Visão de Mercado: NBA - "Zona de ninguém": Milwaukee Bucks e Sacramento Kings

Lá pelo meio [na NBA], andam equipas que não têm qualquer tipo de aspiração ao título, dificilmente passam para lá da época regular, mas não são más o suficiente para nadarem no fundo da tabela. Equipas com alguns, mas poucos, elementos de reconhecida categoria (Cousins é um possível futuro melhor C da Liga; Sanders candidato a defesa do Ano), mas que não possuem qualidade em quantidade suficiente ou a experiência acumulada que lhes permita mais do que serem equipas "chatas" de bater pelos mais fortes. Por uma razão ou outra estão a meio da escada, já ultrapassaram os degraus iniciais da reconstrução, mas o patamar em que se encontram está bem abaixo daquele em que estão as equipas já analisadas.

Milwaukee Bucks - Terminada a era Jennings-Ellis, é hora de virar a página em Milwaukee. Os Bucks não estão em forte remodelação, ao contrário de outros, mas também parecem longe de poder discutir os lugares cimeiros. A equipa do ano passado era, digamos, mediana, e este ano não parece muito mais forte (pelo menos em termos de nomes), podendo dizer-se que foi ultrapassada por emblemas como Detroit ou Cleveland. A dupla de bases é totalmente nova; de Detroit chegou Brandon Knight, e de Dallas veio OJ Mayo. O primeiro está longe de ser elite entre os PG (aliás, está longe de ser um PG puro), enquanto que o segundo vai finalmente assumir-se (tal como fez em Dallas, com algum sucesso, na ausência de Nowitzki) como principal referência ofensiva. Caron Butler (contrato de 8M a expirar) deve ser o SF de serviço, esperando Milwaukee que mostre aquilo que já num passado bem longínquo. A dupla interior deve passar pelo turco Ilyasova e pelo excelente defensor, Larry Sanders. Aliás, esta pode ser uma época propícia para determinar se Sanders, que parece ser um dos futuros da franchise, é "apenas" um defensor de elite (na linha de Ben Wallace ou Tyson Chandler) ou pode também ser uma referência no outro lado do campo, sendo certo que sem Jennings e Ellis a açambarcarem a bola, devam haver mais chances do poste se mostrar no ataque. O banco tem alguns elementos interessantes como Ridnour (competente, e até com qualidade para ter minutos numa equipa deste calibre), Gary Neal (prova viva de que San Antonio é mesmo um ambiente especial), John Henson (outro potencial defensor de qualidade), Zaza Pachulia (um bom "enforcer") e Carlos Delfino. Claramente não estamos perante uma equipa muito forte, sendo que existem jogadores com potencial misturados com veteranos já rodados (como Butler), mas não há um nome que se destaque e que se possa assumir como alguém que carregue a equipa nos momentos complicados. Os Bucks estão naquela difícil zona em que não são suficientemente bons para ameaçar os melhores, mas também não estão entre os piores. A época servirá essencialmente para desenvolver jogadores (com Sanders à cabeça), e criar um núcleo que permita encarar o futuro com optimismo.

Objectivo: playoffs; Uma equipa que não está em reconstrução, à partida vai evitar o "tank mode" e tentar ficar no top8.
Melhor cenário: playoffs; caso os adversários directos tenham muitos percalços, os Bucks podem fazer o mesmo que o ano passado, um 8º abaixo de 50%, seguido de uma varridela.
Pior cenário: passaria por Sanders (que renovou há pouco) ser um fiasco.
X-factor: Brandon Knight; o base nunca se assumiu como um líder em Detroit, e se o conseguisse fazer em Milwaukee isso implicaria um enorme upgrade na qualidade global do conjunto.

Sacramento Kings

É difícil fazer pior que o ano passado. A questão da saída de Sacramento para Seattle foi encerrada, os Kings têm novos donos, e novo treinador. O seu principal jogador, DeMarcus Cousins, renovou contrato, pondo também fim aos rumores de uma troca. Ou seja, finalmente esta franchise pode gozar um pouco de paz, e estabilidade. E bem precisa, pois o seu plantel é uma amálgama de jogadores que pouco têm de equipa, e um puzzle cujas peças não encaixam nem a martelo. Mike Malone vai ter um duro caminho pela frente, que passa antes de mais por mudar uma cultura de egoísmo (Sacramento está sempre no fundo nas estatísticas de assistências) e indisciplina. Para ajudar, veio o base Greivis Vasquez (por troca com Tyreke Evans, jogador com potencial para mais mas que depois de um bom 1º ano eclipsou), que dá aos Kings um elemento que passa a bola em vez de lançar cada vez que lhe pega. O rookie McLemore vem altamente recomendado, e será ainda este ano o SG titular, certamente. Isaiah Thomas, Marcus Thorton e Jimmer Fredette (conceituado universitário, que não deu ainda o pulo) completam a rotação nas posições de backcourt. Mbah a Moute foi outro reforço com vista à mudança de filosofia; o SF é um bom defensor (outro dos pontos fracos da equipa), com boa atitude, e que não se importa de fazer o trabalho sujo em prol do colectivo. Patrick Patterson e Jason Thompson lutarão por minutos a PF (a posição mais fraca nos Kings), ainda mais que Carl Landry (outro dos reforços) está lesionado. E depois há Cousins. O poste, que viu reforçada a confiança em si com a renovação, tem todas as qualidades para ser uma força na Liga, assim tenha vontade e cabeça. Perito em suspensões pelos mais diversos motivos, terá de provar que quer ser um profissional no verdadeiro sentido da palavra, e assumir-se como líder da esquadra. Jogue em proporção com o talento, certamente que Sacramento irá vencer mais jogos que no passado recente. Ainda assim, Sacramento não tem o talento, ou o colectivo, para competir com os melhores, daí que um regresso aos playoffs seja um sonho quase irrealizável. Não são tão maus como Phoenix, ou Utah, pelo que "competir" pelo pior recorde da conferência também parece posto de parte. O objectivo deve passar por fazer uma época tranquila, seleccionar uma base de trabalho, trocar algumas peças supérfluas, e lançar os alicerces de uma equipa vencedora.

Objectivo: não se sabe bem... os Kings parecem longe de poder competir com os melhores da Conferência, mas também não são dos piores.
Melhor cenário: Cousins assume-se como um franchise player, à volta do qual se pode construir uma equipa vencedora. Colectivamente, o melhor cenário passa por uma posição entre o 10º e 12º lugar.
Pior cenário: Mais um ano de confusão, com Cousins a acumular técnicas e suspensões, culminando em mais um ano de reconstrução.
X-factor: Greivis Vasquez; finalmente os Kings têm alguém capaz de pôr ordem no seu jogo e distribuir a bola. O ex-Hornets pode ser o factor decisivo na mudança de rumo.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Nuno Ranito

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