Ciclismo – Epílogo de 2012 e Antevisão de 2013

O ano de 2012 fica naturalmente marcado pela primeira vitória de um ciclista britânico na Volta a França. Bradley Wiggins foi o mais forte de todos os participantes na prova de ciclismo mais importante do planeta (venceu com mais de 3 minutos de avanço) e, para isso, foi extremamente importante a ajuda da sua equipa (Sky). A armada britânica controlou a corrida de inicio ao fim e elementos como Richie Porte, Rogers, Boasson-Hagen e, sobretudo, Chris Froome (foi 2º na geral individual e deu a sensação de poder ter sido 1º por estar mais forte nas montanhas que o seu líder) acabaram por ser decisivos. Esta Volta a França de 2012 ficou ainda marcada pelo 3º lugar de Nibali, pelas 3 vitórias em etapa de Sagan, Greipel e Mark Cavendish, pela vitoria na juventude de Van Garderen (terminou na 4ª posição da geral, à frente do líder Evans), pela revelação Pinot e por uma forte Europcar (vitória na camisola da montanha com Thomas Voeckler e um lugar no top-10 com Rolland). Por último, destaque para o 18º lugar de Rui Costa e para o bom trabalho do Sérgio Paulinho, colega de equipa de Chris Sorensen, o mais combativo da prova.

Além do Tour, 2012 fica ainda marcado pela vitória inesperada do canadiano Ryder Hesjedal no Giro de Itália. O homem da Garmin não estava incluído no lote de favoritos, mas a verdade é que surpreendeu e conseguiu o prémio mais ambicionado por todos, batendo nomes como Joaquin Rodriguez (o catalão da Katusha perdeu a “maglia rosa” no último dia de competição, um crono que o deixou a apenas 16 segundos do 1º lugar), o surpreendente Thomas De Gendt (uma fantástica etapa nos últimos dias de prova valeu-lhe o 3º lugar) ou a dupla de colombianos da Sky Uran-Henao. Por último, destaque para a segunda vitória de Contador na Volta a Espanha, embora esta tenha tido um sabor especial por ter sido a primeira grande competição ganha pelo espanhol após o seu período de suspensão), naquela que foi a Volta mais emotiva do ano (imprevisível, recheada de ataques e com muita táctica à mistura). “El Pistolero” esteve muito forte e levou a melhor sobre outros dois ciclistas espanhóis soberbos, Valverde (2º) e Rodriguez (3º). Destaque ainda para o 21º lugar de André Cardoso e para a má prestação de Chris Froome, já que o britânico da Sky ficou a mais de 10 minutos da liderança.

Além das grandes provas de 3 semanas, é também justo destacarem-se nomes como Alexandre Vinokourov, vencedor da prova de estrada dos Jogos Olímpicos de Londres (Wiggins venceu a prova de contra-relógio), Tony Martin (vencedor dos mundiais de contra-relógio), Joaquin Rodriguez (vencedor da Fleche Wallone e do ranking da UCI, 2º no Giro e 3º na Vuelta), Peter Sagan (inúmeras vitórias ao longo da época), Gilbert (uma época fraca do belga, sobretudo comparada com a anterior, mas que valeu pelo título de campeão do mundo de estrada na Holanda), Tom Boonen (um início de 2012 assombroso, com vitórias no Tour de Flandres e no Paris-Roubaix) e o português Rui Costa (18º no Tour, vencedor da Volta a Suiça, 3º na Volta a Romandia e 10º no ranking da UCI).

Por outro lado, as desilusões de 2012. É inevitável falar-se da Radioshack-Nissan e dos irmãos Schleck, elementos que passaram completamente ao lado da temporada, sobretudo Andy. Além disso, foram públicos os conflitos internos da equipa de Johan Bruyneel e, por fim, mais um problema. Franck Schleck controlou positivo e aguarda agora a sentença. Além deles, Cadel Evans (tinha como objectivo renovar a vitória no Tour e falhou redondamente), Scarponi, Ivan Basso, Cancellara (falhou os principais objectivos da temporada e, sendo um dos melhores do mundo, deve sentir-se frustrado) e Juan Cobo são outras decepções.

Em Portugal, David Blanco venceu a Volta a Portugal (a sua 5ª no total, batendo o recorde de Marco Chagas) e coroou um domínio total da equipa Efapel (etapas, camisolas e 6 ciclistas nos primeiros 14). Destaque ainda para Hugo Sabido, uma vez que o português esteve bastante mais consistente (foi 2º a 22 segundos do 1º lugar), Van Rensbug (camisola dos pontos e 2 etapas conquistadas) e para a equipa norte-americana United Heathcare, já que venceu 3 etapas. Pela negativa destaco a Carmin-Prio, a principal derrotada da prova.

2013

O ano de 2013 promete ser extraordinário. Teremos a 100ª edição do Tour de France, onde poderemos observar o regresso de Alberto Contador e de Andy Schleck, homens que tentarão assaltar o 1º lugar deste ano a Bradley Wiggins. Como adversários terão a dupla forte da Sky (Wiggins/Froome), Evans (tentará reeditar a vitória de 2011), Nibali (já conquistou a Vuelta e um pódio no Tour e, por isso, quer o 1º lugar), Gesink (tarda em confirmar todo o seu potencial) ou Valverde (quererá melhorar o registo de 2012 e, após uma boa Vuelta, o Tour será o objectivo), numa luta que promete ser entusiasmante (esperemos que com Rodriguez e a sua Katusha).

Além disso, será importante ver como se adapta Mark Cavendish à Omega Pharma-Quick Step (a lutas pelos sprints com nomes como o do britânico a juntar a Greipel, Moser, Sagan, Kittel, Degenkolb, entre muitos outros, prometem animar o ano); observar como funciona a renovada Astana, uma vez que a equipa cazaque contratou nomes como Nibali e Fuglsang; ver a adaptação do Pozzovivo à AG2R e do português Ricardo Mestre à Euskaltel; e, por último, certificar se a nova Saxo Bank tem capacidade para levar Contador à vitoria na Volta a França (as contratações de Rogers, Sutherland, Kreuziger, Roche ou Breschel deverão ajudar). Será igualmente curioso observar a confirmação de alguns talentos como Rigoberto Uran e Henao da Sky; Nordhaugh e Jack Bobridge da Blanco Pro Cycling; Degenkolb, Patrick Gretsch e Kittel da Argus Shimano; e, por último, Tiago Machado, um talento português que tarda em afirmar-se e André Cardoso. 

Quem foi o principal ciclista de 2012? Quais as surpresas e as desilusões? Quais as possíveis revelações e confirmações em 2013? Como será a 100ª edição do Tour? A Sky conseguirá vencer com os regressos de Contador e Andy Schleck? O que esperar de Rui Costa: repetir 2012 ou melhorar? Rodriguez voltará a ser o melhor ciclista do Mundo em 2013, ou nomes como Sagan, Hagen e Cancellara podem destronar o espanhol? Quem vencerá a Volta a Portugal? Como se adaptará Ricardo Mestre a uma equipa de World Tour e conseguirão Tiago Machado e André Cardoso explodir?

Visão do Leitor: Rodrigo Ferreira

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