Que reacção incrível da equipa de Marco Silva (e 80% do troféu é dele). Mesmo durante 100 minutos contra 10, e depois de estar a perder por 0-2, o Sporting superou o Braga e conquistou pela 16.ª vez a Taça de Portugal (igualou o FC Porto). Um título que permite aos leões quebrar um jejum de conquistas que durava desde 2008, depois de uma final (a 1.ª resolvida nos penaltis na história da competição) imprópria para cardíacos. O Sp. Braga teve o pássaro na mão mas, mesmo durante quase todo o jogo em superioridade numérica, não conseguiu aproveitar e foi derrotado pela 4.ª vez na decisão. Mérito de MS que (além de ter chegado a esta fase num contexto interno adverso, mesmo depois de ter vencido no Dragão) mexeu bem na equipa, mesmo depois de erros absurdos de Cédric, Oliveira, Jefferson e Miguel Lopes, e com Mané (a lateral direito) e Montero, ao lado do incansável Slimani, juntou o 1.º título ao seu palmarés. Mas também demérito de Sérgio Conceição, que exagerou no jogo defensivo (até no anti-jogo), mesmo a ganhar por 2-0 e durante quase todo o jogo contra 10, e acabou por "morrer na praia".
Quanto à partida, o Sporting entrou melhor, a mandar no jogo, Nani foi mesmo o primeiro a ameaçar, mas aos 15 minutos dá-se um dos momentos do encontro. Com o Braga, por Éder, de penalti, a chegar à vantagem na sequência do 1.º ataque que faz. Djavan ganha a Cédric no meio campo, acelera, Oliveira tem uma abordagem de infantil, e Cédric já na área comete uma penalidade absurda. Os leões tentaram reagir, William esteve perto numa recarga a um livre. Mas na sequência de um canto do Sporting os gverreiros na transição fizeram o 2-0. Rafa ganha a dividida a Miguel Lopes (o lateral leonino foi muito macio) ficou num 2 contra 1 com Jefferson, que lhe deu todo o espaço do Mundo, ganhou metros e bateu Patrício com facilidade. O Braga ia marcando tudo o que criava, e o Sporting, que nesta fase acusava o nervosismo, ia desperdiçando. Slimani isolado atrapalha-se com a bola e permite a defesa a Kritsyuk. Pouco depois o argelino bem assistido por Miguel Lopes recebe na área mas volta a permitir a intervenção da defensiva minhota. No canto quase golo de Ewerton mas Kritsyuk volta a defender. Na 2.ª parte, o Sporting entrou mais lento. O Braga também estava bem organizado e não permitia desequilíbrios. Aos 15 minutos, o 1.º lance de semi-perigo, numa iniciativa de Mané, que tinha substituído o apagado Carrillo, entra na área mas nem chega a rematar. Pouco depois Éder numa transição obriga Patrício a uma boa defesa, num dos poucos lances do Braga no 2.º tempo. Marco Silva não se conformava e fez entrar Montero para o lugar de Miguel Lopes recuando Mané para lateral direito. E o Sporting reagiu. Kritsyuk tem uma má saída Nani toca para trás mas Slimani permite a intercepção de Aderlan. Pouco depois Kritsyuk tira o golo a Slimani num dos melhores lances do Sporting, com o argelino a cabecear com estilo depois de um cruzamento de Jefferson. Mas Slimani, só podia ser ele, não desistiu e reduziu mesmo. O argelino ganha uma bola à entrada da área depois de uma má saída de Kritsyuk, e bate finalmente o russo com um remate fraco mas colocado. O Sporting acreditou e nos descontos, quando parecia que o jogo estava terminado, num balão para a frente de Paulo Oliveira, Santos aborda mal o lance e Montero sozinho toca a bola para o 2-2, levando o jogo para o prolongamento. Nessa fase, o Braga teve mais bola na parte inicial mas a 1.ª oportunidade pertenceu ao Sporting, com Nani num remate em arco a ficar muito perto do golo. Na 2.ª parte do prolongamento, com a defesa do Sporting desequilibrada (Jefferson mais uma vez desastrado) Agra em boa posição rematou para defesa de Patricio. No lance a seguir Mauro trava uma transição do clube leonino vê o 2.º amarelo e é expulso, deixando as equipas em igualdade passado 100 minutos. Uma igualdade falsa já que muitos já não tinham forças e denotavam o desgaste físico. Sendo que a decisão até aos penaltis não surpreendeu. Nessa fase, a 1.ª vez que aconteceu em 75 edições da Taça. Alan fez o 1-0, Adrien empatou. mas Patricio defendeu o remate de André Pinto e definiu a tendência. Os leões não falharam (Nani e Slimani) e o Braga não voltou a marcar (Agra e Éder nem acertaram na baliza).
Marco Silva - O título é muito dele. Pelo trajecto (eliminou o FC Porto no Dragão), pela maneira como foi pressionado internamente e principalmente pelo seu papel nesta final. Mesmo com uma defesa limitada (Cédric e Lopes com erros infantis, Jefferson e Oliveira também ficaram mal na fotografia) e a condicionar a equipa, como aconteceu várias vezes esta época, o treinador leonino conseguiu encontrar uma formula (esteve excelente nas substituições) para contrariar todas as adversidades e dar um troféu ao Sporting, algo que ninguém conseguia há 7 anos.
Sporting - Que resposta épica, numa temporada que termina com saldo positivo. Os leões viram-se em desvantagem numérica e no marcador fruto de erros individuais dos seus laterais direitos, mas, com mérito, corrigiram a situação nos minutos finais da 2ª parte e nas grandes penalidades tiveram outra tranquilidade. Em termos individuais,
Patricio assumiu o protagonismo (ao evitar, quando até estava lesionado, o 2-3 no prolongamento e depois a defender a penalidade de André Pinto na decisão),
Ewerton foi um esteio na defesa e provou que foi uma aquisição bem conseguida,
Nani enquanto teve pernas foi a melhor unidade em campo,
Slimani, apesar de algo trapalhão, deu o mote para a reviravolta (insistiu tanto que acabou por conseguir), sendo que a entrada de
Montero se revelou crucial. O colombiano além do golo apresentou sempre uma grande lucidez em todos os seus movimentos, tendo sido importante para uma maior liberdade concedida a Slimani.
William (algo lento na 1.ª parte) foi subindo de produção ao longo do jogo, enquanto que Mané se revelou uma importante ajuda do lado direito. Por outro lado,
Cedric (no mesmo lance cometeu 2 erros sendo que um deles podia ter condenado o Sporting) e
Miguel Lopes (mal no 0-2) poderiam ter comprometido esta Taça,
Carrillo esteve bastante apagado e
Jefferson também se revelou muito displicente nesta partida (deixou uma avenida em vários lances para os extremos do Sp. Braga e também abordou mal o lance no 0-2). Nota ainda para o 8 e 38 de
Paulo Oliveira. Que teve um erro de principiante no lance do 1-0, sentiu algumas dificuldades com Éder, mas aumentou o nível na fase final.
Sp. Braga - Uma tarde que poderia ser histórica (gverreiros não vencem a Taça desde 1966) virou em pesadelo em poucos minutos. Os minhotos desde cedo demonstraram qual seria a sua estratégia, aquela que vinha sendo habitual durante toda a época. A boa organização defensiva e a eficácia foram as receitas durante grande parte do encontro, bem como o aproveitamento do espaço e dos erros cometidos pelo adversário para as suas mortíferas transições rápidas. Mas pecaram em segurar o 2-0 quando até tinham tudo para aumentar a vantagem e depois cometeram erros defensivos em superioridade que acabaram por penalizar a atitude da equipa. A nível individual, Kritciuk teve uma prestação irregular, tanto foi um muro como teve lapsos nas saídas, Pardo e Rafa foram duas setas apontadas à baliza de Patrício (Agra também agitou), enquanto que Mauro e Luiz Carlos conseguiram anular o meio-campo adversário durante quase todo o encontro. Por outro lado, Santos fica ligado ao golo de Montero, Ruben Micael pouco acrescentou e Alan revelou já alguma lentidão para um jogo desta exigência, e também começou com a sua entrada em campo a apatia dos minhotos.