Linsanity: Nova Iorque e ascendência chinesa potenciaram todo este "Hype"

Um verdadeiro fenómeno - a melhor expressão para descrever o que Jeremy Lin foi ao longo destas últimas três semanas. Quem diria que um jogador que não conseguiu nenhuma bolsa de estudos desportiva para jogar basquetebol na faculdade, que não foi escolhido no draft da NBA e que ao fim de uma época estava sem equipa conseguiria, de um momento para o outro, colocar jornais como o USA Today ou o Los Angeles Times a dizer que o jovem americano merecia ir ao jogo All-Star, ao lado de Wade, Rose e LeBron? De facto, não é nada fácil explicar a ascensão de um jogador que andou perdido entre o fundo do banco de suplentes dos Warriors e a D-League. A verdade é que o primeiro jogador americano com ascendência chinesa ou taiwanesa a jogar na NBA conseguiu pegar nos Knicks, que tinham Carmelo Anthony e Amare Stoudemire indisponíveis e estavam a jogar a um nível baixíssimo, e guiá-los a 7 vitórias consecutivas, 6 enquanto titular. O jovem formado em Harvard conseguiu bater recordes dos dois lados: tornou-se tanto no primeiro jogador da história a conseguir pelo menos 20 pontos e 7 assistências em cada um dos seus primeiros 5 jogos a titular, mas os seus 45 turnovers foram o maior número de bolas perdidas de sempre ao fim de 7 compromissos a liderar a equipa.

Depois de três semanas loucas, o hype por Lin atingiu novas proporções e até foi criado um movimento - Linsanity - começado por Metta World Peace, quando este correu em frente a repórteres a gritar "Linsanity! Linsanity!", depois de o jovem base ter marcado o triplo da vitória frente aos Toronto Raptors. A grande questão é se a grande forma de Lin vai continuar. No dia 4 de Fevereiro, data da sua estreia a titular frente aos Nets, era um perfeito desconhecido e ninguém o conhecia a ele nem às suas capacidades. No seu mais recente jogo, frente aos Miami Heat, foi completando anulado, tendo sido limitado a apenas 8 pontos e 3 assistências. A grande diferença foi que os treinadores dos Heat já conseguiram notar padrões, já tiveram vídeo suficiente para poderem preparar convenientemente a sua defesa frente a Lin. É com mérito que consegue vários jogos seguidos a jogar bem, mas a verdade é que o facto de representar os New York Knicks também contribui para o aumento de todo o falatório e, é possível argumentar, para a sua sobrevalorização. Porque não falar-se de Isaiah Thomas dos Sacramento Kings? O jovem base também encarrilhou uma série de excelentes exibições onde demonstrou toda a sua velocidade e visão de jogo. A questão é que contra ele está o facto de não jogar no Madison Square Garden com Spike Lee a assistir e de não poder substituir Yao Ming como o novo "asiático" da NBA. Se Jeremy Lin veio para ficar só o tempo o dirá (e após a paragem para o All-Star e o consequente abrandamento de Lin e maior preparação de todas as equipas), mas é, sem dúvida alguma, exagerado considerar-se que Lin merecia ter estado presente na equipa do Este domingo à noite.

Contudo, quem beneficia com tudo isto são os New York Knicks, que se têm fortalecido com o passar do tempo. Com os regressos de Carmelo e Stoudemire têm as suas estrelas de volta, às quais juntam um back-court invejável, agora reforçado com JR Smith: Toney Douglas, o primeiro titular, Iman Shumpert, um jogador muitas vezes presente no 5 inicial, Baron Davis, o suposto titular no início da temporada, e agora Jeremy Lin. É assim visível profundidade e muita capacidade ofensiva na equipa de Mike D'Antoni, que vai beneficiando muito com todo o hype à volta da Linsanity. Jeremy Lin vale tanto como é anunciado? A sua boa forma vai acabar agora que as equipas já conhecem as suas características? Como se explica que só agora tenha despontado? O facto de jogar em Nova Iorque e ter ascendência asiática sobrevalorizam-no? Que podemos esperar no futuro do jovem dos Knicks?

P. Pinto

Etiquetas: