Semana decisiva para o FC Porto. Os dragões jogam esta terça-feira o acesso às meias-finais da Liga dos Campeões, defendendo em Munique a vantagem alcançada na primeira mão, deslocando-se no Domingo à Luz para aquele que pode e deverá ser o jogo que define quem será o próximo campeão nacional.
Daqui a uma semana, os adeptos portistas podem estar em êxtase, na ressaca de dois triunfos preciosos, ou em profunda depressão, após dois desaires irremediáveis.
Pode parecer injusto, jogar assim um ano de trabalho num espaço de de tempo tão curto, mas a verdade é que, pesados os argumentos, a época do All-in, expressão usada no poker, reduz-se a este espaço temporal de cinco dias.
Mas não é só esta época que está em jogo, pois os resultados obtidos podem ter consequências para o futuro próximo do Porto. Sair derrotado da Luz significa mais que perder o campeonato, significa ficar dois anos em branco a nível de títulos internos, e permitir ao Benfica um feito, o da revalidação do título, que lhe foge há 30 anos. Ou seja, coloca em causa a tal hegemonia que uns possuem, e outros almejam.
Outra questão é saber de que modo o resultado do jogo de Munique irá condicionar o jogo da Luz. O resultado, o desgaste físico, o moral no final do jogo de Terça decerto pesarão no jogo de Domingo. Até porque num tudo ou nada, se o primeiro objectivo for falhado, a pressão para o segundo aumenta desemsuradamente.
Ser eliminado em Munique, embora normal dada a conjuntura internacional, será também um rude golpe num clube que defende uma tradição de não baquear nos momentos decisivos. A confiança dos adeptos e comentadores portistas, aliada a uma certa balbúrdia que parece reinar na Baviera, é demonstrativa de que passar esta eliminatória é, não uma obrigação, mas um objectivo perfeitamente ao alcance dos portistas, o que só vem aumentar a responsabilidade da equipa, e colocar sobre esta uma pressão que não existia aquando do sorteio.
E se há algo pelo qual os adeptos portistas são conhecidos, é por serem exigentes, pelo que falhar não é de momento uma opção aceitável. O problema é que o conjunto tem baqueado nos momentos decisivos. Foi assim na Taça frente ao Sporting, em que foram dominados a toda a linha, foi assim aquando da recepção ao Benfica na primeira volta da Liga, em que levaram uma lição de eficácia e pragmatismo. A dúvida é se, com uma equipa mais consolidada, e um treinador mais adaptado à nova realidade, teremos desta vez um desfecho diferente.
Este cenário lembra um pouco o Sporting de José Peseiro, que jogou duas "finais" quase que consecutivamente, e da glória iminente passou ao zero. E recordando o que se passou nesse caso, o debacle leonino significou que Peseiro perdeu por completo a margem de manobra que possuía, sendo despedido prematuramente na época seguinte. Lopetegui, que ainda não ganhou margem para atenuar este tipo de quedas, caso falhe por completo fica de imediato condicionado para a temporada que se segue, e se nesta as coisas não começarem a preceito, a sua cabeça rolará tal bola em relvado.
Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Nuno Ranito
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