Os que não vencem não significa que sejam maus, muitas vezes o contexto inserido é diferente e certos trabalhos de valorização e superação, não valem tanto como títulos, mas são comparáveis

"Me gusta el juego colectivo. Me horroriza ser alineador. Entreno para que todos estén preparados, los 25. Lo de decidir a 11 es lo último. Analizo equipos, no individualidades. Quiero un estilo, que jueguen bien. Hay entrenadores que son alineadores puros: "Este juega bien, este mal y... fuera". Si uno juega mal, el responsable soy yo porque no he podido hacerle jugar bien." - Unai Emery

Por norma, gostamos dos treinadores que vencem ou ficam perto disso. Os que não vencem não significa que sejam maus, muitas vezes o contexto inserido é diferente e certos trabalhos de valorização e superação, não valem tanto como títulos, mas são comparáveis.

Em Portugal quem gosta de Couceiro, Peseiro ou Pedro Martins? Em Itália, lembramos-nos de Conte ou Rudi Garcia mas Montella eleva a Fiorentina a cada jogo e Mandorlini colocou o Hellas Verona na luta pelas competições europeias depois de repescá-lo da Serie B, por exemplo. Em Inglaterra, Mourinho, Pellegrini e Wenger ofuscam todos os outros. Poyet tira água do barco em Sunderland, Roberto Martinez pode fazer história no Everton, Rodgers pode dar a alegria de pais e filhos verem pela primeira vez juntos o Liverpool campeão.

Em Espanha reside um dos treinadores que mais gosto. Unai Emery. Não gosto de ti pelos títulos, até porque não tens. Gosto pela filosofia, ideologia e excelência na gestão de um grupo. Pelo recorte técnico que impõe em cada equipa que treina, pela alienação da vertente estratégica sem ocultar o modo de jogo que treina diariamente. Fantástico orador, inteligente, claro e sincero. Tenho a certeza que agarra o grupo às suas ideias a cada palestra. Começou no Lorca das divisões secundárias, alcançou o extraordinário 2º lugar na Liga Adelante na época 05-06. Ingressou no Almería e na primeira época trouxe o clube para perto dos grandes ao ficar em 2º lugar e garantir a subida de divisão. Na estreia na 1ª Liga passeou tranquilamente até aterrar no oitavo posto com um futebol de recorte técnico que transformava o Almería numa das equipas mais elogiadas. O Valência não demorou a contratá-lo. Quando chegou o clube havia sido 10º, o objectivo era regressar aos palcos internacionais. Unai cumpriu e sucedeu as expectativas. Em 4 anos, um 6º lugar e por três vezes consecutivas só foi batido por Real e Barcelona, levando o Valência sempre à montra da Champions League. Surge a primeira aventura no estrangeiro. Um destino mal calculado, desafiador mas com uma probabilidade de sucesso baixa. Chegou ao Spartak, com um presidente que adora trocar de treinador e esquece-se que o último título foi em 2001. Demorou pouco a tempo a aventura. Tristeza de uns, alegria de outros. Sorriu o Sevilla, resgatou para Espanha um grande treinador de futebol. Agarrou a equipa à 20ª jornada no 12º lugar e ainda foi a tempo de alcançar as competições europeias. Hoje, é 5º classificado apesar de ter perdido Gary Medel, Kondogbia, Navas e Negredo. E está nas meias-finais da Liga Europa. Prova de que a sua ideologia supera sempre o valor individual dos jogadores.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Paulo Freitas

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