Bundesliga: Um caso de sucesso

Dada a época em que nos encontramos, o VM decidiu abordar a sustentabilidade dos principais campeonatos europeus, iniciando pela Bundesliga. Foi efectuada uma pesquisa, relacionada com a presente época, sobre quais são os principais patrocinadores dos dezoito clubes que constituem a primeira divisão alemã, bem como da assistência média em cada jogo e respectiva taxa de ocupação. Gostando-se ou não do estilo por vezes frio dos alemães, o seu campeonato nacional de futebol é um sucesso dentro e fora das quatro linhas.

Clube
Patrocinador
Assist. média (Taxa ocup.)
Clube
Patrocinador
Assist. média (Taxa ocup.)
Bayern
Allianz / Telekom
69.000 (98,71%)
Colónia
REWE
46.244 (92,49%)
B. Dortmund
Evonik
80.365 (98,89%)
Hertha BSC
DB
53.221 (69,80%)
Schalke 04
Gazprom
61.068 (99,02%)
Wolfsburgo
Volkswagen
28.020 (93,02%)
B. M'gladbach
Postbank / Kyocera
50.582 (93,55%)
Hamburgo
Fly Emirates
51.445 (90,25%)
W. Bremen
Targo Bank
40.769 (94,62%)
Mainz
Entega
33.126 (94,64%)
B. Leverkusen
Sun Power / Bayer
29.304 (97,0%)
Nuremberga
Areva
39.835 (82,04%)
Hannover 96
TUI
45.748 (91,58%)
Kaiserslautern
Allgauer
42.004 (84,01%)
Estugarda
Gazi / Mercedes-Benz
57.047 (93,52%)
Augsburgo
Al-Ko-Impuls
30.159 (98,36%)
Hoffenheim
Suntech
28.750 (95,31%)
Friburgo
Ehrmann / Badenova
22267 (89,07%)

O que mais impressiona no futebol alemão é a taxa de ocupação dos seus estádios, a mais elevada da Europa, com 91,99%. Apenas quatro clubes (Hertha, Nuremberga, Kaiserslautern e Friburgo) têm uma ocupação inferior a 90%. Um aspecto curioso salta logo à vista, o facto do clube com pior taxa ser exactamente o clube da capital. Referência também ao Hoffenheim, que mesmo sendo de uma pequena cidade chamada Sinsheim, de apenas 35.517 habitantes, consegue ter 28.750 pessoas por jogo, no seu estádio.
A industria alemã acompanha também a sua população no apoio ao futebol. A maior parte dos patrocinadores são companhias com sede no próprio país, algumas das quais líderes mundiais nos seus produtos. Estão presentes a industria automóvel (Volkswagen, Audi, Mercedes-Benz detém os naming rights do estádio do Estugarda), sendo acompanhadas pela farmacêutica Bayer e pela química Evonik. Existe também um grande número de empresas na área das energias renováveis e de novas tecnologias que dão o seu contributo (Sun Power, Suntech, Areva, Kyocera, entre outras). Bancos e industria alimentar não deixam também de fazer parte.

Posto isto, podemos concluir que a Bundesliga faz "girar" todo o país. A grande maioria dos jogadores são alemães, as empresas investem nos seus clubes, a população vai aos estádios (a maioria com excelentes condições), existe sempre um grande ambiente e os resultados a nível europeu são bons, o que é comprovado pelo terceiro lugar no ranking da Uefa. Os próprios clubes não cometem "loucuras", exceptuando o Bayern, o clube mais gastador, que por vezes faz uma contratação mais cara, mas mesmo aí, muitas vezes fá-la a um clube....alemão (Manuel Neuer, Mario Gomez, entre outros). O mercado médio tem também poderio financeiro, o que permite a clubes como o Colónia ter Lukas Podolski ou ao Hoffenheim contar com Ryan Babel.
Tudo isto tem possibilitado o aparecimento de inúmeros jogadores de grande qualidade, aos já sobejamente conhecidos Ozil, Thomas Muller, Manuel Neuer, podemos acrescentar Marcel Schmelzer, Mats Hummels, Schurrle, numa lista infindável. Quem sai extremamente beneficiada com esta situação é a selecção nacional germânica, com soluções para todas as posições.

Serão muito poucos os países com a capacidade financeira da Alemanha, que consigam pôr em prática um "ciclo" do género, mas não deixa de ser de louvar o que está a ser feito.

Será a Bundesliga um exemplo a seguir ? Como explica o facto do Hertha de Berlim, o único clube da capital na primeira divisão ser o clube com pior taxa de ocupação? O que leva as pessoas a irem aos estádios na Alemanha? As condições dos mesmos, o futebol praticado ou o poder económico?

A. Carvalho

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