Uma prova cada vez mais pobre e que deve voltar a ter como protagonista um representante de uma equipa nacional

A Grandíssima está aí para voltar a colorir as estradas nacionais. De 30 de Julho a 10 Agosto a Volta a Portugal decorre mais uma vez no centro e norte do país com partida em Fafe e chegada a Lisboa. O percurso deste ano é especialmente marcado pela montanha, favorecendo portanto os trepadores, e para além da habitual dupla Sra. da Graça/Torre destaca-se a chegada à Serra do Larouco e a complicada chegada a Braga com passagem tripla pelo Bom Jesus. Um esforço meritório da organização em tentar diversificar o panorama de montanha da Volta (o percurso é determinado em função do apoio dos Municípios) num país repleto de belíssimas e duras subidas raramente ou nunca visitadas pela competição. Infelizmente, uma situação que se tem agravado nos últimos, o nível da prova vai estar nivelado por baixo. O vencedor do ano passado, Alejandro Marque, foi afastado, os melhores ciclistas nacionais estão no estrangeiro e as equipas convidadas são de "5ª categoria". 

Nas equipas lusas o destaque vai para a OFM - Quinta da Lixa, pela positiva porque fizeram a dobradinha em 2013 e o vice-campeão Gustavo Veloso era tido como o principal candidato este ano, mas também, pela negativa, porque é uma equipa que terá desde o início do ano salários em atraso, tendo até tido a sua inscrição suspensa pela substituição do Diretor Desportivo. Para os ciclistas que não recebem há tanto tempo e que vão aguentando a situação com vista a procurar dar nas vistas na Volta para aí garantir um novo contrato, a não participação da equipa seria uma tremenda infelicidade. Caso alinhe à partida, o percurso montanhoso e/ou a pouca disponibilidade de gregários dificultará a tarefa dos líderes Veloso e Nuno Ribeiro. Aí, provavelmente o corredor com mais condições de brilhar será mesmo Ricardo Vilela; A Rádio Popular - Boavista contará este ano com um misto de experiência e juventude, onde se destacam Rui Sousa que depois de vários pódios procura ainda a sua primeira Volta, Daniel Silva e ainda dois dos jovens mais entusiasmantes do panorama nacional, Frederico Figueiredo e Nuno Bico; Vitor Gamito, depois de um interregno de 10 anos no profissionalismo é uma das figuras da corrida e da LA Alumínios - Antarte. Acabar a corrida seria um objetivo audacioso para qualquer ciclista nas suas condições mas a sua competência no treino e o facto de ter mantido alguma actividade nestes anos poderão valer uma gracinha do corredor do Oeste nesta Volta. No entanto, as aspirações da equipa deverão cair sobre Hugo Sabido e Edgar Pinto. Nenhum deles um trepador puro mas ambos agressivos e muito completos. Quanto às equipas algarvias, no Louletano - Dunas Douradas Hernâni Broco tem aqui um percurso bem à sua medida e deverá apontar, pelo menos, a uma posição no pódio, enquanto no Banco BIC - Carmim Manuel Cardoso é o principal nome na corrida no que respeita ao sprint. Já a Efapel - Glassdrive atacará a amarela com o campeão de 2011 Ricardo Mestre enquanto Víctor de la Parte será provavelmente o seu plano B. Na equipa que corre com as cores nacionais, dirigida pela FPC/UVP, Portugal, e que normalmente dá espaço a alguns corredores sub 23 destaque para o recente vencedor da Volta a Portugal do Futuro, Ruben Guerreiro, mas principalmente para o profissional na equipa francesa La Pomme que vem de um 6º lugar numa prova HC na China, José Gonçalves.

Entre as equipas estrangeiras, o destaque vai para a formação espanhola Caja Rural, a única com estatuto Profissional Continental em prova. Traz Luis Leon Sanchez, sem dúvida o corredor presente com mais estatuto e que em 2015 defenderá as cores da Astana. Sendo a nossa Volta tão dura nem sempre as equipas estrangeiras conseguem disputá-la mas esta formação espanhola tem muita qualidade contando ainda com Ruben Fernandez, uma das maiores promessas espanholas, Francesco Lasca, muito bom finalizador que passa bem a média montanha, ou o talentoso trepador colombiano Heiner Parra. Precisamente da Colômbia estará presente a equipa de formação 4-72 Colombia com o vice-campeão do Tour de l'Avenir 2012 Juan Chamorro. A Movistar - Team Ecuador terá no jovem espanhol em forma Jordi Simón o seu melhor trunfo, a Burgos - BH contará com o ex Euskaltel Juan Oroz e David Belda, ambos com bons resultados nesta época. Por fim a dinamarquesa Christina Watches - Kuma, a equipa de Michael Rasmussen que tem no veterano Stefan Schumacher o seu maior nome. Lokosphinx, Team Stuttgart, Team UKYO e a Team Stölting terão alguma dificuldade em ter impacto na corrida.

Quem vai suceder a Alejandro Marque? Terá alguma equipa capacidade para controlar a corrida? Das subidas que conhece, qual gostaria de ver incluída no percurso da Volta a Portugal?

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Luís Oliveira

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