Visão de Mercado: NBA - "principais rivais dos Heat": Brooklyn Nets e Houston Rockets

Miami pode ser o campeão, mas há equipas que se apetrecharam no Verão com o intuito de acabar com o domínio da equipa da Florida. À cabeça do grupo de candidatos ao título que mais e melhor se movimentaram no mercado, surgem os Brooklyn Nets e os Houston Rockets, que por razões diferentes bem podem ser considerados os campeões do defeso. Resta saber se no campo mostram a mesma força que na FA...

Brooklyn Nets - O ano passado construíram uma equipa extremamente cara, e que dificilmente teria capacidade para ser campeã. À beira do abismo orçamental, os Nets optaram por... dar o passo em frente. O luxury tax assusta muita gente (diversas equipas, fora dos "big markets", optam por poupar, mesmo que isso custe competitividade), o milionário russo Mikhail Prokhorov não está englobado nesse grupo. Brooklyn, apesar de tudo, optou por uma abordagem agressiva ao mercado, tanto em termos de trocas como na contratação de Free Agents. De Boston vieram jogadores com um anel de campeão a enfeitar-lhes o dedo: Kevin Garnett é um enorme upgrade em relação a qualquer um dos PF no plantel do ano passado (Humphries seguiu o caminho inverso, e Evans deve ser suplente); Pierce tem um arsenal ofensivo que Gerald Wallace não possui, e Jason Terry será importante para corrigir uma das debilidades do ano passado, a pouca capacidade ofensiva do banco. Brooklyn conseguiu ainda, via FA, o concurso de Shaun Livingston, Alan Anderson e Andrei Kirilenko. Do primeiro não se esperam muitos minutos, mas sim qualidade no pouco tempo em que Deron Williams esteja a descansar, o ex-Raptor pode ser uma boa surpresa (o ano passado apresentou qualidade em Toronto), mas é o russo, que descartou uma renovação mais vantajosa com os Wolves, que deve ter um papel importante como sexto jogador (em teoria, será um dos candidatos a esse prémio). Não há muitas equipas na Liga que tenham no banco um jogador que, para além de exímio defensor, seja tão completo ofensivamente como AK. Estes reforços vieram trazer não só experiência e qualidade, mas acima de tudo o factor "dureza", que pareceu falhar no confronto com Chicago na época passada. A juntar a este lote, regressam Deron Williams (um dos melhores PG, mas com alguns problemas físicos), Joe Johnson, Brook Lopez (muito completo no ataque, talvez o melhor Net de 2012/13), e ainda Blatche (com KG pode explodir de vez, já que tem um potencial tremendo) e Evans (forte ressaltador), que como suplentes não ficam a dever muito a alguém. Claramente Brooklyn montou um cinco fortíssimo (D-Will, JJ, Pierce, Garnett e Lopez), com uma segunda unidade a condizer. A grande interrogação prende-se com o banco. Para liderar esta equipa foi seleccionado Jason Kidd. Ora, resta saber se Kidd, que era um general no campo, consegue transpor para o banco a liderança e autoridade que eram seu apanágio. O treinador vai ter que lidar com alguns egos (e alguns são bem, bem grandes), e ainda gerir o seu plantel de modo a não desgastar em demasia os seus veteranos, um pouco como faz Popovich em San Antonio. Garnett e Pierce ainda têm muito para dar, mas não podem ser espremidos como foram nas últimas temporadas em Boston.

Objectivo: título; o investimento feito e a idade do elenco escolhido não deixa outra hipótese que não a de vencer já.
Melhor cenário: a época regular é feita em velocidade de cruzeiro, com uma classificação no top3 do Este, estando a equipa na máxima força nos playoffs, a experiência e qualidade dos homens de Brooklyn impõe-se a Miami, e a quem vier do Oeste.
Pior cenário: as lesões e a fadiga acumulam-se, e os Nets não conseguem caem nas meias de conferência perante um adversário mais atlético como Indiana.
X-factor: Jason Kidd; a capacidade do rookie em fazer as rotações (de modo a poupar veteranos) e extrair o melhor de alguns jogadores menos regulares, como Joe Johnson, vai fazer toda a diferença.

Houston Rockets

Há cerca de um ano atrás, a Direcção de Houston fartou-se de ter uma equipa que lutava para chegar à parte inferior dos playoffs, e resolveu implodi-la, colocando-se na corrida ao prémio Dwight Howard 2013. Entretanto, contra todas as expectativas, chegou à cidade James Harden, e os Rockets afinal chegaram ao 8º posto do Oeste, mas sem colocar em causa a flexibilidade financeira que lhes permitisse contratar Howard... que afinal sempre chegou. Quem segue a NBA, admira o trabalho dos GM, que de tão complexo é chega a parecer uma arte, e em pouco tempo Daryl Money pintou uma tela digna de Da Vinci. Os Rockets não só possuem dois dos melhores jogadores da Liga (Howard é, de longe, o poste mais dominante e atlético, e Harden um SG, pelo menos top-3), mas também um excelente conjunto de jogadores, que ainda por cima é barato (à excepção dos contratos de Lin e Asik). Mas terá Houston a capacidade real de lutar pelo título? Antes de mais, o que pode correr mal: Dwight Howard pode não recuperar completamente dos problemas que o afligiram no ombro e costas; por outro lado, tanto ele como Harden terão de se adaptar ao jogo do outro (Harden não funciona muito bem no pick-and-roll, que é a opção de ataque nº1 do poste). Depois há o factor de desestabilização, isto porque DH-12 já provou por mais que uma vez que pode ser um rapaz maroto quando as coisa não lhe correm bem, e ainda há Omer Asik, que não ficou muito contente com a despromoção para o banco (pediu para ser trocado, e pode ser que durante a temporada lhe façam a vontade). Agora, se tudo correr na realidade como no papel: Jeremy Lin (que mesmo assim é um dos pontos fracos da equipa, pois além de fraco defensor não é um atirador por aí além) tem o parceiro ideal para assistir nas suas entradas para o cesto, Harden já provou que pode ganhar jogos "sozinho", Chandler Parsons é um faz-tudo de muita qualidade, e Howard está entre os melhores (se não é mesmo o melhor) na protecção do cesto (intimida e desarma lançamentos) e nos ressaltos nos dois extremos do campo (sendo que no ataque transforma muitos deles em afundanços). Depois há homens como Asik (que como suplente acrescenta qualidade e até pode fazer dupla com Howard), Beverley (titular nos playoffs do ano passado, colocando mesmo o estatuto de Lin em risco), Aaron Brooks (MIP de 2010), Francisco Garcia, Terrence Jones (vai lutar pela vaga de PF)  e o lituano Motiejunas, que pode ter um papel fundamental, assim consiga assumir-se na NBA como já o fez na Europa. Com a química certa, se a equipa jogar com a alegria que mostrou a temporada passada, e com o acréscimo de qualidade do factor DH-12, Houston pode encontrar o sucesso mais cedo que o esperado.

Objectivo: título; a equipa que tem Dwight Howard e James Harden tem de lutar para o anel.
Melhor cenário: Howard domina a toda a linha, e Harden afirma-se como o SG nº1 da Liga. O que deve chegar para conquistar o título...
Pior cenário: a química não existe e Harden e Howard não tiram o melhor rendimento um do outro. Não é de colocar de parte muito comportamento de diva por parte de Howard caso as coisas não corram bem de início.
X-factor: Omer Asik; a posição de PF é a maior incógnita, Motiejunas parece ter alguma vantagem, mas o turco por duas vias pode solucionar de vez este dilema. 1ª formando dupla com Howard (DH12 teria de adaptar-se a PF), 2ª com uma trade (o ex-Bulls tem mercado, a Liga não abunda em Centers e isso pode permitir a Houston adquirir um bom PF ou PG).

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Nuno Ranito

Será desta que Howard ou Deron conseguem 1 anel? Harden vai afirmar-se como o melhor SG da Liga? Um banco com Terry, Anderson, Kirilenko, Evans e Blatche vai permitir aos Nets gerir os veteranos e chegar à final? Quem será o 3º elemento dos Houston (com as atenções centradas em Harden e Howard, a afirmação em definitivo de Parsons, Lin, ou outro jogador, poderá ser determinante)?

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