Sporting: O peso de uma eleição

A polémica que ocorreu no passado Sábado reflecte a instabilidade que se vive em Alvalade, claramente motivada pelos maus resultados desportivos e por uma decálage cada vez mais evidente em relação a Benfica e Porto. Luís Godinho Lopes, o novo presidente do Sporting, eleito com uma vantagem mínima, tem pela frente uma árdua tarefa: não só recolocar o clube leonino na rota dos títulos, como também conseguir mobilizar os sócios no apoio à equipa.

A demissão de José Eduardo Bettencourt, o pior presidente do Sporting, eleito com 90% dos votos, surgiu na sequência de mais uma época onde o clube leonino ficou longe dos objectivos pré-estabelecidos. A opinião unânime de que este era um momento chave na história do clube fez com que 6 candidatos se propusessem a reabilitar o Sporting. O até então desconhecido Bruno de Carvalho, com um projecto para cumprir a longo prazo e com um discurso envolvente, assumiu-se como a candidatura da ruptura com o passado, conseguindo cativar grande parte dos sócios verde e brancos. Do outro lado, com o rótulo da continuidade imposto pelos seus oponentes, Godinho Lopes, apostou em nomes fortes e em velhas glórias do clube de Alvalade. Os estatutos do clube leonino previam (antes das eleições já era conhecido) que os sócios mais antigos tivessem direito a mais votos. E, devido a esse facto, Godinho, ao que tudo indica com o apoio dos sócios mais velhos, levou de vencida Bruno de Carvalho, que teve mais votantes mas não mais votos.

As afirmações da imprensa, dando Bruno de Carvalho como vencedor, originaram situações nada dignificantes para o clube de Alvalade, levando mesmo a que o novo presidente não conseguisse discursar perante os seus próprios adeptos. A tentativa de impugnação das eleições pelo candidato Bruno de Carvalho, são igualmente penalizadoras para um clube que procura estabilidade não só para iniciar a próxima época em força como também para garantir o terceiro posto na presente temporada Contudo, parece óbvio que seria mais benéfico para o Sporting se BdC saísse de cena por agora, deixando Godinho mostrar trabalho, que caso não seja positivo certamente terá a cobrança por parte do próprio e dos adeptos leoninos. Recordamos que apenas daqui a 3 meses poderá haver novas eleições, e a preparação da próxima época ficaria desde logo hipotecada, se a dita imupugnação avançar.

Considerando que os sócios leoninos não parecem acertar muito no que diz respeito às eleições, se JEB com 90% foi o pior presidente de sempre, será que Godinho com a menor margem da história irá ser o melhor dirigente de sempre do Sporting? Terá GL condições para cumprir o seu mandato? O cumprimento das promessas eleitorais serão essenciais para que tenha sucesso? Consideram que a tentativa de impugnação das eleições por BdC é benéfica para o Sporting, mesmo condicionando gravemente a preparação da próxima época? E, por último, este processo eleitoral demonstrou que BdC será num futuro próximo, o presidente do Sporting?

No nosso ponto de vista, é evidente que Godinho tem sobre si uma pressão enorme. A sua vantagem mínima nas eleições poderão obrigá-lo a mostrar serviço rapidamente, provavelmente apresentando 1 ou 2 reforços dentro em breve, para acalmar as hostes. No entanto, se o fizer será criticado por estar a desvalorizar o actual plantel e tirar confiança à equipa que ainda luta pelo 3º lugar. Ou seja, tudo o que o novo presidente do Sporting fizer será motivo de críticas. Apenas com bons resultados na próxima época GL poderá ter os sócios leoninos totalmente do seu lado. Mas, o facto de não ter vencido por larga margem poderão condicionar o seu trabalho? Na verdade, Bettencourt, com a fraca oposição que teve, bastou candidatar-se para chegar a presidente do Sporting, fazendo depois um péssimo trabalho. Pelo contrário, Godinho foi obrigado a apresentar trunfos eleitorais, nomeadamente com os pré-acordos com jogadores que acrescentam qualidade ao actual plantel leonino. Também a construção do pavilhão, eliminação do fosso, pintar as cadeiras de verde, ou a presença de nomes fortes no contexto verde e branco como Manuel Fernandes ou Moniz Pereira são exemplos da campanha que Godinho levou a cabo. Todavia, caso não apresente resultados já na próxima época, será demitido do cargo, cedendo o seu lugar a Bruno de Carvalho, que tem actualmente bastantes bases para no futuro se tornar presidente.

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