Jorge Jesus, o "Agressor com Carta Branca"

Nota introdutória: o Visão de Mercado distancia-se de questões clubísticas nas análises que faz a realidades do futebol nacional e, por isso, é importante deixar bem claro que as situações aqui descriminadas apenas se remetem a factos observados por qualquer espectador do jogo em causa, sendo a análise ao mesmo sempre feita na qualidade de mero adepto de futebol.

O jogo de ontem, do Benfica, trouxe à superfície uma imagem que já esta época tinha subido à tona: o desrespeito e descontrolo excessivo emocional (e físico) do treinador do Benfica no final de um jogo no Estádio da Luz. Imbuído de uma ambição reforçada pelo crescente fervor da nação benfiquista na perseguição ao líder do campeonato - que é plenamente justificado pelo aumento da qualidade das exibições da equipa - o que se passou ontem no final do Benfica - Marítimo é mais uma fotografia a juntar ao álbum "comportamentos impróprios de Jorge Jesus" no epílogo dos jogos da águia em terreno próprio.
As imagens, mostram-nos, novamente, o treinador do Benfica a invadir o centro do relvado em direcção aos jogadores adversários, supostamente com o intuito de lhes pedir explicações mas, com um extra, que não pode passar incólume (embora já tenha acontecido em situações anteriores): Jorge Jesus faz uso da força para esgrimir argumentos com os atletas do emblema madeirense, sendo observável o uso de empurrões e ânimos exaltados para o efeito. Declarações recolhidas posteriormente tentam justificar o sucedido com a "adrenalina e emoção" próprias do fim de uma partida em que o Benfica necessitava desesperadamente dos três pontos para manter a esperança na revalidação do título. Mais: tenta usar o juízo que fez de um lance no anoitecer da contenda (golo anulado ao Benfica, por suposta obstrução de Cardozo a Marcelo), para mostrar que os seus actos irreflectidos e nada condizentes que com a posição que ocupa, são normais.

Esta prepotência e maneira de agir e reagir a todas as adversidades durante os jogos, no final das partidas e nos próprios túneis por parte de Rui Costa e Jorge Jesus - como se fossem os donos do futebol português e com a certeza que são imunes a qualquer tipo de sanção - está a começar a criar contornos de um certo desrespeito por todos os outros clubes da I Liga.

Não será necessário relembrar o episódio passado diante do Nacional (e a falta de punição do mesmo) e, não querendo espicaçar almas benfiquistas mais susceptíveis, é alarmante ver a arrogância e a falta de humildade de Jesus nestas alturas: o mea culpa nunca surge. Será diferente desta vez? Não nos parece. O que se irá suceder, é muito simples: fecha-se os olhos, o cães ladram e continuarão a fazê-lo, e a caravana passa incólume. 

Infelizmente para o futebol português, Jorge Jesus desde que entrou no Benfica parece ter carta branca para bater em jogadores de equipas adversárias, insultar árbitros, gozar com treinadores adversários, pressionar fiscais de linha, entrar dentro do campo, reagir a todas as situações de forma veemente...sem que nada lhe aconteça. Um privilégio, que o próprio Rui Costa usufrui. Em suma, uma panóplia de situações e atitudes que em nada dignificam o seu excelente trabalho ao serviço do clube encarnado especialmente ao nível técnico, mas igualmente em todas as competentes tácticas, físicas e psicológicas do jogo, algo que desde Sven-Goran Eriksson (ou seja há 20 anos) não se via para os lados da Luz com esta qualidade. 

António B.

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