A realidade leonina: das promessas do paraíso ao legado do inferno

Observando os últimos dois anos da realidade leonina, mais concretamente do período que vai das eleições que levaram o engenheiro Godinho Lopes ao poder até ao momento atual, é possível constatar alguns factos importantes.

O Sporting está mais pobre em termos desportivos, financeiros e igualmente na vertente humana...

Os resultados desportivos estão à vista de todos.

Se é inquestionável que a realidade financeira na tomada de posse da atual presidência já se encontrava muito pouco confortável, mais inquestionável será reconhecer agora que ruiu, com salários de funcionários em atraso, a fazer relembrar os tempos caótico do presidente Jorge Gonçalves, com a dívida a assumir contornos surreais e com os compromissos da tesouraria a curto prazo a serem postos em causa, a que se juntam ameaças dos candidatos a avançarem processos judiciais como primeiro ato presidencial caso aqueles não se encontrem em dia.

Em termos eleitorais, se na eleição de Godinho Lopes havia 6 candidatos, algo considerado natural face à turbulência pelo que passava o clube, estranha-se agora que hajam apenas 3, até porque a situação é igualmente preocupante, e sem se encontrar entre eles um nome realmente excitante. Estarão as altas patentes e os mais capacitados receosos de encontrar um pântano? Não estarão interessados na possibilidade de ficarem associados ao fechar da porta de um dos maiores clubes nacionais, ou simplesmente revela falta de amor clubístico?

Olhando para Bruno, Couceiro e Severino, sabe a pouco, até porque nenhum deles encarna a estratégia nítida de enriquecer o plantel, antes estratégias pouco ambiciosas alicerçadas num conceito algo vago sobre investidores estrangeiros (quem, onde, como, porquê?) e aposta quase exclusiva na formação (não tanto como opção ou paixão mas mais pela ausência de outras hipóteses que sejam para eles viáveis).

Poder-se-á questionar se mais investimentos avultados no plantel não resultarão mais do mesmo e se haverá mais margem de manobra para “torrar” dinheiro que não existe? Poderemos igualmente questionar se em mais de 3 milhões de adeptos, alguns com títulos nobiliárquicos e cheios de dinheiro, não haverá uma única alminha disposta a assumir a figura de mecenas? Alguém acredita que Abramovich é do Chelsea desde pequenino ou que algum dia vai obter lucro com o avultado investimento? Com o paciente agarrado às máquinas estranha-se que entre tantos adeptos não haja um sequer que queira brincar ao FM em real mode, preferindo assobiar para o ar.

Qual a solução para o clube leonino? Um mecenas ao estilo Abramovich ou do Sheikh Mansour Al Nahyan? Será mais realista pedir batatinhas à banca e investir na formação (com tudo o que isso implica, paciência, imprevisibilidade, etc.) ou continuar a estratégia de partilha de passes de jogadores que facilitam a aquisição de atletas mas que amputam praticamente as hipóteses de fazer lucros avultados numa venda futura, mantendo assim o fosso com o Benfica e Porto que ano sim, ano sim, vendem jogadores por mais de 15 milhões de euros com uma facilidade impressionante?

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Sérgio Tomás

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