Cristiano Ronaldo elimina o Barcelona e coloca o Real Madrid na final da Taça do Rei (Mourinho conseguiu a sua vitória mais expressiva frente ao Barça, 3-1); Português bisou, vergou os catalães, voltou a ser decisivo e tornou-se o primeiro jogador na história a marcar 6 vezes consecutivas em Camp Nou; Excelente exibição da dupla Varane-Sérgio Ramos (o francês é um fenómeno...voltou a marcar), e bons apontamentos de Ozil, Di Maria e Coentrão; Messi voltou a ser pouco influente (Xavi e Cesc foram uma nulidade)

Barcelona 1-3 Real Madrid (Jordi Alba 89´; C. Ronaldo 13´g.p. e 57´ e Varane 68´)

Di Maria senta Puyol e CR7 faz o 2-0
O Real Madrid de Cristiano Ronaldo e José Mourinho foi à Catalunha derrotar o seu grande rival FC Barcelona, assegurando presença em mais uma final da Copa do Rei. Os merengues foram superiores (a posse de bola não é tudo no futebol) e, pela 1ª vez na "era Mou", dominaram o Barcelona do princípio ao fim. O treinador português somou a sua vitória mais expressiva frente aos catalães (ao serviço do Real), manchada apenas pelo golo tardio de Alba, enquanto o Real marcou 3 golos em Camp Nou pela 1ª vez desde 2006-07 (1961-62 a contar apenas com jogos da Copa do Rei). Quanto a Cristiano Ronaldo... marcou pela 6ª vez consecutiva em Camp Nou (2 bis consecutivo), tornou-se no 2º jogador da história do Real com mais golos marcados no terreno do Barcelona (8, contra 11 de Gento), o 4º jogador com mais golos marcados aos catalães (12, contra 18 de Di Stefano) e soma 39 golos em 2012-13 (6 na Copa do Rei). Sergio Ramos e Varane (especialmente o francês) também se apresentaram em bom nível, Ozil, Di Maria e Coentrão deixaram bons apontamentos, enquanto do lado catalão, Lionel Messi voltou a "desaparecer" em campo, tal como a dupla Xavi-Fàbregas. 

Quanto à partida, o Barcelona até entrou melhor e criou duas situações de relativo perigo antes dos 5 minutos. Contudo, o Real acertou as marcações, conseguiu pressionar forte e sair em transições rápidas para o ataque. Numa delas, Cristiano Ronaldo foi rasteirado por Piqué na grande área, o que motivou o árbitro a assinalar grande penalidade. O português não tremeu e colocou os merengues na frente do marcador. Ronaldo continuou bastante activo durante o 1º tempo, com vários remates para tentar surpreender Pinto, mas sem sucesso. Fàbregas ainda visou a baliza de Diego Lopez, antes de Messi ter excelente oportunidade para empatar. O argentino dispôs de um livre em posição frontal, mas a bola passou rente ao poste do Real. A 2ª parte começou com um excelente passe de Xabi Alonso para Coentrão, com o português a rematar à figura de Pinto. Do outro lado, os catalães estavam a pressionar cada vez mais, mas foi de pouca dura. Cristiano Ronaldo fez o 0-2 aos 57 minutos e "matou" a eliminatória (destaque para a arrancada de Di Maria e para o drible sobre Puyol). Varane ainda deu contornos de humilhação à partida, num cabeceamento bem colocado após pontapé de canto, Ronaldo não desistiu de chegar ao hat-trick (bem tentou) e Jordi Alba reduziu para os catalães (grande assistência de Iniesta).

Destaques:

Barcelona - Continua a ser a equipa mais temível do Mundo, mas andar a brincar ao futebol dá nisto. Encarar esta fase decisiva da época sem treinador só podia dar mau resultado. É certo que os catalães têm uma espécie de piloto automático que quase nem precisam de um líder...às vezes dá a ideia que qualquer um podia ser o técnico, até os adeptos como se verificou hoje (pediram para Villa entrar, e ele entrou). Mas em momentos complicados é necessária a presença de alguém que consiga motivar, incutir novas ideias e dar continuidade ao espírito competitivo (Guardiola o ano passado saiu porque deixou de conseguir isso). E a verdade, é que parece faltar algo a este Barça. A equipa denota algum cansaço mental, o futebol de posse tem cada vez menos objectividade, a pressão (que sempre foi a principal arma dos catalães) tem menos intensidade e o conjunto vai com mais facilidade abaixo quando aparecem as contrariedades. E depois com elementos como Xavi e Cesc sem nada acrescentarem (voltaram a ser uma nulidade), ainda mais complicado se torna.

José Mourinho - Perfeito. O Real foi uma equipa com uma intensidade brutal, psicologicamente esteve sempre por cima do encontro, e em termos de abordagem ao jogo roçou a perfeição (pela 1ª vez na era Mou foi claramente superior aos catalães). O conjunto merengue parece ter feito de Camp Nou um terreno simpático, é notório que os jogadores não acusam a pressão e os resultados estão à vista: 2 jogos decisivos (hoje e o do "título" na época passada), duas vitórias. Madrid vai sentir saudades do Special One na próxima época, pois conseguir anular (e bater de uma maneira algo regular) a melhor equipa de todos os tempos é histórico.

Cristiano Ronaldo - A grande figura do encontro. Começa a ser complicado encontrar adjectivos para o melhor jogador português de todos os tempos. Os recordes que tem alcançado (em menos de 4 anos já bateu históricos do Real como Raúl e Di Stefano) e logo contra a melhor equipa da história do futebol, a maneira como continua a "carregar a equipa às costas" e a qualidade que exibe deviam merecer um outro reconhecimento por parte da FIFA (e até de alguns portugueses...é impressionante a quantidade de pessoas que odeiam CR7). Hoje criou o 1º golo (fez o que quis de Pique e ganhou o penalti) e, com toda a calma, ainda fez o 2-0, além disso foi sempre uma dor de cabeça para a defensiva catalã (rematou, desgastou, correu...no último minuto ainda estava a fazer sprints como se fosse o 1º minuto da partida). Como disseram os espanhóis no final da partida: "Foi Rei na casa de Messi".

Messi - Dois remates, ambos perigosos (um logo na 1ª jogada do encontro e outro de livre), e pouco mais. O argentino, à semelhança do que tinha acontecido com o Milan, voltou a ser pouco influente, raramente apareceu e esteve completamente ao lado do jogo. Muito pouco para quem tem o estatuto de melhor do Mundo (e já não se pode falar de algo ocasional quando aconteceu pela 2ª vez no espaço de uma semana).

Iniesta/Pedro/Alba e pouco mais... - Os centrais denotaram muitas dificuldades, Xavi e Cesc foram uma nulidade, Dani Alves e Messi pouco acrescentaram, e no meio de um jogo tão pobre do Barça safaram-se Iniesta (excelente assistência e dos poucos a dar alguma qualidade ao jogo catalão), Pedro (o mais interventivo na 1ª parte) e Alba (pelo golo, e por ser o único a dar alguma intensidade ao jogo catalão).

Sérgio Ramos/Varane - Excelente exibição da dupla merengue. Estiveram impecáveis defensivamente. O francês voltou a demonstrar que é um fenómeno, e além da segurança defensiva (é incrível como apesar de só ter 19 anos neste momento parece já ser o melhor central merengue à frente de 2 dos 5 melhores do Mundo como são Ramos e Pepe), voltou a marcar (marcou nas duas mãos) e a apresentar uma maturidade notável.

Xabi Alonso/Coentrão - Finalmente calaram os críticos (VM incluído) e rubricaram uma boa exibição. O português foi extremamente competente nas suas acções, já o espanhol (que apesar de ser um dos melhores do Mundo costuma vacilar nestes "El Clasico") foi importante no equilíbrio da equipa.

Diego López/Khedira - Fazia falta ao Real um guardião seguro nestes clássicos (Casillas nunca o foi). Apesar de pouco exuberante, o ex-Sevilla deu uma segurança incrível à baliza merengue (hoje voltou a rubricar uma excelente exibição, dizendo presente sempre que foi chamado a intervir); o alemão por sua vez, foi novamente um poço de energia no meio campo. Equilibrou a equipa, recuperou bolas, deu linhas de passe, e esteve praticamente em todo o lado (estranhamente continua a ser um dos jogadores menos valorizados no futebol mundial).

Di Maria/Ozil - Boas exibições. O argentino teve alguns lapsos na fase inicial do encontro, mas aos poucos começou a soltar o seu futebol. Esticando o jogo merengue, imprimindo velocidade nas transições e ainda teve uma acção decisiva no 2-0 (poucos foram os jogadores na última década que vergaram assim Puyol); já o alemão fez um trabalho "invisível" notável (impediu quase sempre Busquets de iniciar a 1ª fase de construção), e deu-se sempre ao jogo (é o elemento merengue com mais capacidade em fazer posse e a espaços teve pormenores técnicos acima da média. Mantemos a ideia de que Ozil e Iniesta são os 2 jogadores com mais azar na história. Tivessem aparecido numa geração sem Messi e Ronaldo, e onde o peso dos golos era menor, e estariam a lutar pelo rótulo de melhor do Mundo).

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