O desequilibrador ou um problema?

Numa altura em que se fala insistentemente na falta de verdadeiros desequilibradores em Alvalade e parecendo claro que a direcção está empenhada em alcançar esse elemento no mercado (Kostic é o nome mais falado), poderá existir já alguém no seio do grupo capaz de assumir as rédeas da equipa e de se tornar no homem capaz de resolver os problemas da mesma no último terço de terreno. Não falo de Carrillo e muito menos de Mané, Capel ou Héldon. Refiro-me a Mahmoud Abdel Razek Fadlallah. Shikabala no mundo do futebol.

Quando chegou ao Sporting proveniente do Zamalek SC do Egipto, a meio da época transacta, pareceu claro que seria difícil entrar na equipa. Vinha de um período de ausência competitiva (o campeonato egípcio esteve parado) e de um continente diferente, algo que levaria a um processo de adaptação e limitaria as suas ambições de integrar uma equipa a lutar pelo título, até porque Leonardo Jardim sempre deu a ideia de não simpatizar com esta aposta pessoal do presidente Bruno de Carvalho. Passados 6 meses, Shikabala tem nova oportunidade com Marco Silva. No meio-campo ofensivo ou nas alas (posição em que tem sido utilizado nesta pré-época) o egípcio poderá oferecer muito à equipa, já que é notória a sua inata capacidade para desequilibrar (é muito forte no um contra um) através da sua qualidade técnica e criatividade, tendo ainda uma excelente capacidade de remate como cartão-de-visita. O leque de fintas poderá entusiasmar o adepto na bancada, mas será preciso mais para Shikabala se afirmar no futebol português. Será necessário que o “faraó” coloque a sua qualidade individual ao serviço do colectivo, que tenha qualidade no momento da decisão e que não caia em vedetismos. Parece evidente que Shikabala gosta de liderar as tropas, gosta de ser o homem que decide, a estrela, mas terá de conseguir conciliar esse objectivo pessoal com as ambições da equipa.

Por outro lado, é conhecido o feitio peculiar deste jogador de 28 anos. Na última temporada foi visível que não gostou de ter sido utilizado apenas na última jornada do campeonato e já este ano existem relatos de que não lidou bem com a ausência de minutos na Taça de Honra da AFL. O facto de ser suplente poderá levar a alguma instabilidade emocional e, por consequência, levá-lo a tornar-se num foco de perturbação do grupo de trabalho, algo que Marco Silva terá de conseguir gerir da melhor maneira. A sua presença activa nas redes sociais também permite perceber que é alguém que não esconde a insatisfação quando ela existe, factor que terá de ser controlado, de modo a não se transformar um activo importante num rebelde de balneário.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Rodrigo Ferreira

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