Guimarães: estará o castelo a ruir?

Há muita coisa a correr mal em Guimarães. Alinhavada para capital europeia da cultura em 2012, o entretenimento não tem sido um dos pratos principais servidos no D. Afonso Henriques. Há matéria-prima para inverter a situação? Há. Talvez até em demasia. Talvez a qualidade existente necessite de ser reconfigurada, ajustada. O plantel é rico, fruto da elevada facturação da última época. A título de exemplo, o clube transferiu Bebé para o Manchester United pela inacreditável soma superior a 5 milhões de euros. O que dificulta a compreensão quando se denota, agora, um abismal aumento do passivo da instituição. Contas de outro rosário. O que está a falhar neste Guimarães? Os nomes são sonantes (recorde-se Nuno Assis e Pedro Mendes), mas as limitações na velocidade emprestada ao jogo pelos seus intérpretes deixa um bocado a desejar. Adoua ou Olímpio emprestam pujança física, são possantes, mas dinamizam pouco o jogo vitoriano. As peças são valiosas, mas dá a impressão que não jogam sob uma estratégia montada colectivamente. É por aí que passa o grande desafio do Guimarães: unir as pontas soltas. Faouzi e Targino são bons jogadores, óptimos na altura de criar desiquilíbrios quando a isso o jogo obriga. Mas do Guimarães quer-se que se aproxime do comportamento de um grande, não pode viver de lampejos. Parece que neste Guimarães, cada um tem a preocupação de cumprir e fazer o seu, deixando um pouco de parte a dimensão colectiva que sempre foi imagem de marca do bastião que é aquele estádio. Edgar é um ponta-de-lança de números, mas que limita (e muito), as variantes e soluções da equipa na hora de empurrar a bola para o fundo das redes. Escreve-se e diz-se, à boca pequena, que o plantel sofrerá um emagrecimento em Janeiro. Não sei se será o que procura Rui Vitória, mas a quadra natalícia tem esse efeito. Pelo menos mental. Um milagre ajuda, quando, de forma inacreditável, se está na última posição de uma tabela que compreende clubes com possibilidades financeiras bem menores às do Guimarães. Em suma, um plantel com nível para ficar nos 4 primeiros lugares está neste momento na última posição da tabela classificativa.

A. Borges

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