Brasil 1-7 Alemanha (Oscar 90´; Muller 11´, Klose 23´, Kroos 25´e 26´, Khedira 29´e Schurrle 68´ e 78´)
Inacreditável! Jogo histórico em Belo Horizonte, com uma goleada nunca
antes vista nesta fase de um Campeonato do Mundo. O Brasil foi
completamente humilhado e sofreu a derrota mais pesada da sua história,
perante uma Alemanha altruísta e eficaz. Os germânicos, que chegam à 8ª final de um Mundial, marcaram 5 golos na primeira parte (em apenas 18 minutos) e tornaram-se na primeira selecção a marcar 7 golos numa meia final (4 golos em 6 minutos é um recorde). Para além disso, Miroslav Klose entrou para a história, ao chegar aos 16 golos em Mundiais (também se tornou no jogador com mais vitórias em Mundiais - 16) e Kroos foi o jogador mais rápido a bisar (em apenas 69 segundos). O Brasil igualou o Zaire e o Haiti, ao chegar ao intervalo com 5 golos de desvantagem e tornou-se no segundo anfitrião a sofrer 7 golos num Mundial (Suíça 5-7 Áustria, em 1954). O resultado diz tudo sobre a exibição da Canarinha. Assistiu-se a um verdadeiro desastre, com erros graves a nível individual e a nível organizacional. Os germânicos, com um jogo de equipa notável, construíram um resultado assinalável, com grandes desempenhos de Kroos, Muller e Khedira, e ficam à espera do Argentina-Holanda, para ver com quem vão jogar na final (podemos ter reedições das finais de 74 ou 86 e 90).
A história deste resume-se a 5 números - 11, 23, 25, 26 e 29. Estes
foram os momentos em que a Alemanha marcou os seus golos e humilhou por
completo o Brasil. Primeiro foi Thomas Muller a facturar, na sequência
de um pontapé de canto (falha enorme da defesa brasileira) e depois
seguiu-se o vendaval da "Mannschaft". Foram 7 minutos de extrema
eficácia e altruísmo por parte dos germânicos, com 4 golos bem
trabalhados pelo meio campo e ataque. Aos 23 minutos, Muller assistiu
Klose para um golo histórico (Júlio César ainda defendeu o primeiro
remate), aos 25 minutos, foi Lahm a cruzar para o remate de Kroos, aos
26 minutos, Khedira assistiu Kroos para o bis (perda de bola de
Fernandinho) e aos 29 minutos, Ozil fez o passe decisivo para Khedira.
No segundo tempo, o Brasil entrou forte e obrigou Neuer a três
intervenções de grande nível, enquanto Muller obrigou Júlio César a
enorme defesa, num remate à entrada da área. Depois, Low colocou Schurrle em campo e o jogador do Chelsea marcou o 6º e 7º golos da Alemanha. Mesmo em cima do apito final, Oscar marcou o golo de honra dos brasileiros.
Brasil - Jogo para a História da Canarinha, pelos
piores motivos. É certo que o elenco não é dos mais fortes (vários
indiscutíveis nem para engraxar as botas de Romário, Ronaldo, Rivaldo,
Ronaldinho ou Kaká serviriam e só o factor casa permitia que estivessem
no grupo de favoritos), e que o Brasil se viu privado do melhor jogador e
do mais competente defesa, mas apanhar sete da Alemanha, em casa, num
jogo decisivo, é pior do que o mais apocalíptico cenário imaginável. A
verdade é que o futebol brasileiro manteve um nível a rondar entre o
mediano e o medíocre durante a competição, e perante um adversário a
jogar "a sério", as suas debilidades tornaram-se ainda mais evidentes. O
meio-campo foi desorganizado nas suas acções (joga duro e faz muitas
faltas, mas recupera poucas bolas jogáveis), as compensações foram
inexistentes, abrindo-se autênticas avenidas que os alemães aproveitaram
sem contemplações, e as marcações falharam a um ritmo alucinante (o
primeiro golo é prova disso, com David Luiz a ver Muller fugir em plena
área). Ofensivamente, a equipa nunca funcionou, faltou o seu "farol", a
circulação de bola foi nula, e as individualidades esqueceram-se de
aparecer. Scolari, à imagem de "outros" treinadores, nunca abdicou da
sua estrutura base, mesmo que para isso continuasse a dar a titularidade
a jogadores que foram autênticas nulidades durante o torneio, como
Oscar. Depois sempre foi visível que este elenco estava com a pressão de
200 milhões em cima, foi demasiado choro, demasiados nervos, e depois
do 1-0, caiu tudo (já podia ter caído antes tal era o descontrolo).
Posto isto. Individualmente, Júlio César ainda foi o menos mau,
impedindo um resultado de outra proporções. A defesa abriu buracos por
todo o lado, os laterais foram ultrapassados com facilidade, e os
centrais permitiram autênticos "meínhos" na sua área. David Luiz
descompensou várias vezes o último reduto, e teve várias falhas
individuais (praticamente culpado nos 7 golos), não fazendo valer o rótulo dos 50 milhões (incrível como
comete tantos erros básicos...e também foi o 1º a perder a cabeça, tem
mesmo um lance patético com Muller digno dos tempos da escola, quando
reagiu mal a uma entrada e tentou acertar com a bola no seu adversário).
A dupla Fernandinho-Gustavo limitou-se a perder bolas e a ver os
alemães jogarem, Oscar, pese o golo, foi uma nulidade, tal como Bernard e
Hulk. Fred fez o que pode e sabe fazer, pouco, é certo, mas é injusto
colocar-lhe o ónus da goleada, como fez o público. Ramires e Paulinho
entraram numa fase em que a Alemanha desacelerou, e mostraram-se, mas
quando esta voltou a um regime de seriedade, foram engolidos como os
seus companheiros.
Alemanha - Passou a melhor equipa, sem dúvidas. É
certo que houve muita eficácia à mistura (a certa altura, cada ataque
era um golo), mas existe uma clara diferença entre os dois colectivos, e
os alemães fizeram questão de o mostrar, ao conseguirem um jogo perto
da perfeição (e não baixassem o ritmo, a coisa poderia ter sido mais
penosa para o Brasil). Defensivamente não deram hipóteses, anulando os
avançados contrários, e nunca permitiram aos brasileiros criarem perigo
nas bolas paradas. Depois de sustido o ímpeto inicial, foi uma questão
de assentar o seu jogo, baseado numa pressão intensa e circulação de
bola exemplar, sendo que a qualidade dos atacantes, aliada a uma
eficiência tipicamente germânica e à falta de egoísmo fizeram o resto.
Muller deu a provar aos brasileiros do próprio veneno, com um remate em
plena área após um canto, e depois a Alemanha, sentindo o Brasil tremer,
não vacilou nem abrandou, continuando a pressionar em todo o terreno, e
jogando sempre com os sectores juntos. Os germânicos usaram
movimentações constantes para baralhar a defesa contrária, e puseram
sempre homens suficientes na área para aproveitar qualquer deslize
defensivo. Com o jogo no "bolso" e o adversário de joelhos, veio ao de
cima a calma dos europeus, que sozinhos a meia dúzia de metros da baliza
contrária, nunca se deslumbraram nem se precipitaram, decidindo sempre
de forma correcta os lances de concretização. Na segunda parte a
Alemanha entrou em ritmo de treino, mas aí apareceu Neuer a mostrar a
razão de ser o melhor do Mundo, com um par de defesas impossíveis
(grande sentido de colocação, associado a reflexos felinos), mas logo
que passou a anestesia do gordo placar, voltaram a um registo mais
sério, e ainda deu para meter mais duas bolas na baliza canarinha. Ainda
assim, Ozil falhou o oitavo de modo incrível, segundos antes de Oscar
fazer o tento de honra(?) dos anfitriões. Individualmente, e para lá do
já referido Neuer, Khedira foi o homem do jogo, colocando uma
intensidade de jogo que há muito não se lhe via, e dominando toda a zona
do meio-campo (como tinha feito no Euro 2012). Lahm mostrou ainda ser
um dos melhores laterais da actualidade (a sua ida para a ala dá outro
fulgor ao ataque), aproveitando a falta de cobertura para entrar como
quis na defesa adversária. Hummels e Boateng foram competentes quanto
baste, enquanto que os atacantes fizeram aquilo que se pede a uma linha
avançada moderna: movimentos constantes, pressão sobre os defesas na
saída de bola, e claro, golos. Muller espalhou classe, Klose teve
problemas em segurar a bola, mas na área mostrou-se letal como sempre, e
Kroos esteve perto da perfeição nas combinações e na finalização. Ozil
ainda assim foi o menos exuberante, enquanto que Schurrle entrou com
vontade de fazer estragos com a sua velocidade.
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