FC Porto: O maior orçamento da história do futebol português depois do "falhanço" na Liga dos Campeões continua a dar pontapés no vazio e com o desaire frente ao Gil Vicente arrisca-se a acabar o ano apenas com uma Supertaça

Se o actual momento do F.C. Porto tivesse uma adaptação cinematográfica animada, certamente que não andaria longe de produções como 'Balbúrdia na Quinta'. Se o actual momento do F.C. Porto fosse um jogo de xadrez, poderia dizer-se que as peças estão espalhadas 'sem rei nem roque' pelo tabuleiro. Não é necessário viajar mais longe que o mercado de transferências que agora finda: as chegadas de Lucho González e Marc Janko foram um bálsamo para a generalidade dos adeptos afectos ao F.C. Porto. Para o adepto comum, isto é o suficiente para abafar a situação problemática em que se encontra a casa azul e branca. Poderá argumentar-se que o futebol do argentino transformará a autêntica pedreira que é o meio-campo portista, salivante de ideias que não chegam com o elenco atual. Poderá ser fácil a conclusão de que Janko trará os golos que Kléber não tem amealhado pois, e não dando importância a certos estudiosos do jogo, o F.C. Porto não precisa de alguém superior a Kléber no 'jogo sujo e de sapa' que ele tão bem faz: correr é fácil, saber correr já se eleva a ciência desportiva. Tudo isto para chegar a um ponto, como se ele só pudesse ser compreendido nas entrelinhas: estas movimentações de mercado não passam de areia que a estrutura dirigente portista atira para os olhos dos seus seguidores. Os nomes são de peso, mas não escondem a desarrumação de um plantel mal planeado. Não escondem a fraqueza que o seu líder demonstra: em tempos idos, Pinto da Costa já teria tomado uma posição perante o paupérrimo desempenho da equipa. E não seria com a chegada de um contentor de jogadores novos. Mais que resultados, exibições. O F.C. Porto não tem histórico de tantos reforços no mercado invernal. É mais confortável para Pinto da Costa encher capas de jornais e alimentar o sonho dos adeptos com jogadores retornados e afamados, que admitir o erro na sua aposta pessoal em Vítor Pereira, um treinador que não tem sabido podar e fazer crescer o seu pomar, como são prova os valores e negócios que envolveram as transferências de Guarín e Bellushi, outrora fundamentais numa das páginas mais brilhantes do clube. Mais: a ambição que o clube demonstra ter nas competições europeias roça a nula. Por esta altura, colocar Kléber na linha da frente diante do Manchester City, é a mesma coisa que esperar que uma mosca fira um elefante. O cenário atual é apenas mais um pedra pesada num saco que Vítor Pereira ameaça não conseguir transportar, depois de já ter ficado cheio com os (para já) tiros nos pés que foram alguns dos reforços da equipa. O F.C. Porto é uma equipa enorme, mas dar-se ao luxo de deixar um jogador que custou 12 milhões (Alex Sandro) no banco, também não ganha sinal de aprovação nas grandes capitais do futebol, onde o risco do erro é compensado por um maior desafogo financeiro. Não se lhe apontaria o dedo ao F.C. Porto se esta nova abordagem e forma de estar colhesse os seus frutos: apesar de todas as condicionantes do início de época, praticar um futebol que não convence e arriscar-se a vencer apenas a Supertaça, é curto para o maior orçamento da história dos dragões. Não se pretende aqui esmorecer as hostes, esperançosas de um grande triunfo europeu, mas o VM sempre primou por uma visão alargada e distinta dos acontecimentos, e é assim que vai continuar a ser. Como se explica esta época portista até ao momento? Terá sido a contratação de Lucho apenas uma maneira de escamotear o enorme falhanço que tem sido a temporada 2011-12? Terá sido o investimento (o maior de sempre) efectuado com pouco rigor (Alex Sandro demasiado caro para o imediato e ausência de mais uma solução ofensiva)? Quais os principais responsáveis pelo descalabro portista?

A.Borges

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