Exibição monumental do prodígio Varane dá esperança ao Real na eliminatória; merengues apresentaram poucas ideias e foram claramente inferiores ao Barcelona; ausência de Modric da titularidade (é dos poucos jogadores que pode contrariar a posse dos catalães) é inexplicável (custou 35 milhões e é claramente mais talhado para estes jogos do que Xabi)

Real Madrid 1-1 Barcelona (Varane 82'; Fàbregas 50´)

O Real Madrid e o Barcelona empataram 1-1 na primeira mão das meias finais da Copa do Rei. No Bernabéu, o meio campo catalão superiorizou-se com facilidade a uma equipa merengue que se apresentou demasiado passiva (principalmente no segundo tempo) e com falta de ideias, dependendo excessivamente de iniciativas individuais (não se compreende a ausência de Modric do 11 titular). A primeira parte ainda foi relativamente equilibrada, com os dois conjuntos a dividirem ocasiões para marcar (destaque para o livre de Ronaldo para grande intervenção de Pinto e para o remate de Xavi à barra), mas no segundo tempo os blaugrana dominaram a todos os níveis. Logo no início, Fàbregas fez o 1-0, num lance em que marcou isolado perante Diego López. A turma de Vilanova teve várias oportunidades para fazer o 2-0, não conseguiu e acabou por ser castigada pela sua ineficácia. Para evitar a derrota que seria o resultado normal face ao rendimento do colectivo blanco, tivemos hoje a ascensão de um prodígio, que acreditamos que será o topo na posição de central nos próximos tempos. Raphäel Varane, com uma exibição do outro mundo, perfeita a nível defensivo, foi a figura do El Clássico ao apontar o golo do empate.

Destaques:

Real Madrid - Jogo fraco do Real (oportunidades de golo nem sempre significam futebol de qualidade, ainda para mais quando Benzema ou Ronaldo são capazes de desequilibrar em iniciativas individuais), algo que tem sido norma nesta temporada. A pressão intensa que os merengues costumam aplicar frente aos catalães hoje deu lugar a uma postura demasiado passiva, o jogo de transições rápidas já não chega para ganhar ao Barcelona (em organização ofensiva a equipa revela muito poucas ideias) e houve vários elementos que não renderam o que se esperava (Arbeloa esteve muito mal, Carvalho cometeu muitos erros, Xabi Alonso não tem ritmo para estes jogos, Callejón pouco se viu). O mais grave é que Mourinho tem um jogador do calibre de Modric, claramente um dos melhores médios europeus, sentado no banco de suplentes quando foi contratado precisamente para dar outra capacidade ao meio campo merengue frente ao Barcelona. Não dá para explicar. Ainda assim, a eliminatória não está completamente perdida.

Barcelona - Apesar da superioridade, não foi uma super exibição dos catalães (se tivesse sido a vitória não fugiria), o que se pode explicar pelo papel menos influente que Messi teve neste encontro (Pedro também esteve algo escondido). Iniesta foi o motor da equipa, destacando-se as subidas de Dani Alves pelo flanco direito (Jordi Alba esteve mais contido) e algumas dificuldades dos dois centrais, algo duros de rins. Nota ainda para Pinto, que correspondeu bem quando teve trabalho.

Varane - O melhor em campo, não só pelo golo que apontou. Pelas suas características, tem potencial para ser o central do futuro. Mas que grande exibição! Tem uma leitura de jogo e um timing de corte notável para um jovem de apenas 19 anos. Neste encontro teve de emendar os disparates do seu experiente companheiro Ricardo Carvalho (principalmente ao evitar um golo cantado), que esteve bastante precipitado. Destaque para um corte absolutamente fantástico quando Fàbregas seguia isolado.

Iniesta/Fàbregas - A qualidade habitual. Iniesta encantou com a sua visão, velocidade de execução e controlo de bola, enquanto que Cesc se destacou pelos seus movimentos de ruptura, que resultaram num golo e numa série de lances em que ficou isolado. 

Essien/Dani Alves - Não foi pelo ganês que a exibição do Real foi pobre (Arbeloa esteve bem pior). Esteve muito seguro defensivamente e apoiou o ataque de forma muito objectiva (foi dele a melhor iniciativa colectiva dos merengues no primeiro tempo, soltando Callejón no flanco direito). Em relação ao brasileiro,  ainda teve alguns problemas defensivos nos primeiros 45', mas apresentou a qualidade ofensiva que lhe é reconhecida.

Messi/Ronaldo - Não foi uma exibição particularmente feliz dos dois craques, mas a novidade acaba por ser que ambos ficaram em branco. O português entrou a todo o gás, caindo com a equipa, enquanto que o argentino, apesar de algumas arrancadas, também não esteve ao seu nível.

Diego López/Pinto - Boas exibições. O merengue regressou em grande ao Real demonstrando muita segurança na baliza, já o veterano do Barcelona começou o jogo logo com uma grande parada num livre de Ronaldo e foi competente nas suas acções.

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