Uma instabilidade que pode prejudicar uma das principais promessas do futebol português

No Natal de 2012, os adeptos do Galatasaray receberam um inesperado presente: a contratação das estrelas Wesley Sneijder e Didier Drogba. A chegada destes dois ex-campeões europeus, a juntar a elementos como Muslera, Felipe Melo, Altintop ou Burak Ylmaz, treinados pelo mais prestigiado dos treinadores turcos (Fatih Terim), fazia acreditar que em Istambul passasse a existir uma força sem paralelo no futebol do país euro-asiático, capaz de chegar longe no panorama europeu. No entanto, menos de dois anos depois, é possível dizer que o projeto falhou: este recheado elenco apenas venceu uma liga, em 2012-2013, tendo visto o seu eterno rival Fenerbahçe vencer o campeonato na época transata (o Gala só venceu dois dos últimos seis). A nível europeu, a chegada aos quarto-de-final da Champions, caindo frente ao Real Madrid, ainda prometeu ser uma espécie de aviso, mas não teve continuidade. Entretanto, Drogba e Terim saíram e Mancini mal aqueceu o lugar.

Ultimamente, o cenário tornou-se ainda mais negro: o descontrolo financeiro dos últimos anos levou os turcos a uma situação insustentável, debatendo-se agora com salários em atraso; a proibição da federação turca em ter mais do que cinco estrangeiros no onze e dois no banco condiciona a formação de um conjunto competitivo (ainda que possa ser benéfico para o futebol local); o novo treinador, o italiano Cesare Prandelli, tem sido muito contestado pelo fraco desempenho europeu da equipa, tendo somado apenas um ponto em três jogos (na última jornada foi humilhado em casa pelo Dortmund).

Ora, este furacão tem feito como vítima um dos maiores talentos do futebol português: Bruma. Jogador eletrizante, rápido, com técnica, fortíssimo no um para um, com excelente capacidade goleadora e que desde jovem demonstrou uma “fome” competitiva invulgar. O extremo, que saiu do Sporting no verão de 2013 em litígio com a direção, até conseguiu, inicialmente, ter algum espaço (alinhou em 15 dos 16 primeiros jogos), mas uma inoportuna e grave lesão sofrida em Janeiro de 2014 condicionou, e muito, a sua evolução. Perdeu toda a segunda metade da época passada, e consequentemente, o Mundial.

Esta época, em que certamente queria “começar de novo” na Turquia, tem sido muito condicionado pela instabilidade do seu clube, algo que para um elemento que hoje completa apenas 20 anos pode ser altamente prejudicial, travando a sua progressão. O jogador perdeu espaço no elenco de Prandelli e, face ao momento do clube, tem sido dado como estando no mercado. Parecendo óbvio que nesta fase uma saída seria benéfico para o extremo, e, como consequência disso, para a selecção nacional, desejosa de ter mais uma referência.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Pedro Barata

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