Vitória de Guimarães: Mais que a vitória de um clube, a Taça de Portugal foi a conquista de uma cidade

O Vitória de Guimarães, ou apenas Vitória, como é carinhosamente tratado pelos vimaranenses, é claramente levado aos ombros por uma cidade inteira. Por adeptos fervorosos, que mesmo nos piores momentos desportivos recentes do clube (na temporada 2006/2007 disputou a Liga Vitalis, na altura o segundo escalão do futebol português) fazem questão de marcar presença. Responsáveis por um volume de espectadores nos jogos assinalável para a realidade do futebol português (cerca de 30000 adeptos num jogo da segunda divisão é obra), por um apoio fantástico durante os noventa minutos, por deslocações com milhares de adeptos, por hoje em dia ainda podermos afirmar que o "bairrismo", o apoio incondicional ao "clube da terra"...ainda existe.

Com a presença na 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões como o ponto mais alto a nível internacional, internamente as conquistas do clube resumiam-se a apenas uma Supertaça, em 1988. Até ao passado domingo. Numa época extremamente complicada para os vimaranenses, onde as dificuldades financeiras são públicas, os homens comandados por Rui Vitória (papel fundamental nesta temporada) arrecadaram o segundo troféu interno para o palmarés vimaranense. Após cinco finais perdidas, o Vitória conseguiu finalmente expor nas suas vitrinas a Taça de Portugal. Prémio justo e merecido. Para um clube com dificuldades, que percebeu isso e apostou em elementos jovens e portugueses, para uma cidade que sempre foi fiel às suas origens, e que na hora dos festejos respondeu à altura, homenageando de forma devida os seus jogadores. D. Afonso Henriques só pode estar orgulhoso da sua gente. Caso existissem mais situações como esta, onde o "bairrismo" imperasse, viveríamos uma situação diferente no futebol português, no que diz respeito à ocupação dos estádios?

A. Carvalho

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