O montenegrino, que já começou a decidir, estava tapado no Ettihad e como tal poderá aproveitar este regresso ao campeonato que o lançou na alta roda do futebol europeu, tornando-se no complemento perfeito do ponta de lança nascido em Rosário. Por fim, Biabiany deverá ser uma opção de recurso e que até pode permitir a Mancini dar outra largura ao ataque, tendo o francês a vantagem de estar habituado ao campeonato e podendo acrescentar a sua grande velocidade.

Saídas: Bardi, Andreolli, Mbaye, Felipe, Campagnaro, Jonathan, Khrin, Joel Obi, Kovacic, Kuzmanovic, Schelotto, Taider, Hernanes, Shaqiri, Daniel Bessa, Laxalt, Botta, Samuele Longo.
Entradas: Montoya, Miranda, Murillo, Alex Telles, Felipe Melo, Kondogbia, Ljajic, Perisic, Biabiany, Jovetic.

Visão do Leitor: Rodrigo Ferreira

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