Um Benfica superior é derrotado em casa pelo Chelsea e complica o apuramento para as meias-finais; Encarnados desperdiçaram várias oportunidades claras de golo, dominaram, mas um Torres ao seu nível e os erros de Jesus nas substituições acabaram por falsear o resultado

Benfica 0-1 Chelsea (Kalou 75´)

Os encarnados terão que ir a Londres derrotar o Chelsea, para uma presença nas meias finais, depois de uma 1ª mão com um resultado enganador. O Benfica foi superior aos londrinos, teve uma fase de grande pressão no 2º tempo, contudo, as substituições de Jorge Jesus, juntando às boas exibições de David Luiz, Ramires e Fernando Torres contribuíram para o 0-1 final.

O encontro teve um início equilibrado e lento, mas cedo o Benfica tentou chegar à baliza de Petr Cech. Cardozo cabeceou duas vezes com perigo, mas foi num lançamento de Bruno César, que o paraguaio desperdiçou a melhor ocasião dos primeiros 45 minutos (domínio de peito, mas remate desastrado). Bruno César ainda tentou visar a baliza do Chelsea, que respondeu com dois remates desenquadrados de Torres e um remate com selo de golo de Meireles, mas que Artur defendeu para canto.

O início da 2ª parte foi demolidor por parte do Benfica, com grande pressão sobre a defensiva do Chelsea, mas sem o devido retorno em termos de finalização. As oportunidades de golo sucederam-se com destaque para Cardozo, que rematou com força para corte de David Luiz sobre a linha de golo. Bruno César voltou a testar novamente a atenção de Petr Cech, com dois remates enquadrados com a baliza, enquanto que o Chelsea respondeu num cabeceamento de Kalou em excelente posição para fazer golo. Nesta fase, o Benfica esteve bastante rematador, contudo, foi Mata a falhar a melhor ocasião da partida. O espanhol surgiu isolado, fintou Artur, mas depois rematou ao poste. Jardel ainda cabeceou para grande defesa de Petr Cech, momentos antes de Jorge Jesus colocar em campo Matic e Rodrigo. Numa altura em que o Chelsea não pressionava muito o meio campo encarnado, o treinador português decidiu reforçar a zona central desse sector, tirando do campo Aimar e Bruno César (que até estava a jogar bem). Pouco tempo depois, o Chelsea chegou mesmo ao golo. Ramires ganhou uma bola perto da sua área, correu para o ataque, serviu Torres (que se desfez de Jardel), que cruzou para o desvio certeiro de Kalou (Emerson, Javi Garcia e Jardel poderiam ter cometido falta em qualquer dos momentos do lance, mas falharam nesse propósito, o que se revelou fatal). Até final, o Benfica tentou chegar ao empate, mas foi Mata a falhar o 0-2, que poderia ter colocado o ponto final na eliminatória.

Destaques:

Benfica - Pode ainda resolver a eliminatória em Londres, mas caso não o faça vai ficar sempre aquele sentimento que os encarnados desperdiçaram uma oportunidade única de estar entre as 4 melhores equipas do Mundo, algo que contexto actual seria épico (como referimos na antevisão). Este Chelsea não é nenhum "papão", está numa má fase em termos futebolísticos e anímicos e está perfeitamente ao alcance do clube da Luz (ou estava, caso os encarnados não tivessem cometido alguns erros neste encontro).

Jorge Jesus - Demonstrou demasiado respeito pelo Chelsea e foi um dos principais responsáveis pela derrota. A insistência em Emerson voltou a ter consequências, mas foi a substituição de Bruno César por Matic numa fase em que o domínio da partida pertencia aos encarnados (o Chelsea nem sequer ameaçava a baliza de Artur) o principal e decisivo erro do técnico encarnado. Tendo em conta que o clube da Luz jogava em casa, foi uma dupla substituição absurda, que bloqueou o Benfica e o que é certo, é que logo a seguir o clube da Luz sofreu o golo, com Jesus a retirar Javi e voltar à estratégia inicial, já tarde demais.

Gaitán - O argentino foi o elemento mais desequilibrador do Benfica, esteve bastante irrequieto, assinando diversas iniciativas individuais. No entanto, em certas fases do encontro demonstrou estar mais preocupado em mostrar-se aos ingleses do que em trabalhar em prol do colectivo (exagerou nas fintas, nem sempre dando a melhor sequência às jogadas).

Emerson/Jardel - Foram os elos mais fracos do Benfica. O lateral esquerdo foi constantemente ultrapassado por Ramires; enquanto que o central errou de maneira decisiva no golo do Chelsea, ao não conseguir travar Torres.

Cardozo - Exibição muito negativa. Não conseguiu fazer o seu papel, que é marcar golos e falhou algumas das melhores oportunidades do Benfica. Uma em que seguia isolado, e duas de cabeça quando saltou praticamente sem oposição.

Bruno César/Witsel - O Chuta-Chuta foi crescendo com o decorrer da partida, e estava a ser mesmo uma das unidades mais activas do Benfica (falhou ao nível do remate, mas a sua saída acabou por surpreender); já o belga não fez uma exibição particularmente feliz, cumpriu defensivamente mas em termos ofensivos aproveitou mal o espaço que dispôs.

Javi/Maxi - Exibição esforçada dos dois jogadores. O trinco teve de ter especial cuidado no auxílio aos centrais e no apoio a Emerson (tarefa em que falhou). Já o lateral, tendo pela frente Kalou, não arriscou demasiado e realizou uma exibição segura, mas sem rasgo.

Torres - Excelente exibição de um dos jogadores que, quanto a nós, a 100% em termos físicos e de confiança é um dos 10 melhores do mundo. Deu muito trabalho aos centrais encarnados (ganhando bolas pelo ar ou em antecipação), pressionou bastante, assinou jogadas de qualidade (como a que deixou 4 jogadores para trás e rematou por cima) e, principalmente, quando arrancou pela linha e fez a assistência para Kalou.

Ramires/D.Luiz - No regresso à Luz, os dois brasileiros actuaram a um nível altíssimo. O primeiro fez o que quis de Emerson e teve a importância habitual no meio campo. Já o central limpou toda a sua zona, quer pelo ar quer pelo chão, assumindo igualmente a saída de bola. Dividiram o estatuto de MVP desta partida.

Chelsea - Sem fazer muito por isso, os britânicos estão em posição bastante favorável na eliminatória. Vieram à Luz com uma estratégia pouco ambiciosa, à procura de um erro adversário que pudesse dar vantagem, e foi isso que aconteceu. Em termos defensivos, boa atitude da turma de Di Matteo, que manteve a organização e o bloco compacto. Mata não esteve particularmente inspirado e ainda falhou a melhor oportunidade do jogo; Cech voltou a demonstrar que aquele rótulo de "já não ser o mesmo desde a lesão", deixou de fazer sentido e protagonizou defesas de bom nível; Mikel e P. Ferreira foram competentes nas suas acções.

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