Com Messi a este nível não há rival à altura



Manchester City 1- Barcelona 2 (Luis Suárez 16' e 30'; Aguero 69')

O Barcelona deu um passo de gigante rumo aos Quartos-de-Final da Liga dos Campeões, ao vencer em Inglaterra o Manchester City por 2-1, com dois golos de Luis Suárez (no regresso a Terras de Sua Majestade teve a sua melhor atuação pelos Culés) a responderem ao tento de Kun Aguero. Com este resultado, o conjunto de Pellegrini fica obrigado a vencer (e a marcar, pelo menos, duas vezes) em Camp Nou. A eliminatória poderia até já ter ficado sentenciada, não só pelo verdadeiro "banho de bola" que a equipa de Luis Enrique deu na primeira parte, mas também pela Grande Penalidade desperdiçada por Messi no último lance da partida. Por outro lado, os Citizens também ficam a lamentar a expulsão de Clichy numa fase, logo após o golo de Aguero, em que estavam por cima no jogo.

 Ao contrário do que sucedera há uma ano, Pellegrini não condicionou o seu onze ao adversário, colocando de início Silva, Nasri, Dzeko e Aguero. No entanto, esta opção correu da pior forma: o meio-campo estava, constantemente, em inferioridade numérica, não conseguia recuperar a bola nem pressionar (só Fernando tinha essas características) e a sua linha defensiva estava sempre exposta perante os avançados do Barça. As primeiras oportunidades de golo chegaram, assim, com naturalidade, com Messi a permitir um grande corte a Demichelis e Suárez a não aproveitar um erro dos locais. No entanto, o Uruguaio, aos 16 minutos, não desperdiça, rematando forte e colocado com o pé esquerdo, aproveitando um ressalto em Kompany após cruzamento de Messi. O campeão da Premier League mostrava-se incapaz de contrariar o vendaval de futebol Culé e Luis Suárez, já depois de ter sido isolado por Neymar e ter permitido a mancha de Hart, apontou o segundo golo, respondendo a um passe de Alba depois de um trabalho monumental de Messi. Até ao fim da primeira parte, os Catalães continuaram a ser dominantes, com Dani Alves a atirar à barra e Nasri a efectuar o único remate à baliza do Alemão Ter Stegen, eleito para defender as redes nos jogos da Liga Milionária. Na segunda parte, o Manchester City entrou muito forte, pressionado mais acima e de forma mais harmónica e, já depois de Aguero (remate de fora da área a rasar o poste), Dzeko (por duas vezes de cabeça) e Nasri (com corte de Mascherano) terem desperdiçado, o Kun reduziu mesmo a diferença no marcador para um golo, após genial assistência de David Silva (no início da jogada Messi perde a bola para Clichy). Quando se podia prever um final de jogo de grande pressão da equipa da casa, o lateral-esquerdo francês, já amarelado, tem uma entrada imprudente sobre Daniel Alves e é expulso 5 minutos depois do golo do Argentino, comprometendo as aspirações do seu conjunto. Até final, o Barcelona limitou-se a gerir a posse de bola, com destaque para um golo anulado a Messi e para o já referido penalty defendido por Joe Hart (na recarda Messi não acerta na baliza de cabeça).

Destaques

Manchester City: Um ano depois, Manuel Pellegrini volta a falhar na abordagem a um encontro frente ao Barcelona. Se em 2014 o técnico Chileno havia descaraterizado a sua equipa com medo do rival, hoje optou pelo caminho radicalmente inverso, apresentando uma formação inicial desajustada ao encontro, sem capacidade de pressão, recuperação e com um meio-campo sempre em inferioridade numérica (Fernando e Milner viram-se invariavelmente contra três ou quatro oponentes). A juntar a isto, a melhoria que a equipa sofreu com as entradas de Fernandinho e Bony dá ainda mais a sensação que o treinador do campeão Inglês equivocou-se nas suas opções. Veremos como irão os Citizens encarar a segunda mão, sendo certo que a tarefa afigura-se muito difícil. Individualmente, Hart não só não teve culpas nos golos como manteve o seu conjunto com vida na eliminatória ao fazer uma mancha perfeita a Luis Suárez na primeira parte e detendo o Penalty de Messi na segunda. O mesmo acerto não tiveram os outros elementos da defesa, já que Zabaleta foi várias vezes batido, os centrais sofreram com a velocidade e um contra um do ataque adversário (são ambos duros de rins) e Clichy foi um dos réus da noite, deixando-se expulsar por uma abordagem infantil a um lance a meio-campo quando o jogo vivia a melhor fase dos locais. No centro do campo, Fernando teve uma partida ingrata, já que muito teve de correr para tapar todos os buracos existentes, ao passo que Nasri não só esteve desaparecido do jogo como falhou uma clara oportunidade no início da segunda metade. Silva apareceu para dar um rebuçado a Aguero, sendo que o argentino foi dos poucos a ter nota positiva, não só pelo golo que apontou (em espaços curtos é letal), mas também pela forma como tentou assumir o jogo, apesar de nem sempre feliz. Já Dzeko não soube aproveitar a sua vantagem física face aos catalães, tendo tido uma perdida escandalosa, cabeceando para as mãos de Ter Stegen a escassos metros do Alemão.

Barcelona: Importante golpe de autoridade da equipa de Luis Enrique após a comprometedora derrota em casa contra o Málaga. Os Culés voltaram a impor-se face ao vigente campeão Inglês e na primeira parte jogaram, provavelmente, o seu melhor futebol da temporada, com uma qualidade na posse e no preenchimento das zonas interiores no ataque absolutamente invulgares. A eliminatória poderia ter já ficado resolvida (apesar dos sustos da segunda parte, que se deveram não só a uma melhoria do oponente mas a um certo relaxe de que a perda de bola de Messi no golo sofrido é exemplo), mas a verdade é que o Barça está quase na fase seguinte da principal competição europeia de clubes. Na baliza, o habitual suplente Ter Stegen não tremeu, enquanto que Piqué, tal como no recente jogo em Camp Nou contra o Atlético de Madrid, fez um jogo fantástico, intratável no um contra um e crucial a dobrar Mascherano, que teve algumas dificuldades perante Aguero. Iniesta e Rakitic foram essenciais para a constante superioridade na zona central na primeira parte e deram fluidez à circulação de bola e Neymar não desiquilibrou tanto como noutras ocasiões. Luis Suárez, de regresso a Inglaterra, teve a sua primeira grande noite como Culé, ao apontar dois golos plenos de oportunidade, mas Messi, apesar da Grande Penalidade falhada (aspecto em que não tem sido feliz), realizou uma exibição verdadeiramente estrastosférica: o astro argentino recuperou bolas, pressionou, deu-se ao jogo, participou na circulação de bola, emprestou qualidade de passe, abriu caminho ao segundo golo, enfim, fez tudo e tudo a um nível que só ele sabe.

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