
O Benfica vai abordar a 10ª final europeia, tendo a hipótese de fazer História. O clube da Luz pode não só vencer o terceiro título da temporada (o total pode chegar a quatro), mas também voltar a colocar o seu nome entre os vencedores de provas europeias, algo que não acontece desde 1962. Depois de um ano de quase, as águias têm tudo para entrar na elite: campeões nacionais e vencedores da Liga Europa. A glória europeia significa muito para Luís Filipe Vieira, e para os adeptos, pois parte do seu projecto assentava num emblema de vocação europeia. É verdade que a LE é uma espécie de II divisão, mas troféu é troféu, e a possível vitória em Turim é tudo menos desprezável. Mas também Jorge Jesus tem muito em jogo. O treinador que todos queriam ver pelas costas, e que provavelmente esteve a minutos de ser corrido na segunda jornada, é neste momento um elemento visto como que indispensável na estrutura do futebol encarnada, notando-se em algumas declarações de diversos intervenientes o receio pela falada saída do treinador (daí a recente indignação popular pelo modo como Jorge Mendes movimenta as suas peças, mas isso é outra "estória"). Mas voltando a Jesus, agora que parece estar no expositor, esta final é muito relevante para o seu futuro próximo. É verdade que ser campeão nacional é um item assinalável no currículo, mas com o conjunto de recursos bem acima dos possuídos pelos directos rivais e numa Liga pouco exigente em termos de qualidade de jogo, esse feito é algo desvalorizado. Por outro lado, vencer um título nacional não é propriamente um factor diferenciador: Vítor "I spik da tru" Pereira fê-lo por duas vezes, Jesualdo Ferreira, Inácio e Co Adrieense também o fizeram, e não são considerados treinadores de elite por isso. Mas vencer uma competição europeia, isso sim seria um feito que permitiria a Jorge Jesus alcançar o patamar já atingido por exemplo por Mourinho e Villas-Boas. E convenhamos, numa perspectiva de mercado, existe alguma diferença entre "oferecer" os serviços com ou sem uma Taça Europeia no bolso. Assumindo que a saída de Jesus está iminente, é natural que ele encare o jogo de amanhã com extrema precaução. Uma derrota, ainda por cima estando a sua equipa numa posição de teórica favorita, seria um sério rombo na sua aura, e arrefeceria um pouco os ânimos à sua volta, ou pelo menos, fariam os interessados vê-lo com outros olhos (e carteira mais fechada). Por todos estes factores, aos quais se junta o espírito extra-competitivo (por vezes a rábula das finais jogam-se, não se ganham, cai completamente fora do seu típico discurso competitivo, e até arrogante) de um treinador que só pensa em vencer e ganhar, de um modo quase paranóico, o jogo de amanhã é certamente determinante para ele e para a sua carreira, podendo mesmo vir a ser a pedra angular do seu futuro. Seja ele qual for.
Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM: aqui!): Nuno Ranito
Etiquetas: Benfica, Liga Europa