FC Porto versão 2015-16: "All-In", a Sequela

Tudo ou nada. É assim que o FC Porto vai encarar esta época, depois de um ano em que, apesar do forte investimento, ficou em branco. Ou então não, e daqui a um ano, como agora fazemos numa espécie de repetição de 2014, vamos voltar a repetir este discurso. Independentemente do All-In, que como os portistas estão a demonstrar parece ter "sete vidas", a chegada de Lopetegui e a "espanholização" do plantel não foram suficientes para derrotar o Benfica de Jesus, e a apatia demonstrada nos jogos com o rival tiveram um impacto decisivo nas contas da temporada. Mesmo com reforços a pedido, como Marcano, Óliver, Casemiro ou Tello, as ideias do técnico basco demoraram a ser assimiladas e os dragões apenas se tornaram uma equipa temível na segunda metade da época (a exibição em casa contra o Bayern ficou na memória). Esta temporada as exigências serão ainda maiores e não há margem de erro para Lopetegui, que mostrou ser um adepto da rotação. O plantel permite-lhe isso, já que é claramente o melhor do campeonato e voltou a merecer um grande investimento. Apesar da saída de Jackson, que ainda deverá ser colmatada, e de faltarem alguns reforços (um central, um "10" e um extremo), Maxi, Casillas, Imbula e Bueno, para além dos portugueses Sérgio Oliveira, Danilo e André André, são soluções de qualidade e podem fazer a diferença num ano que se espera exigente e desgastante. Há vários objectivos para os portistas, mas a prioridade é só uma: voltar a ser campeão nacional. O Benfica, com a saída de Jesus, terá de se adaptar a uma nova realidade e não deverá ter a mesma força que demonstrou, mas o Sporting, com a chegada do treinador campeão pelas águias, pode ser uma ameaça mais séria. Tudo o que não seja o título será um fracasso tremendo, sendo que a repetição da excelente prestação europeia é também uma das ambições para o novo ano, bem como uma campanha mais positiva nas Taças. Neste sentido, o Visão de Mercado aponta aquele que poderia ser uma espécie de plantel ideal para os azuis e brancos:

GR: Casillas (Real Madrid), Hélton, Gudiño - Iker vai ser o maior foco da época em Portugal, tudo que dizer será esmiuçado, irá proporcionar muitas capas e comentários, e com naturalidade será o titular na baliza portista. Para lhe fazer sombra há o capitão Hélton, que, aos 37 anos, quererá provar que ainda é uma opção válida. Já Gudiño, promissor guardião com um perfil parecido a Courtois, deve ser o dono da posição na equipa B e o terceiro guarda-redes da equipa principal.
DD: Maxi Pereira (Benfica), Ricardo Pereira - O ex-Benfica foi outra das bombas do mercado e depois da saída de Danilo para o Real Madrid vai ser o dono do lugar. Ricardo Pereira deverá voltar a ser aposta para a posição, podendo também somar minutos mais à frente.
DC: Gil (Corinthians), Marcano, Maicon, Indi - Os azuis e brancos precisam de um central, de preferência alguém que jogue do lado direito. É que Indi foi exibindo as suas lacunas com o decorrer da temporada, Maicon a cada ano que passa exibe menos qualidade e Lichnovsky nem na B demonstrou uma capacidade que o distinga dos demais. Sobra Marcano, que é nesta fase o melhor central do FC Porto, mas é curto. O problema é que os bons elementos para esta posição são poucos e caros. Rudiger (Estugarda) tem sido falado, mas o seu histórico de lesões condiciona, como tal, uma solução pode passar por Gil, que é na actualidade o melhor central a jogar no Brasil. Um jogador alto (1m93), imperial no jogo aéreo, com muita presença e que tem melhorado ao nível da saída de bola. Uma transferência que iria obrigar a um bom investimento, mas o Timão precisa de realizar encaixes e há umas semanas circulou o rumor que o internacional pelo Brasil tinha salários em atraso. Uma opção ainda mais interessante seria Tiago Ilori, pela qualidade técnica, velocidade, e talento que apresenta, ainda por cima português, o que é uma raridade no 11 portista, colmatava uma lacuna, mas, apesar de não ter espaço no Liverpool a cláusula que o Sporting colocou no negócio quando vendeu o sub-21 aos Reds complica um potencial negócio.
DE: Alex Sandro, José Ángel - A situação contratual periclitante do brasileiro obriga Pinto da Costa a resolver este problema com pinças. Pretendentes não faltam, uma vez que estamos na presença de um dos 10 melhores laterais esquerdos do Mundo, mas os azuis e brancos não se podem arriscar a perder mais um titular. Assim, é natural que exista um esforço financeiro para renovar com o ex-Santos, prometendo-lhe eventualmente a saída na próxima época, algo habitual na política de mercado dos dragões. Por outro lado, apesar de ainda não ter convencido a massa adepta, José Ángel será a alternativa.
MDF: Rúben Neves, Danilo Pereira (Marítimo) - Na posição 6, duas opções com um perfil futebolístico distinto. Rúben Neves foi a revelação do início de temporada no ano transacto, devendo somar mais minutos ainda esta época como manda a lógica. O pivot defensivo poderá dar uma grande qualidade de passe e visão de jogo ao início de construção da equipa, mas, por outro lado, é natural que em determinados jogos Lopetegui procure um médio defensivo com outras características. O reforço Danilo será esse elemento, acrescentando a sua capacidade de física e nos duelos, intensidade, jogo aéreo e qualidade no transporte de bola.
MC: Imbula (Marselha), Herrera, André André (V.Guimarães), Sérgio Oliveira - O senhor 20 milhões (contratação mais cara de sempre do futebol português, o que demonstra a aposta do FC Porto para esta época) deverá ter um lugar assegurado no 11. Médio muito completo, com boa qualidade de passe, de transporte e de chegada à área, oferecendo ainda dimensão física ao sector intermediário. Como concorrentes directos terá o habitual titular da época passada Herrera, um jogador que até poderá sair mediante uma boa proposta, André André, filho de uma antiga glória do clube e que está a agradar nesta pré-época com a sua capacidade de pressão, recuperação de bola e ocupação do espaço central, e, por fim, Sérgio Oliveira, um activo que deu nas vistas no Europeu sub-21 e que após uma época bem sucedida no Paços de Ferreira regressa revigorado à casa que o formou. Com tantas soluções, Evando, apesar de até oferecer mais criatividade que André e Oliveira, devia sair, principalmente se entrar o médio ofensivo que os azuis e brancos pretendem.
MO: Belhanda (D. Kiev), Bueno (Rayo Vallecano) - Lucas Lima ou Óliver devem reforçar o FC Porto - Pinto da Costa não ia anunciar publicamente que tinha interesse nos jogadores sem ter uma garantia - mas caso isso não aconteça, uma solução, que até podia ser a 1.ª, pode passar pela aquisição de Belhanda. O marroquino não se impôs no D. Kiev, inclusive há uma forte hipótese que regresse a França neste Defeso (o Lyon está a tentar garantir a sua aquisição por empréstimo), mas encaixava na perfeição no conjunto de Lopetegui. É criativo, forte no passe, tem golo e faz muitas assistências, podendo ser igualmente utilizado na posição de extremo. Mas, independentemente de quem entre, a falta de criatividade e de capacidade para desequilibrar no espaço central é uma das lacunas da equipa, sendo que a entrada de Bueno, um dos 5 melhores marcadores da última La Liga, poderá permitir ao treinador basco contar com um activo capaz de permitir uma certa variação táctica e também de acrescentar visão de jogo e presença na área adversária.
EE: Brahimi, Moses Simon (Gent) - O FC Porto na teoria tem 4 bons extremos, o problema é que nenhum é regular, muito pelo contrário. Brahimi só rendeu 3 meses, Tello, se excluirmos o hattrick ao Sporting, fez apenas uma época normal, Varela nunca foi de Top e, apesar de até ter fortes possibilidades de ser titular, devido a ser mais consistente e ser mais acutilante sem bola, não é agora que vai ser aquele elemento que decide partidas, e Hernâni não demonstrou, ainda, ter o necessário para ser titular. Como tal, a contratação de Lamela (Tottenham) ia resolver uma das lacunas "invisíveis" deste plantel. Mas como não acreditamos que chegue alguém com "peso" para esta posição, até para não bloquear o espaço que parece reservado a Brahimi e Tello, a ser contratado algum elemento à partida será uma opção de futuro. Neste sentido, Pione Sisto tem sido falado mas Moses Simon, do Gent, seria uma solução mais interessante. Um jogador explosivo, desequilibrador nato e que, apesar de ter apenas 20 anos, foi um dos jogadores mais decisivos no último campeonato belga.
ED: Tello, Varela- Saiu Quaresma, Hernâni também devia ser transferido (é pretendido pelo Olympiacos), mas será interessante verificar que extremo irá assumir a titularidade. Tello dá largura, profundidade e capacidade de agitar as partidas com a sua velocidade, poder no um contra um e até de finalização. Varela é mais regular, mais consistente, equilibra melhor a equipa, e, apesar de não apresentar a mesma velocidade e capacidade nas acções individuais, tem igualmente golo.
PL: Osvaldo, Aboubakar, André Silva - Jackson foi o abono de família nos últimos anos (92 golos em 3 épocas), sendo que além do seu fantástico poder de finalização era um elemento preponderante no modelo de jogo dos azuis e brancos, uma vez que participava na construção de jogadas, pressionava e dava profundidade à equipa quando necessário. No entanto, o Atlético bateu a sua cláusula de rescisão, o que vai proporcionar uma nova Era no Dragão. Osvaldo parece ser o eleito para ocupar a vaga no ataque, um jogador peculiar, que nos últimos 2 anos passou pelo Southampton, Inter, Juventus e Boca, mas talentoso. Mesmo assim, uma aposta no excedentário Soldado fazia mais sentido. O espanhol não parece contar para o Tottenham, mas é um goleador (nos 3 anos que esteve no Valencia marcou 81 golos) e mais profissional. Outro avançado que está no mercado é Negredo, que até tem um perfil semelhante ao de Jackson, o problema é que é só o jogador mais bem pago do plantel do Valencia. Para concorrer com Osvaldo há Aboubakar, que não tem a mesma qualidade técnica e visão de jogo, mas tem características que criam mossa nos adversários e sempre que foi chamado correspondeu com golos. O ex-Lorient até pode aproveitar o facto de ser o único avançado que transita da época passada para ganhar um lugar no 11. Por fim, André Silva tem sido testado nos estágios de pré-temporada e, apesar do seu talento e do óptimo Mundial sub-20 que realizou, é provável que continue a evoluir na equipa B, sendo apenas uma 4.ª opção na equipa principal, depois de Osvaldo, Aboubakar e Bueno.

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