Os 10 maiores erros da temporada 2014/2015

"Falar depois é fácil". Mas a época futebolística que agora está a terminar ficou marcada por alguns erros ou por certas abordagens e decisões que tiveram um papel importante no nascimento de fracassos. Aqui se perfilam os 10 maiores erros da temporada e a análise às respectivas consequências.

Real Madrid ter abdicado de Di Maria - O médio argentino, que teve um papel fundamental na época em que os merengues conquistaram a Décima, estava como peixe na água naquele sistema de Ancelotti (funcionava como interior e fechava o flanco esquerdo, poupando Ronaldo de tarefas defensivas). No entanto, algumas divergências entre os dirigentes e o próprio Di María fizeram com que as portas se abrissem depois do Mundial 2014, em que o argentino foi finalista vencido. Rumou para o Manchester United a troco de 75M€, mas ficou um grande vazio no Bernabéu. A sua intensidade, energia, assistências e estabilidade que dava ao conjunto merengue não conseguiram ser colmatadas (James é um elemento completamente diferente) e a saída de Di María acabou por ser um dos maiores erros da temporada.

A aposta do Milan em Inzaghi - É certo que os rossoneri, assim como o próprio futebol italiano, estão mergulhados numa crise assinalável, mas este tipo de decisões também não ajudam. Depois do fiasco que foi a experiência com Seedorf (Jorge Jesus chegou a ser negociado), os milaneses voltaram a apostar num ex-jogador, neste caso Filippo Inzaghi. O lendário avançado orientava os juniores do AC Milan, mas desde cedo mostrou que não tinha capacidades para assumir a equipa principal. Os dirigentes do emblema rossoneri mantiveram a aposta em Inzagui, no entanto o futebol foi deplorável e o clube ficou mais um ano sem conseguir marcar presença nas competições europeias.

A insistência em Iker Casillas - José Mourinho é que tinha razão. Na temporada passada Diego López foi o n.º1, fazendo 37 jogos e dando segurança à defensiva merengue. No entanto, o guardião espanhol foi, algo surpreendentemente, vendido ao AC Milan e Iker Casillas voltou à titularidade, pese embora a entrada de Keylor Navas. Com a aposta no capitão da Roja voltou a instabilidade. São conhecidas as fragilidades de Casillas em vários factores do jogo (saídas nas bolas aéreas, insegurança que dá à defensiva e alguns frangos) e esta temporada acabou sob forte contestação do Bernabéu, tanto que De Gea promete ser mesmo contratado. Um erro que acabou por resultar em vários pontos perdidos.

A má visão de mercado do Dortmund - A saída de Robert Lewandowski (a custo zero para o rival foi um rude golpe), assim como a lesão de Marco Reus, obrigava Klopp a uma forte investida no mercado. Foram gastos mais de 40 milhões de euros em 3 jogadores, mas as escolhas acabaram por não ter impacto rigorosamente nenhum. Immobile tinha algum hype da época anterior na Serie A, mas o seu estilo não encaixou ao Dortmund (acabou suplente em muitos jogos), enquanto que Ramos, vindo do Hertha, foi um alvo completamente falhado. Kevin Kampl, que custou 12 milhões de euros, tem talento, embora não tenha conseguido mostrar todo o seu valor.

A escolha de Falcao - O Monaco, no último verão, decidiu cortar nas despesas e libertou alguns dos seus pesos pesados. James foi para o Bernabéu e Radamel Falcao, que ainda estava bastante cotado apesar da lesão que o retirou grande parte da temporada, optou por rumar à Premier League. Pela primeira vez num emblema de top, o colombiano - que custou 10 milhões de euros só pela cedência - desiludiu bastante e chegou a ser suplente de James Wilson (4 golos em 30 jogos). Ou seja, perdeu o clube (que não teve uma alternativa válida a Van Persie) e o jogador (que passou de rotulado como um dos maiores avançados do Mundo para o rótulo de flop).

As contratações do Liverpool - A temporada passada deixou grandes expectativas nos adeptos dos Reds. A turma de Rodgers terminou a época a apenas 2 pontos do campeão City e o futebol praticado era atractivo e colocava o Liverpool como uma das equipas mais entusiasmantes para o futuro. No entanto, a abordagem a esta nova temporada foi tudo menos inteligente. Os 81 milhões de euros encaixados com a saída de Suárez foram claramente mal aproveitados. O ataque foi reforçado com Mario Balotelli (20M€ ao AC Milan) e Ricky Lambert (7,5M€ ao Southampton), mas nenhum deles conseguiu vingar (o italiano fez apenas 1 golo na Liga e juntou mais um par de polémicas à sua carreira, enquanto que o inglês mostrou não ter qualidade para os reds). Rodgers também investiu muito em Lovren (central mais caro da história do Liverpool), mas o croata foi um dos grandes flops da temporada.

Guardiola ter prescindido do Shaqiri - Era difícil de prever esta onda de lesões que assolou o plantel do Bayern, mas a decisão de transferir o internacional suíço para Milão deverá ter deixado algum peso na consciência em Guardiola. Shaqiri tinha sido apenas 3 vezes titular esta temporada e a ausência de minutos suscitou a saída para o Inter a troco de 15 milhões de euros, onde nem sequer rendeu, ainda assim há a plena convicção que a potência, velocidade e irreverência do canhoto tinham sido grandes armas para esta ponta final dos bávaros, já que a equipa de Pep ficou algo carente em termos ofensivos, principalmente nos jogos da Champions. Mesmo Hojberg podia ter tido mais oportunidades nesta 2.ª metade da temporada.

Di Matteo no Schalke - A derrota da formação de Gelsenkirchen na 7.ª jornada da Bundesliga, diante do Hoffenheim (2-1), resultou no despedimento de Keller, sendo que o seu sucessor seria Roberto Di Matteo (afastado do Chelsea desde 2012/2013). O técnico italiano, apesar de ter feito um bom trabalho ao fazer regressar o West Brom à Premier League, sempre foi conhecido por ser quase uma opção de recurso (foi assim em Stamford Bridge) e, mesmo tendo ganho a Champions pelos blues, nunca pareceu ter grandes capacidades para levar uma equipa a praticar um futebol atractivo e entusiasmante. Pelo Schalke 04 não conseguiu ir além do 6.º lugar e teve mesmo alguns períodos em que esteve 4/5 partidas sem conhecer o sabor da vitória. Acabou despedido e, para culminar, ainda foi o responsável por dois dos melhores elementos, Sidney Sam (reforço da presente temporada) e KP Boateng (um dos jogadores com o salário mais elevado) saírem com rescisão de contrato.

Newcastle ter deixado Pardew sair e nem sequer ter cuidado da sua substituição - Alan Pardew, que vinha fazendo um bom trabalho em St. James Park optou por sair a meio da época, quando o clube estava numa posição confortável, para regressar ao seu Crystal Palace, mas o Newcastle não tratou do caso com prontidão e preferiu manter John Carver, então treinador interino. Desde que Carver assumiu o comando, a equipa obteve 3 triunfos, 3 empates e... 13 derrotas (8 delas de forma consecutiva). Os magpies estiveram muito perto de descer ao Championship, no entanto a vitória final diante do West Ham, com Jonas Gutierrez como herói, evitou o descalabro de uma formação histórica.

A confusão em torno de Yaya Touré - O "que nasce torto tarde ou nunca se endireita". Uma época muito estranha e que deve culminar com o adeus ao City, O internacional costa-marfinense foi protagonista de muitos casos e o mais determinante teve origem, logo no Verão, no esquecimento do emblema de Manchester em lhe dar os devidos parabéns no seu aniversário. Algo que começou logo a criar muita especulação sobre a sua saída. Não saiu, mas a verdade é que também não rendeu. Tendo apresentado números e exibições insuficientes, principalmente tendo em conta o fez na época passada, onde, apesar de ser médio, foi o 3.º melhor marcador da Premier League. Um melhor cuidado com esta situação do costa-marfinense (nem que tivesse implicado a sua transferência) poderia ter sido fundamental para revalidar o título de campeão.

Ruben Silva

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