UFC – Epílogo de 2012 e Antevisão de 2013

De todas as (muitas) promoções de MMA existentes no Mundo, a mais mediática de todas será certamente a UFC. A empresa presidida por Dana White tem sob contrato alguns dos melhores praticantes do planeta (americanos, brasileiros, e cada vez mais europeus), e continua a sua caminhada com o objectivo da mais completa credibilização de um desporto que ainda é visto por muitos como uma espécie de luta de cães, mas com seres humanos. O ano de 2012 foi repleto de grandes momentos (outros nem por isso), e 2013 promete ser tão bom ou melhor. Segue-se um pequeno resumo do que se passou no ano que finda, e do que se espera para o próximo.

Super-lutas: a mais falada e aguardada é que oporia George Saint-Pierre (campeão WW) a Anderson Silva (campeão MW). Ambos os homens são dominadores a 100% nas suas categorias, pelo que juntá-los seria o equivalente a colocar Frazier e Ali frente a frente. Há quem se oponha, dada a diferença de peso (Silva é bastante grande, lutando até na categoria acima), e o canadiano não se tem mostrado muito receptivo. Mas agora entrou em cena outro campeão: Jon Jones, que praticamente arrumou com a divisão de LHW é apresentado como possível oponente de Silva. Se juntarmos o facto de Silva não ter adversário à altura, e que os rumores de uma retirada se adensam, 2013 pode ser o ano em que estes dois monstros da MMA se encontram.

Strikeforce: e 2013 marca o fim da Strikeforce. Comprada pela UFC em 2011, a promoção foi-se mantendo em lume brando, mas viu alguns dos melhores lutadores mudarem de banner. Com o final decretado, resta saber quem passa para a UFC, e em que condições. Gilbert Melendez, Luke Rockhold ou "Jacaré" Souza podem ter papéis relevantes na UFC, e até lutarem a curto prazo pelos cinturões de campeões.

Meninas no octágono: o UFC 157 vai ficar na História como o primeiro evento com um combate feminino. Com a Strikeforce veio a divisão feminina (BantamWeight), e após reflexão Dana White resolveu mesmo apostar nas meninas. E o primeiro combate até vai ser um cabeça de cartaz, opondo a campeã Ronda Rousey (o título transitou da Strikeforce) a Liz Carmouche. Rousey pode bem vir a ser uma das figuras da promoção; além de ser uma lutadora temível (judoca), tem uma cara laroca e um corpo de arrasar, na linha da fotogénica Gina Carano. O maior entrave é mesmo a sua enorme qualidade: de momento, Rousey parece estar muitos patamares acima de todas as suas concorrentes, pelo que alguns combates possam parecer meras exibições do seu talento. Isto até, "Cyborg dos Santos terminar a sua suspensão por doping...

Drogas: por falar em drogas, 2012 foi um ano difícil para a UFC. Recreativas, os típicos esteróides, o ano teve um pouco de tudo. Complicada é a questão do TRT (tratamentos de testosterona), um procedimento médico usado por alguns lutadores. Embora seja receitado por médicos e tecnicamente legal, é visto (por adeptos e outros lutadores) como apenas mais um método de melhorar o rendimento físico, daí que existam pressões para o ilegalizar (é legal, desde que exista atestado médico a comprovar a sua necessidade). Mas o caso mais bicudo de gerir é mesmo o de Alistar Overeem. O holandês tem feito a carreira sob um manto de dúvidas, quer pelo modo como "encheu", como pelo facto de faltar a alguns controlos. Nas vésperas de lutar pelo título de HW, acusou valores demasiado elevados de testosterona/epitestosterona, e foi suspenso  Voltará em Fevereiro, e depois de passar por António Silva irá decerto ter a sua chance de lutar pelo título. Mas como o campeão Dos Santos se tem fartado de referir, será sempre considerado uma fraude.

Ídolos que caem: é sempre difícil a um adepto ver os seus ídolos definharem. Mais penoso se torna em desportos de combate, pois isso acarreta ver os nossos heróis levarem valentes sovas. Alguns destes concluíram que o seu tempo passou (Fedor Emelianenko, um dos melhores de sempre, retirou-se, tal como Tito Ortiz), outros teimam em continuar. Entre estes encontram-se Rich Franklin (atirado ao tapete por um também ultrapassado Cung Lee), BJ Penn (duas derrotas seguidas, a última das quais um massacre), Minotauro Nogueira (demasiados kms nas pernas) ou Wanderlei Silva (outro apanhado pelas punições sofridas ao longo da brilhante carreira). Depois há aqueles que, embora competitivos, já não são as forças poderosas de tempos idos, tais como Maurício Rua ou Vitor Belfort. Com a entrada de novos lutadores (vindos da SF ou recrutados noutras paragens), é natural que alguns destes nomes pensem na reforma.

Previsões por divisão

HW: o ano vai fechar com o rematch de Dos Santos com Cain Velasquez. Caso o pugilista brasileiro volte a levar o americano/mexicano ao tapete (e pensamos que tal irá acontecer), o seu próximo encontro será com o monstro Alistair Overeem. Dos Santos, que tem uma defesa quase perfeita a takedowns é um exímio lutador em pé (praticamente não é atingido, e tem socos fortes e colocados) terá no kickboxer da Holanda um adversário de peso (literalmente). Tirando estes três nomes, o panorama é pouco animador. Sobram o "arranha-céus" Struve, que terá de vencer 2/3 combates de peso em 2013 para ter uma hipótese de lutar pelo cinto, e o surpreendente Daniel Cormier. O brasileiro Werdum pode ter ainda uma palavra a dizer, mas para ser (de novo) levado a sério, terá de bater Cormier e/ou o perdedor do combate atrás referido.

LHW: Jon Jones limpou a divisão, batendo tudo quanto foi campeão. O americano (considerado por muitos como o primeiro MMA de "berço") usa o seu tamanho, agilidade e alcance para derrotar quem lhe apareça pela frente. Sonnen será uma formalidade, até que encontre o vencedor do combate Machida/Henderson (com quem deveria ter lutado). A correr por fora parecem estar o sueco Gustaffson (fez "nome" ao bater Maurício Rua) e Glover Teixeira, que pretende usar Quinton Jackson como prova de que possui os punhos mais potentes da divisão. Claro que tudo isto pode ser posto em causa se "Bones" for chamado a lutar com Anderson Silva.

MW: Anderson Silva. Retirada, GSP, Jon Jones, são três possibilidades. Considerado como um dos melhores de sempre, e o melhor pound-for-pound da actualidade, o brasileiro parece por vezes não ter motivação para defrontar talento bem abaixo do seu. Posto de lado Chael Sonnen (com muita novela), o Michael Bisping (outro que fala muito) pode ser a próxima vítima. Isto se o britânico não for emparelhado com o cubano Hector Lombard, uma das fortes aquisições da UFC, que se redimiu em Dezembro de uma estreia medíocre.

WW: depois de passar por Condit, Saint-Pierre irá defrontar Nick Diaz (caso este não fume umas ganzas na véspera). Na fila está Johny Hendricks, que apresentou o resiliente Martin Kampmann ao chão do octágono há algumas semanas atrás. Outros nomes a ter em conta são Rory MacDonald (se bater Condit torna-se um candidato ao título) e Demian Maia, um mestre da submissão que ainda não perdeu nesta divisão de peso (irá defrontar John Fitch, que nos últimos anos apenas perdeu com GSP e Condit).

LW: Benson Henderson não tem de momento alguém ao seu nível. A UFC bem pode inventar nomes, mas de momento só há duas opções viáveis: Gilbert Melendez, ou a subida de peso (já falada) de José Aldo.

FW: mais uma divisão em que o campeão é incontestado. José Aldo tem passeado, mas agora tem um adversário temível, o ex-campeão LW Frankie Edgar. O americano é conhecido por nunca desistir, e aguentar grandes tareias. Já o brasileiro, diz-se, parece estar a perder potência devido às perdas de peso. Nomes a seguir, Chan Sung Jung, conhecido pelos golpes acrobáticos e Denis Siver, pequeno como LW, mas que está a subir nos rankings desta divisão. Chad Mendes é outro lutador de topo, mas em 2013 não deverá lutar pelo título, a não ser que Edgar ultrapasse ALdo de forma categórica o suficiente para não haver desforra.

BW: com o campeão Dominick Cruz lesionado, resta a Renan Barão ir defendendo o seu título interino. Michael MacDonald é o adversário que se segue, sendo que a partir daqui o cenário é turvo,pois tanto Brian Bowles como Urijah Faber já foram derrotados recentemente pelos citados.

Balanço de 2012? E para 2013: que lutadores da Strikeforce terão impacto imediato na UFC (alguns podem até obter combate de título)? A MMA feminina vai, com a entrada na UFC, dar o salto para a ribalta? Que lutadores se deviam retirar durante o ano 2013? A nova temporada vai terminar com os mesmos campeões com que se inicia, ou alguns cintos vão mudar de dono? Se sim, quais serão?

Visão do Leitor: Nuno Ranito

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