Fabrizio Miccoli - O bombardeiro italiano que ajudou o Benfica a eliminar o Liverpool da Liga dos Campeões

A menos de uma semana do embate milionário do S.L. Benfica diante dos também milionários Chelsea, o Visão de Mercado recorda, a par de Simão Sabrosa, o último herói encarnado num embate frente a ingleses: Fabrizio Miccoli. A Série A é a trintona que ainda tem algo para oferecer. O cimento de San Siro ou do Olímpico de Turim está mais que oxidado, mas mantém a beleza. As fachadas de todos os outros recintos estão preenchidas por graffitis, os relvados parece que foram atravessados por cargueiros gigantescos e, de repente, um golaço. Rasgando o silêncio que pintava as bancadas, por cima das grades metálicas mastigadas pelo tempo e que sofrem com o desdém de adeptos travessos, eleva-se um grupo de bons homens. Futebolistas pelos quais vale a pena comprar o jornal desportivo na segunda-feira vindoura. Um deles é Fabrizio Miccoli. O tempo de Miccoli já passou, e por muito que insista em relembrar Prandelli da sua utilidade, já nos custa imaginar o 'pequeno bombardeiro' como um jogador de sucesso. Demasiado regateiro, demasiado acomodado à vida pacífica de Palermo. Demasiado gordo. Miccoli teve os seus momentos há uns anos atrás, mas já não vai chegar. Pelo menos assim parece. Não obstante, este seu ano de Série A está a ser bastante produtivo e merece a referência. Com 11 golos e 12 passes para, o Maradona de Salento chama a si as luzes da ribalta. Miccoli mantém-se o mesmo que se mostrou por cá: joga nas segundas linhas, sempre à espreita de bolas perdidas, com aquela peculiar forma de guardar a bola debaixo do seu metro e sessenta de artista de rua. Recebe e volta a filtrá-la por entre a defesa rival. Em Palermo é sempre o gordo. De vez em quando, Maradoninha surge na ressaca de uma jogada de ataque e solta um remate envenenado. Mas a onda dele sempre foi a imaginação. Ainda para mais num Palermo completamente sem a identidade de anos recentes, Miccoli voltou a reencontrar-se com o seu ritmo. É o motor da equipa e pelo momento mereceria, porventura, um telefonema do selecionador italiano.

Na semana passada reafirmou o seu amor a Palermo. Participou na inauguração de um centro comercial cujo dono é o presidente do seu clube. Foi visto a passear-se por entre o evento citado como se estivesse em casa. Temos as nossas dúvidas de que os habitantes de Palermo necessitem de um novo centro comercial, mas de Miccoli precisam como o imperativo hábito de comer. Para adoçar o primeiro café de segunda-feira, já se sabe.

Que memórias guarda de Miccoli? Quem poderá ser o "herói" do Benfica frente ao Chelsea? Conseguirá o clube da Luz eliminar os Blues e repetir 2005-2006, quando atirou para fora da prova o Liverpool, na altura detentor do título da Liga dos Campeões, com um golo semi-bicicleta do pequeno bombardeiro italiano (ver aqui)?

A. Borges

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