Juventus 2012/13: Repetir o êxito a nível interno e entrar na luta pela Liga dos Campeões

Depois de dois sétimos lugares consecutivos (em 2009/10 e 2010/11) e de nove épocas sem sentir o sabor da vitória no campeonato (foi campeã em 2005 mas o título foi-lhe retirado, na secretaria, pelos motivos conhecidos), a Vecchia Signora reapareceu em força na época 2011/12, vencendo, invicta, a Série A italiana. Apesar do percurso sem derrotas, a turma de Turim somou 15 (!) empates no total, acabando por superar os rivais do AC Milan apenas por uma diferença de quatro pontos. Algo que não terá acontecido por obra do acaso, ou não fossem os homens comandados por António Conte fiéis discípulos da doutrina do futebol italiano: focados na manobra defensiva da equipa (vários foram os jogos em que atuaram, na prática, com uma defesa composta por cinco elementos), com um meio campo compacto, dono de uma cultura tática assinalável e com uma capacidade de trabalho muito acima da média e um ataque longe de deslumbrar, mas suficientemente eficaz para arrecadar o Scudetto. Reflexo desta mesma postura, a Juve afirmou-se como a melhor defesa entre os principais campeonatos da Europa (20 golos em 38 jogos contra os 19 golos em 30 jogos do FC Porto). Já no ataque, os de Turim foram apenas o segundo melhor ataque do campeonato (com menos 6 golos que o AC Milan) e, considerando as ligas italiana, inglesa, espanhola, francesa, holandesa e alemã, foram mesmo o campeão com pior média de golos por jogo (a par do Montpellier). Estatísticas que valem o que valem mas que, no mínimo, demonstram que os campeões italianos precisam de investir no ataque para poderem esgrimir argumentos com os restantes tubarões europeus (internamente, com os rivais de Milão num momento menos bom, não deverá ter dificuldades em revalidar o título). Com base no contexto descrito, fica uma abordagem aquilo que poderia ser o plantel da Juventus para a época 2012/13: 

Guarda redes: O histórico Gianluigi Buffon, aos 34 anos, continua a ser indiscutível e uma das referências, não só da equipa, como do futebol mundial. Marco Storari (35 anos), já muito experiente, será a sua sombra, a meias com o jovem Nicola Leali (jovem de 19 anos já apontado ao Sporting), jogador sobre o qual recaem muitas expectativas para o futuro.
Lateral direito: Stephan Lichtsteiner deverá manter-se como dono indiscutível do lugar. O internacional suíço, 28 anos, fez uma época de estreia assinalável, fazendo-se valer da robustez física que possui (para lateral possui uma estampa física muito apreciável) e de uma capacidade ofensiva bastante razoável (pode, inclusive, atuar como médio no corredor direito). O uruguaio Martin Cáceres, jogador de qualidade mas um pouco temperamental, será um bom concorrente (pode igualmente jogar como defesa central ou mesmo lateral esquerdo), embora também o reforço Maurício Isla possa ser opção para o lugar.
Lateral esquerdo: Na temporada passada, o italiano Chiellini foi alternando entre a posição de lateral esquerdo e a posição de central pelo lado esquerdo, num esquema com três centrais. É, nitidamente, um defesa central (poderia ser uma das grandes referências do futebol mundial para esta posição e jogar encostado à esquerda – embora o faça bem – acaba por prejudicar o internacional italiano), mas a falta de um jogador com capacidades para ser um indiscutível na posição acabou por encostá-lo à esquerda.  De Ceglie, ainda jovem (25 anos), forte fisicamente (1.84m) e com capacidades para dar uma boa profundidade ao flanco esquerdo, tentará aproveitar todas as oportunidades que possam surgir. O suíço Ziegler (fortemente apontado ao Benfica), não tem lugar garantido no plantel, sendo um lateral bastante ofensivo. Com a perspetiva de libertar Chiellini para o centro da defesa, poderia ponderar-se a contratação de um lateral esquerdo, com entrada de caras no onze titular. O colombiano Pablo Armero, lateral muito ofensivo (faz todo o corredor, o que até poderia encaixar no esquema de três centrais tantas vezes ensaiado) e já conhecedor do futebol italiano, poderia ser uma opção acertada. De outros campeonatos, Christian Fuchs ou Leighton Baines seriam boas escolhas.
Defesa central: A dupla da temporada anterior, Bonucci-Barzagli, dá garantias, ou não tivesse sido a defesa menos batida da europa (golos por jogo). Libertar Chiellini da lateral esquerda, no entanto, pode ameaçar a dupla titular e desfazê-la. Há ainda o experiente Lúcio, que deverá ter dificuldades para se impor (começou com o pé esquerdo), mas que será uma opção de banco de luxo. Cáceres também pode dar uma perninha. Médio Centro: O trio de meio campo foi fulcral no êxito da equipa na temporada passada e, também por isso, será complicado que se desfaça. Pirlo, Vidal e Marchisio, três dos melhores médios que a Europa pôde ver jogar ao longo da temporada passada (absolutamente fundamentais na manobra da equipa e decisivos, com inúmeros golos e assistências com a sua assinatura). Mesmo cientes disso, os responsáveis do clube italiano não hesitaram em investir fortemente no reforço deste sector: o francês Pogba deixou Ferguson zangado e chegou a custo zero (com 19 anos é uma das maiores promessas do futebol europeu). O ganês Kwadwo Asamoah, 23 anos, é um guerreiro de quase 10 milhões de euros. Maurício Isla, chileno de 24 anos, (é uma das posições onde pode ser opção) custou ligeiramente mais do isso. Luca Marrone, internacional sub 21 à espera de “explodir”, e Michele Pazienza terão que lutar para jogar (e até para garantir lugar no plantel). A Felipe Melo nem a grande época ao serviço do campeão Galatasaray lhe tira o rótulo de patinho feio e vai ser colocado noutro clube.
Médio ofensivo: do trio titular, nenhum deles é, declaradamente, um médio ofensivo. Aliás, falta no plantel um “dez” típico (Asamoah é o elemento mais parecido), capaz de jogar mais perto dos homens da frente e que possa dar a António Conte alternativas táticas para a equipa (Giaccherini será, provavelmente, quem mais se aproxima disso). Aproveitando a “debandada” no plantel do Málaga, o espanhol Isco (20 anos), seria uma ótima opção, aumentando ainda o leque de opções para as alas. Belhanda (22 anos), Gaston Ramirez (21 anos) ou James Rodriguez (21 anos), seriam outros nomes a ter em conta.
Alas: Os internacionais por Itália Simone Pepe (28 anos) e Giaccherini (27 anos) são as opções para a direita, às quais se junta o polivalente Isla (até poderá ser o dono do lugar). Sem Del Piero e Estigarribia, a esquerda deverá continuar a contar com o “descaído” Vucinic (28 anos) que, agora, terá a concorrência de um regressado e renascido Giovinco (25 anos). Simone Padoin parece pouco acrescentar à equipa. Isco, a ser escolhido, seria também uma boa opção para o lugar.
Avançado: O internacional italiano Alessandro Matri (27 anos) é a melhor opção entre as disponíveis, mas terá que mostrar mais do que os dez golos (em trinta e um jogos) da temporada passada. Números pouco impressionantes e que poderão motivar o investimento num elemento capaz de atingir outros patamares e que permitiria à equipa encurtar distâncias para os poderosos Real Madrid e Barcelona. Nesse sentido, Robin van Persie (29 anos) tem sido apontado ao campeão italiano com alguma insistência (existem declarações atribuídas ao seu representante que dão como certo o acordodo jogador com a equipa italiana) e seria um reforço de peso (no mínimo, duplicaria os números de Matri). Jovetic, Dzeko e Suarez têm sido outros nomes falados aos quais poderíamos juntar Cavani e Lewandowski. Vucinic, ocupado com o lado esquerdo, será opção a espaços. Quagliarella (29 anos) completa o leque de opções. Resumidamente, três seriam os reforços necessários.

Pequenos ajustes que visam, sobretudo, melhorar a performance ofensiva da equipa. Quais as posições que a Juve precisaria de reforçar? E com que jogadores? Será a Serie A 2012/13 um “passeio” para a Vecchia Signora? E na Europa, a que objetivos pode aspirar esta equipa? Conseguirá a Juventus voltar a ser a equipa dominadora dos anos 90 a nível europeu (o melhor conjunto dessa década)? Qual o melhor jogador deste plantel?

Ricardo Martins

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