Benfica: O Estranho Caso de Miguel Rosa

A história recente do Benfica demonstra que o clube encarnado não liga a nacionalidades quando é hora de formar a equipa. Portugueses, poucos ou nenhuns fazem parte do plantel principal. Apostar na formação é algo raro para os lados da Luz, salvo raras excepções. No entanto, e sobretudo depois das saídas de Javi Garcia, primeiro, e Witsel, depois, esperava-se que Jorge Jesus promovesse alguns elementos da equipa B ao plantel principal, tendo em conta a ausência de soluções no meio-campo. Há Matic, o jogador com características mais defensivas. Sobram Carlos Martins e Aimar, que são excelentes jogadores, mas diferentes, enquanto Enzo Pèrez é uma adaptação. É neste contexto que surge o nome de Miguel Rosa e a sua estranha relação com o Benfica.

O jovem de 23 anos é um jogador da casa. Formado no clube da luz, é um médio ofensivo/interior. Não é um criativo nato, mas é bom tecnicamente. Não é de fintas espectaculares, mas é um cumpridor nato, capaz de organizar e desequilibrar, seja através de passes de ruptura ou de arrancadas desde trás. Nas camadas jovens dos encarnados, Miguel Rosa cumpriu todas as etapas com distinção. Chegado a sénior, sucederam-se os empréstimos. Estoril e Carregado foram os primeiros destinos. Depois, o Belenenses. E foi no estádio do Restelo que Miguel Rosa se deu a conhecer, principalmente aos adeptos encarnados. Na equipa da cruz de Cristo, o actual capitão do Benfica B sobressaiu e foi considerado o melhor jogador da segunda liga. Golos, assistências e exibições de encher o olho. Parecia tudo encaminhado para que o lisboeta tivesse a sua oportunidade na primeira equipa do Benfica mas, de forma inexplicável, Miguel Rosa continua sem ter oportunidades. Ao contrário de David Simão, Romeu Ribeiro, Miguel Vítor ou Roderick Miranda, o capitão dos "bês" continua à espera duma hipótese de mostrar o que vale. Inteligência. Carácter. Maturidade. Miguel Rosa é, aos 23 anos, um jogador que respira e transpira futebol. Actualmente é o líder da equipa B encarnada e as suas exibições fazem com que continue a destacar-se dos restantes colegas. Com um meio-campo tão débil, Jorge Jesus podia e devia olhar para o português como uma alternativa. Afinal de contas, Miguel Rosa já demonstrou ter potencial suficiente para, pelo menos, ter uma oportunidade na equipa principal e se aos 23 anos ainda não é aposta quando vai ser. Se triunfará ou não, isso é outra história.

Miguel Rosa já merecia uma oportunidade para jogar na principal equipa do Benfica? Que motivo ou motivos impedem que o médio ainda não a tenha tido? Será por ser Rosa em vez de Rosales?  Considerando que já tem 23 anos, se o melhor Jogador de Agosto/Setembro da II Liga, prémio atribuído pela Liga Portugal e pelo Sindicato de Jogadores (SJPF) ainda não tem espaço, com que idade o irá ter? Que outros nomes (portugueses) da equipa B (ou que estão emprestados) mereciam mais oportunidades no conjunto principal?

André Mesquita

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