Desde sempre que Portugal se assumiu como um país do futebol. Factualmente isto é inegável: mais de 80% do conteúdo dos jornais desportivos é sobre futebol tal como grande parte das “conversas de café”, na TV os canais de noticias estão recheados de programas sobre futebol, aliás sobre os "grandes", e com "paineleiros" que pouco ou nada percebem sobre esta modalidade, e até jogos a “feijões” da prova nacional menos importante (Taça da Liga) alcançam o pico das audiências televisivas (superando claramente outros desportos, óperas, concertos, programas literários ou peças de teatro).
Apesar destes factos, questiono-me cada vez mais se o nosso pais gosta realmente de futebol. Um país que apreciasse esta modalidade, não perdia 90% do seu tempo a discutir lances de arbitragens, esquemas, casos de secretaria, em suma quase tudo o que o futebol não representa. Estaria sim, nesta altura a falar da magia de Rafa, da importância de Danilo Pereira no crescimento da equipa do Marítimo, da melhor época de sempre do Tarantini, do aparecimento de Núrio ou da base de sucesso do Nacional de Manuel Machado. Um pouco como acontece em Inglaterra, em que se fala de Hazard, Suarez, Ramsey, da qualidade de Mourinho, da força de Matic, da falta de capacidade de Moyes, basicamente dos verdadeiros actores deste espectáculo. Em Portugal, nada disso acontece. O que se vê é a conversão de “adeptos” em advogados, jurados, especialistas em arbitragens, construtores civis ou economistas tentando explorar situações que não fazem parte da essência desta modalidade. E no meio disto tudo, onde fica o futebol? Financeiramente algum adepto tem lucro em desgastar-se a abordar estas questões? Não me parece.
Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Tiago Martins