Itália. País de futebol. A nação transalpina já foi o país da inovação táctica, do Catenaccio e do início do futebol moderno com o Milan de Sacchi. Já foi pátria de inúmeros magos, os trequartistas, como Baggio, Zola, Totti ou Del Piero. Viu erguerem-se muros (leia-se defesas) como Fachetti, Baresi, Maldini ou Cannavaro. Os seus clubes já foram hegemónicos a nível continental, nomeadamente o Inter de Helenio Herrera ou o já citado Milan dos holandeses Rijkaard, Gullit e Van Basten, última equipa a repetir triunfo na maior prova de clubes a nível europeu. A Juve já foi a mil finais europeias liderada por génios como Platini ou Zidane e uma infinidade de diferentes clubes (Parma, Lazio, Nápoles, Inter) venceu as muito competitivas Taça Uefa e Taça das Taças no fim do século XX. A Nazionale, a mítica Squadra Azzurra, já foi 4 vezes campeã mundial, a última das quais em 2006, ano em que a FIFA deu ao já citado Cannavaro o prémio de melhor do mundo.
Mas, para o Calcio, 8 anos é uma eternidade. Hoje, Itália é uma potência decadente do futebol do velho continente. A nível individual, nem um jogador nascido no país da bota está nomeado para a Bola de Ouro. Em 2013, apenas estava na lista Pirlo, que já conta com 35 anos. Outras referências principais, como Buffon, Chielini, De Rossi, Montolivo, Di Natale ou Cassano, ultrapassam também já as 3 décadas de vida. Em consequência desta falta de talento emergente, a sua seleção vê-se também numa difícil situação, ao ponto de não ter ultrapassado a fase de grupos dos dois últimos mundiais (apesar do excelente trabalho de Prandelli, o qual culminou com a final do europeu de 2012).
A Série A, outrora recheada de ricos e poderosos emblemas e de aspirantes à Bola de Ouro, vê-se hoje hegemonicamente dominada por um tricampeão (Juventus) que na Europa nada atinge (tal como os restantes conjuntos do país), com os gigantes Milan e Inter a não conseguirem mais nada senão lutarem por uma classificação europeia . Apenas um jogador do campeonato, o fantástico Pogba, está entre os 23 melhores do ano para a FIFA, verificando-se, ano após ano, uma debandada das principais figuras do campeonato, como Thiago Silva, Zlatan, Lavezzi, Cavani, Cerci, Immobile, entre outros. Isto porque a disponibilidade financeira de outros tempos acabou, sendo hoje uma manifesta fraqueza na luta com La Liga, Premier League, Bundesliga e o milionário PSG.
Uma revolução é urgente. O espectáculo tem de melhorar (de entre as principais ligas europeias, Itália é aquela que tem uma mais baixa média de tempo útil de jogo) e é preciso uma renovação da classe dirigente (as já tradicionais suspeitas de corrupção só mancham a imagem do desporto no país). É preciso travar a compra de estrangeiros de fraca qualidade e apostar no jogador italiano, para devolver à seleção a sua competitividade. Também a grande maioria dos Estádios são velhos e obsoletos, precisando de remodelações. Porque Itália não pode ser um ator secundário no futebol europeu. Isso seria uma traição imperdoável feita à história deste jogo.
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