Benfica-FC Porto: A desculpa do desgaste devido às competições europeias

Pelo prestigio internacional, devido às significativas contrapartidas financeiras e por funcionar como uma  excelente montra para a valorização do clube e principalmente dos jogadores (as nossas equipas são essencialmente "vendedoras), os nossos emblemas todas as épocas demonstram a ambição, não só de participar nas competições europeias como de alcançar um lugar de destaque.

Porém ano após ano, os clubes que conseguem lá chegar, queixam-se constantemente do desgaste físico que estas provas provocam, sendo por isso muitas vezes a desculpa ideal para justificar alguns fracassos ou jogos menos conseguidos ao longo da época. Verificámos esta situação no presente campeonato, onde equipas como o Marítimo e Académica, que entraram na fase de grupos da liga europa, justificaram alguns resultados menos conseguidos ao longo do campeonato com o desgaste provocado por jogos internacionais muito desgastantes e viagens longas. Esta situação é compreensível devido aos planteis mais curtos que ambos os clubes têm, também devido ao facto de estas equipas não terem uma grande experiência europeia e pelo período de recuperação entre os jogos da liga europa e do campeonato ser muito curto.

Menos compreensível é o discurso de Jorge Jesus, onde refere que as equipas que estão na Europa têm menos possibilidades de serem campeãs. Todas as grandes equipas europeias têm que ter condições no seu plantel para lutarem em várias frentes. Isto para além de este facto não corresponder muitas vezes à realidade, pois grande parte das equipas que ganham a Liga dos Campeões, vencem também o seu campeonato, (2000/01 Bayern München, vence liga e Liga dos Campeões; 2003/04 FC Porto vence liga e Liga dos Campeões; 2005/06 Barcelona vence liga e Liga dos Campeões; 2007/08 Man. United, vence liga e Liga dos Campeões; 2008/09 Barcelona vence liga e Liga dos Campeões; 2009/10, Inter de Milão vence liga e Liga dos Campeões; 2010/11 Barcelona vence liga e Liga dos Campeões). Estes números mostram que desde 2000/01 sete dos vencedores da Liga dos Campeões venceram também as suas ligas, desmentindo assim a teoria de Jorge Jesus, de que quem sai primeiro das competições europeias tem mais possibilidades de ganhar o campeonato.

O Benfica de Jorge Jesus, costuma ter sempre uma quebra na fase final da temporada devido ao desgaste dos seus jogadores. Este ano o treinador tem referido muitas vezes que o campeonato é a sua principal prioridade, tendo vindo a desvalorizar por completo a prestação na Liga Europa, quase que se desculpando de um possível falhanço no campeonato, com o facto de ainda estar na LE. No entanto esta é uma falsa questão, pois esta época, JJ tem promovido uma maior rotatividade no plantel, (sendo verdade que muitas vezes essa rotatividade se deve a algumas lesões ou castigos) e analisando os minutos de jogo ao longo da temporada dos jogadores de Porto e de Benfica, verifica-se que muitos portistas têm mais minutos de jogo, que os jogadores do Benfica, (Nos dragões, Otamendi 2790 min, João Moutinho 2688 min, Jackson Martínez 2626; Nas águias, Garay 2610 min, Salvio 2536 min, Matic 2450 min). A esta realidade dos minutos, juntamos outra: Jesus, esta época, só para o campeonato já deu a titularidade a 23 jogadores diferentes (e curiosamente Aimar ainda foi titular), o que comprova a qualidade/profundidade do plantel encarnado (de longe aquele que tem mais individualidades acima da média). Logo se os jogadores do Benfica quebrarem na fase final do campeonato isso só pode ser explicado por uma má preparação física, mental (durante e depois dos jogos), deficiente recuperação ou cargas de treino exageradas ao longo da época. Nunca pelo excesso de competições. Aliás, considerando que tanto Porto como Benfica tem apresentado ao longo dos últimos anos os maiores orçamentos de sempre, não podem descurar qualquer competição e têm sempre a obrigação de lutar por todos os títulos (mesmo em termos internacionais, já que o fosso para as principais equipas europeias é cada vez menor), não podendo a vitória numa prova estar dependente do afastamento de outra. O desgaste físico vai ter um papel decisivo no desfecho do campeonato? Ou, já o era no passado, mas principalmente este ano (devido à qualidade/profundidade dos plantéis) é uma falsa questão (ainda para mais no caso do Benfica, como demonstram as estatísticas)?

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Ricardo Prata

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