Terminou um grande campeonato do mundo que certamente irá
deixar saudades a todos os que tiveram a oportunidade e o prazer de acompanhar
ao longo do último mês e meio, com a Nova Zelândia a ser consagrada campeã do
Mundo, no seu próprio reduto como grande parte dos adeptos de rugby esperavam.
O que certamente não se esperava era as dificuldades que atravessariam os All
Blacks para ultrapassar a França que desde cedo entrou determinada em mostrar
que esta final não eram favas contadas como muitos especulavam, algo que ficou
bem patente na forma como Les Bleus responderam ao arrepiante haka antes do
inicio da partida, enfrentando os neozelandeses olhos nos olhos, como iriam
tentar fazer dentro das quatro linhas. Havia motivos para isso, jogava-se o
jogo de uma vida! Para a história fica então o segundo título mundial da Nova
Zelândia, após um campeonato em que foram os justos vencedores. A Austrália
completa o pódio após ter batido Gales no jogo de atribuição do 3º e 4º lugar.
Final - Nova Zelândia vs França
Vinte e quatro anos depois, a maior potência mundial de
rugby voltou a atingir o céu e a colocar-se no patamar mais elevado que se pode
atingir desportivamente, tanto a nível coletivo como individual. Após os
falhanços nos últimos campeonatos do mundo, onde entravam sempre como grandes
favoritos a levar a Webb Ellis para casa, e acabavam por ser eliminados, os All
Blacks viram-se este ano completamente proibidos de falhar tal objectivo. O
único resultado admitido pelos seus adeptos e comunicação social era a vitória
de maneira a que o troféu ficasse em casa. Foi precisamente isso que aconteceu,
os anfitriões venceram a sua besta negra do passado por um apertado 8-7 e
brindaram assim os seus adeptos com uma vitória numa partida com emoção até ao
fim e com um herói bastante improvável, Stephen Donald, abertura suplente que
não tinha sequer realizado uma única partida, nem um único minuto neste RWC,
mas que teve que entrar ainda antes do descanso para substituir o lesionado
Aaron Cruden e colocar assim o seu nome na história desta conquista.
Após Piri Weepu ter desperdiçado 8 pontos, os neozelandeses
venciam apenas por 5, devido ao ensaio cedo concretizado pelo pilar Tony
Woodcock, vantagem que viria a ser aumentada três preciosos pontos, após a
penalidade convertida ao minuto 46 pelo estreante Donald, que na altura de
assumir as responsabilidades de colocar a bola no meio dos postes não tremeu e
aumentou assim a vantagem dos neozelandeses, fixando o resultado em 8-0.
Pensava-se então que os All Blacks iriam embalar para uma
vitória mais folgada, mas não foi nada disso que aconteceu, pois após Donald
ter aumentado a vantagem, a França reduziu através do ensaio de Thierry
Dusautoir convertido por François Trinh-Duc com o resultado a fixar-se num
emocionante 8-7, que já não se alteraria até final. A partir de ai, França tomou
o controlo do jogo, ou pelo menos da iniciativa atacante com constantes pontapés
para as costas da defensiva black e pressão alta na busca pelo ensaio ou uma
falta. Foi nesta fase da partida que a Nova Zelândia mostrou o porquê de serem
os melhores, pois aguentaram a pressão com poderosas placagens, espírito de
equipa e de sacrifício e não deixaram fugir a vitória para êxtase de todos os
presentes no Eden Park. O facto de os neozelandeses não terem consentido
nenhuma penalidade na fase final da partida, após várias tentativas, demonstra
bem o nível mental que esta equipa tem, pois imagine-se como estaria o coração
daqueles homens, com a hipótese de perderam esta final perante todo o seu país.
Os All Blacks são assim os novos campeões do mundo sucedendo a África do Sul. A
vitória é totalmente justa.
3º e 4º lugar – Austrália vs País de Gales
A Austrália venceu o País de Gales na partida que decidiria
quem ocuparia o último lugar no pódio por 21-18, após uma partida interessante
de se seguir. A Austrália apresentou-se com uma equipa bastante remodelada e
menos abatida com a derrota que a afastou da decisiva final do que os seus
rivais galeses que por diversas vezes falharam no jogo à mão e cometeram
algumas faltas. Berrick Barnes foi decisivo do lado dos australianos pois
esteve bastante acertado no jogo ao pé e foi decisivo nesta vitória. Os
Wallabies vão para casa com o bronze, enquanto os galeses levam a menção
honrosa por terem sido a equipa que mais adeptos de rugby conquistou pelo mundo
fora durante o último mês e meio.
Durante estes últimos tempos assistimos a rugby ao mais alto
nível, pena os horários serem tão diferentes ou em Portugal poderia ter-se dado
mais uma vez a febre do rugby como em 2007. Este campeonato merece de facto
destaque pelo magnífico espectáculo que proporcionou a todos, dentro e fora das
quatro linhas, pois viveram-se dias de grande fair-play, bom ambiente, sem
qualquer tipo de distúrbios e a famosa “terceira” parte, ou seja, o convívio, após
a partida, que voltou a dar mais uma vez um grande exemplo a outros desportos. Destaque
ainda para a performance das seleções mais “fracas”, que evoluíram bastante em
relação ao último mundial e conseguiram sair de cabeça erguida. São esses os
casos da Geórgia, Samoa, Canadá e especialmente de Tonga que conseguiu bater a
França, que foi finalista vencida. Por outro lado e com uma nota de grande
destaque positivo, a participação do País de Gales e dos seu grandes guerreiros
que caíram na meia-final de forma bastante inglória. De seguida deixamos o
melhor quinze do mundial, na nossa opinião, e agradecemos a todos aqueles que contribuíram
de forma positiva durante a competição e ajudaram a desenvolver o nosso projecto
em mais uma etapa desportiva.
15 ideal: 1- Tony Woodcock (NZ) 2- H.Bennet (WAL) 3- Getin
Jenkins (WAL) 4- Alun.W.Jones (WAL) 5- James Orwel (AUS) 6- Jerome Kaino (NZ)
7- D.Pocock (AUS) 8- Faletaw (WAL) 9- Piri Weepu (NZ) 10- Morgan Parra (FRA)
11- George North (WAL) 12- Tuilagi (ENG) 13- Richard Kahui (NZ) 14- Vincent
Clerc (FRA) 15- Israel Dagg (NZ)
Melhor jogador: Jerome Kaino (NZ)
Balanço da competição? Qual o melhor quinze e melhor
jogador?
Francisco Paiva