Não perturbem Carlos Xistra, se faz favor

O presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Castelo Branco, revelou que Carlos Xistra está perturbado com todas as críticas que lhe foram apontadas na sequência do seu trabalho no jogo do passado domingo entre Académica e Benfica. Na página da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol a profissão de Carlos Xistra é funcionário público. Ora isto significa que Carlos Xistra perpétua uma acção sem ser dela profissional. Acontece muito. Mas numa indústria em que os intervenientes principais são profissionais, a vida de treinadores e jogadores dependem de homens que não o são. Isto é estranho? Fica pior. Uma pessoa que não é profissional e que ganha não sei quantos milhares de euros por semana para correr 90 minutos a olhar para uma bola, porque na realidade ele não ganha pelas habilitações, que não tem, está triste porque depois de um péssimo trabalho lhe dizem que o trabalho foi péssimo. Não só isso como é o representante da associação dele, tipo chefe de grupo de amadores, que vem dizer que o árbitro Xistra está perturbado, provavelmente enquanto o funcionário público Xistra ganha outros não sei quantos milhares de euros a fazer a verdadeira actividade profissional dele.

Estranham? Ainda não acabou. Lembremo-nos por momentos do problema que houve recentemente na Liga de Futebol Americano. Os árbitros estiveram em greve até hoje/ontem e durante esse período foram amadores que dirigiram os jogos. Claro que a falta de competência rapidamente saltou à vista e um grande número de erros técnicos e fraudes desportivas foram cometidas. No entanto o que se discutia na América não era quem teria sido ou não beneficiado mas o mal que faziam ao desporto, aos adeptos e aos profissionais. Nós preferimos discutir a quem foram “roubados” pontos, quem beneficiou disso e se quem beneficiou terá ou não tido culpa no “roubo dos pontos”. Cada vez mais estranho? Ainda falta. Toda a gente sabe que o futebol tem muitas limitações do ponto de vista da inteligência, mas isso fica para outro artigo. De qualquer maneira só isso não justifica que um interveniente desportivo amador no futebol em Portugal ganhe em média 31.500 euros em média por ano, contando com 4.000 euros de subsídios de treino. É verdade, fui descobrir os não sei quantos milhares de euros que Xistra ganhou num fim de semana em que prestou um péssimo serviço à associação que lhe paga para correr 90 minutos a olhar para uma bola. Alguém tem uma camisola amarela da adidas e um apito? Se souberem assobiar com os dedos não precisam de apito.

Para concluir, e deixando claro como me parece que está que é indiferente para mim quem foi ou deixou de ser prejudicado, já que esse desequilíbrio será com certeza acertado durante a época, é muito estranho, mesmo muito, que Carlos Xistra esteja perturbado por ser criticado por fazer mal uma actividade pela qual ele recebe dinheiro e para a qual não pode ser devidamente responsabilizado. Imaginem que um professora de Ciências duma escola fica doente.  Nesta altura está mais frio e a D. Clara apanhou um corrente de ar. A escola, para substituir a D. Clara, chama um carpinteiro que passa as aulas de Ciências a cortar madeira. A determinada altura do ano os pais chateiam-se e dizem “Peço desculpa, mas o meu filho não está a aprender nada de Ciências nas aulas e agora só quer cortar madeira.” A escola fala com o carpinteiro e diz aos pais que este ficou muito perturbado com a indignação dos pais. O carpinteiro continua a dar aulas e a receber o dinheiro das propinas dos alunos. Percebem? O problema é que a Liga não tem ninguém doente. Na realidade do nosso futebol a D. Clara é o carpinteiro e não está a substituir ninguém.

Visão do Leitor (perceba melhor aqui!)Luís Figueiredo

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