Mourinho: «Será difícil treinar a selecção: não há portugueses»

Mudou de ideias? Ou está a ser realista (a tendência é que a nossa selecção se torne cada vez mais banal)?

José Mourinho já assumiu, diversas vezes, que pretende treinar a selecção nacional numa fase mais adiantada da sua carreira, mas pela primeira vez considera que tal "será difícil... porque quase não há jogadores portugueses a jogar em Portugal". VM - E como se sabe numa selecção não é possível contratar determinados elementos como acontece num clube. Ter apenas um leque de opções limitado, dificulta e muito a tarefa. Mas pode ser que esta afirmação de Mou funcione como um alerta para a nova realidade do futebol português: a partir de 2016 mais de 80% da actual selecção nacional vai estar na casa dos 30 e se o trabalho de renovação não começar a ser feito, estamos condenados a ser um País medíocre no contexto internacional. É necessário implementar algumas medidas que possibilitem a afirmação do jogador português (o que vale terem talento, se depois não tem espaço quando chegam ao futebol sénior?). As equipas B foram um 1º passo nesse sentido, mas ainda é insuficiente. Por outro lado e como este trabalho não é da exclusiva responsabilidade dos clubes, a própria federação tem de tomar algumas medidas (e com isto já estamos a ignorar o facto das selecções nacionais terem treinadores sem qualidade).

Soluções?
Visão de Mercado sugere algumas soluções a aplicar pela FPF (já o fizemos diversas vezes nos últimos 3 anos, ler aqui), como forma a reduzir esta invasão de jogadores extra-comunitários. As medidas são na nossa perspectiva realistas e de acordo com os padrões do futebol português. A saber:
O número de inscrições na Liga ZON-Sagres fica fixado nos 27 jogadores, no entanto, desse número, pelo menos 5 jogadores terão que ter sido formados no clube (a mesma regra da UEFA: ter jogado pelo menos 3 anos no seu clube, entre os 15 e os 21 anos).
- Para equilibrar o número de jogadores portugueses no 11 inicial, sugerimos que obrigatoriamente em todos os jogos, as equipas coloquem 4 jogadores nacionais de inicio, como forma a que joguem pelo menos 64 portugueses no fim-de-semana desportivo. Esta medida (que como é óbvio seria gradual, ou seja no próximo ano 2, daqui a 2 anos ter de utilizar 3, até que em 2016 teria a obrigação dos 4 portugueses), obrigaria os clubes nacionais a terem um plantel com pelo menos 10-12 jogadores nacionais, como forma de prevenir qualquer lesão ou castigo. Recordamos que por exemplo no campeonato russo há uma obrigatoriedade de as equipas apresentarem 6 jogadores russos no 11.
Limitar as transferências de jogadores do exterior para 8 ou 10 (desde que pelos menos 5 deles sejam internacionais por qualquer escalão de formação do seu país). Esta medida visa reforçar as trocas internas, fomentando a circulação interna do dinheiro e maior equilíbrio das contas dos clubes.

Que medidas equaciona para uma melhoria do nosso futebol? Portugal vai ser uma selecção vulgar a partir de 2016/18? O que acrescentaria ou retirava às ideias do Visão de Mercado para permitir evoluir a nossa Liga em termos de sustentabilidade dos clubes, indirectamente ajudar o futuro da nossa selecção, e para dar mais condições ao jogador português? Recordamos que em 2004 (parece que foi há um século, mas foi há meia dúzia de anos) o Porto de Mourinho venceu a Liga dos Campeões com 9/10 portugueses a jogar assiduamente  como tal, a ideia de os clubes só poderem ser mais competitivos com jogadores estrangeiros não faz sentido. E se os nossos melhores querem sair, ao menos que se criem condições para que outros apareçam e mostrem o seu valor...e para isso só actuando com regularidade.

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